A entrada da Digi no mercado português, com o lançamento dos serviços de baixo preço em Portugal a 4 de novembro, foi um dos momentos que fez abanar o mercado das telecomunicações e por isso mesmo também esteve entre os principais temas em discussão num encontro de Sandra Maximiano, presidente da ANACOM, com jornalistas.

Considerando que a Digi "não entrou mal no mercado", Sandra Maximiano usa uma figura da estratégia do Xadrez para explicar a estratégia das três operadoras já no mercado, que "atacam com o peão e protegem a rainha", referindo-se ao facto de não terem baixado os preços das ofertas principais e ajustado as propostas das suas marcas low cost, a Amigo, Uzo e Woo, como o SAPO TEK tem acompanhado.

Na visão da presidente da ANACOM, a Digi ainda não é uma verdadeira alternativa, posicionando-se mais como um "segundo operador" para as famílias, até por possivelmente não ter ainda possibilidade de concorrer de forma completa na cobertura e qualidade de serviço. Apesar de admitir que as pessoas podem estar cansadas em relação às ofertas das principais operadoras, podem ter medo de arriscar, o que pode justificar uma baixa adesão até ao momento em relação à nova operadora.

"Acho que ainda não temos uma alternativa ao que as operadoras oferecem no produto 'rainha'", afirma Sandra Maximiano, dizendo que não estão a competir ao mesmo nível.

A responsável pela regulação afirma que a intenção é que a Digi se torne uma alternativa, mas sem criar um país onde existem duas realidades, com áreas onde não existe acesso a preços mais baixos.

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Em relação às barreiras que a empresa romena tem referido, que impediram a entrada em algumas áreas, desde a rede do metropolitano de Lisboa a centros comerciais e alguns municípios, a presidente da ANACOM diz que a entidade reguladora está a acompanhar a situação. No caso do Metropolitano já fez várias reuniões com a empresa e a questão poderá estar ligada a uma limitação técnica, de espaço e segurança, que afeta as linhas mais antigas - no caso a linha azul, verde e amarela - estrando ultrapassada na linha vermelha. Mesmo assim avisa que os prazos que os operadores estão a pedir para resolver a questão e darem acesso à rede, que são de 24 meses, lhe parecem excessivos.

Já quanto à limitação da oferta na TV, onde a Digi não tinha conseguido acordo com a SIC e os canais da Media Livre - CMTV e Now, Sandra Maximiano diz que o problema está resolvido. O SAPO TEK está a tentar confirmar com a Digi se a empresa vai disponibilizar os canais na sua oferta, mas estes ainda não fazem parte do pacote anunciado no site.