Por Tony Gonçalves (*)
Vivemos um momento de convergência sem precedentes. As fronteiras entre a arte, media e tecnologia, não apenas se dissiparam, como se fundiram numa nova linguagem cultural e económica. Esta fusão está a alterar a forma como criamos e consumimos conteúdo. Mas não só! Igualmente em mutação encontra-se a visão organizacional que se aplica aos modelos de negócio, com o objetivo de aumentar o engagement com a audiência e potenciar o desenvolvimento de talento. Ou seja, para que os setores emergentes cresçam e se transformem de forma sustentável, é urgente adotar estratégias que estimulem esta integração de forma estruturada, ética e inovadora.
A arte, enquanto força expressiva e criativa, sempre foi catalisadora de mudanças sociais e culturais. Os media, por sua vez, têm o poder de escalar estas narrativas e conectá-las a milhões de pessoas. E a tecnologia amplia este alcance ainda mais, rompendo barreiras geográficas, linguísticas e económicas. O ponto de intersecção entre esses três domínios é onde reside o potencial transformador do nosso tempo.
Mas, para transformar potencial em impacto real, precisamos de estratégias claras. É imperativo investir em educação e formação híbrida, não basta formar artistas ou engenheiros separadamente. Precisamos de profissionais fluentes em código e estética, em narrativa e dados. Para a consecução deste desiderato, importa que instituições académicas, incubadoras e empresas colaborem, com vista à criação de currículos integrados que desenvolvam competências criativas e técnicas, em simultâneo. Para tal, cabe aos players incentivar a adoção de ecossistemas colaborativos, pois a inovação não nasce isolada. A criação de hubs que conectem startups de tecnologia com criadores artísticos, estúdios de produção e centros de pesquisa é fundamental. Estes ambientes em parceria podem acelerar ideias, facilitar o acesso a financiamento e gerar produtos culturalmente relevantes e tecnologicamente robustos.
Também a democratização do acesso à criação e distribuição, através de plataformas descentralizadas, inteligência artificial generativa e blockchain, oferece caminhos para que mais criadores tenham autonomia em relação à sua arte, público e remuneração. A desintermediação — quando feita com responsabilidade — é um caminho que direciona para maior inclusão e diversidade. De igual modo, ao reimaginar o papel das grandes companhias, empresas de media e tecnologia, espera-se que estas reajustem o seu paradigma, que não se pode cingir à monetização. Têm o dever e a oportunidade de agir como curadoras, facilitadoras e investidoras em expressões culturais emergentes. O impacto positivo — social e financeiro — resultante do apoio a esta nova geração de criadores é inegável. Por último, medir o sucesso em torno de novos parâmetros, nomeadamente likes e visualizações conta, mas não conta tudo. Precisamos de métricas que considerem valor cultural, interação qualitativa e impacto social. A tecnologia pode, e deve, ajudar a redefinir o que significa “crescimento” num mundo onde a atenção é escassa e a relevância é tudo.
Conectar artes, media e tecnologia é mais do que uma tendência: é uma necessidade estratégica. Os setores que souberem abraçar essa tríade com visão, ética e coragem, mais do que sobreviver ao futuro, vão ter a oportunidade de moldá-lo à medida.
(*) CEO do Evrose Group
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