O investimento em redes de comunicações móveis de quinta geração será “extremamente avultado” para a Altice Portugal, mas ainda é muito cedo para falar de valores, segundo Alexandre Fonseca, CEO da operadora. “Neste momento a preocupação ainda é a monetização do investimento em 4G. De qualquer forma, os valores, quando pensamos em tecnologia rádio, serão sempre avultados, porque no caso da Altice estamos a falar de uma cobertura de 98% da população”, referiu esta quarta-feira, durante um evento de demonstração do 5G.
O responsável considera, por isso, numa opinião que diz ser partilhada de forma unânime pelo resto da indústria, que “não se pode cair mais uma vez na tentação” de ver o leilão de espectro 5G como uma ferramenta de financiamento. “O sector perdeu receitas e as taxas de regulação, no mesmo período, aumentaram. “Estamos a pagar mais por regulação quando temos menos receitas, por isso não podemos cair na tentação de olhar para um leilão de 5G de frequências como uma forma de financiar a regulação, como uma forma de financiar estados”.
Alexandre Fonseca defende que o 5G tem de ser visto como um paradigma de desenvolvimento social. “O leilão vai ser o modelo a utilizar, mas terá de ser feito de forma diferente, de uma forma mais inclusiva, pondo os operadores dentro da discussão”.
A crítica foi diretamente para a Anacom que “tem feito regulação na comunicação social e de forma isolada”. Na opinião do CEO da Altice Portugal, “esse não pode ser, com certeza, o modelo para chegarmos a um 5G comercial”.
A mesma análise é feita sobre o anúncio feito pela Anacom ontem, relativo à libertação da faixa dos 700 MHz para o 5G, que irá implicar a migração da televisão digital terrestre para uma nova faixa de frequências. “Infelizmente, uma vez mais, o alinhamento entre regulador e operadores não foi aquele que gostaríamos e que achamos relevante. Fomos apanhados de surpresa pelas notícias na imprensa”, afirmou Alexandre Fonseca.
Luís Alveirinho explicou que já estava definido que a TDT libertasse frequência para o 5G, mas em Portugal “os trabalhos demoraram muito tempo e atrasaram-se”, ficando a ideia de que a decisão “foi um pouco à pressa”.
A maior crítica cai sobre não existir o chamado período de “simulcast” na transição, ou simultaneidade. “Vai ser do género: hoje à meia-noite está numa frequência e à meia-noite e um segundo passa a estar noutra, ou seja, se os utilizadores não mudarem imediatamente a frequência deixam de ver os canais”.
A medida vai impactar numa população muito especifica e implicar alterações do ponto de vista de utilização do serviço, nomeadamente a "ressintonia" dos canais nas caixas atuais. “Preocupam-nos as decisões que têm impacto direto na vida das pessoas, em particular neste caso, de pessoas que não têm os maiores níveis de infoinclusão”, acrescentou Alexandre Fonseca.
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