A Federal Communications Commission (FCC) designou oficialmente a Huawei e a ZTE como ameaças à segurança nacional. A decisão implica que qualquer empresa de telecomunicações americana não poderá recorrer aos 8,3 mil milhões de dólares do Universal Service Fund (USF) para comprar equipamento da Huawei e da ZTE.

Em comunicado, Ajit Pai, presidente da FCC, afirma que, tendo por base o “esmagador peso das provas” encontradas, ambas as empresas chinesas são um risco para a segurança das comunicações nos Estados Unidos, incluindo no que diz respeito à implementação das redes 5G.

O responsável sublinha que tanto a Huawei como a ZTE têm ligações ao Partido Comunista chinês e às forças militares do país, algo que as obriga a cooperar com os serviços de inteligência chineses.

Recorde-se que novembro de 2019, a FCC já tinha aprovado uma proposta que tinha como objetivo impedir as telecom norte-americanas de usar os fundos USF para adquirir equipamentos das empresas chinesas visadas.

Senado dos EUA aprova substituição de equipamentos da Huawei das redes de telecomunicações do país
Senado dos EUA aprova substituição de equipamentos da Huawei das redes de telecomunicações do país
Ver artigo

Em fevereiro deste ano, chegou a vez de o Senado norte-americano deixar patente a sua posição em relação à presença de equipamentos das fabricantes nas redes de telecomunicação no país através do Secure and Trusted Telecommunications Networks Act.

A mais recente decisão da FCC surge após o Departamento de Defesa dos Estados Unidos ter publicado uma lista de empresas chinesas a operar em solo americano que poderão ter ligações com o exército chinês. A lista inclui a Huawei, a Hangzhou Hikvision, China Railway Construction Corporation, e a China Telecommunications Corporation, entre outras empresas ligadas ao sector da construção naval, telecomunicações, aeroespacial e até energia nuclear.

O Congresso americano não é chamado para atuar sobre a lista, mas vai influenciar as autorizações do fundo de investimento nas empresas chinesas que foram visadas. O Executivo de Donald Trump acusa a China de "tentar disfarçar as linhas que separam os sectores civis e militares", e a lista serve para ajudar tanto o Governo, como o sector privado e o meio académico a tomarem ação, à medida que o Pentágono vai adicionando mais nomes.

Há mais 33 empresas e organizações chinesas que vão ser adicionadas à lista negra dos Estados Unidos
Há mais 33 empresas e organizações chinesas que vão ser adicionadas à lista negra dos Estados Unidos
Ver artigo

Em maio, o Departamento do Comércio dos Estados Unidos anunciou que a ”lista negra” de entidades que não podem fazer negócios com os Estados Unidos e onde a Huawei passou a constar em maio de 2019 passaria a contar com mais 33 empresas chinesas. Em causa estavam questões como "violações dos direitos humanos" e "atividades contrárias aos interesses de segurança nacional ou de política externa dos Estados Unidos".

No mesmo mês, o Governo norte-americano introduziu novas restrições que impedem a Huawei e os seus fornecedores de utilizarem tecnologia e software americano, com efeitos a partir de setembro. As empresas poderão requisitar licenças para continuar a fornecer os produtos, mas o mais provável é estas serem negadas a partir da nova data.