As vendas no mercado de dispositivos móveis recuaram 2% no segundo trimestre do ano, para um volume global de 95,8 mil milhões de dólares. Na comparação com os três meses anteriores, a queda foi de 15%, revelam os dados apurados pela Counterpoint, que vêm confirmar as contas já reveladas por outras empresas de estudos de mercado.

As questões geopolíticas e os confinamentos na China foram as principais condicionantes ao crescimento do volume de vendas deste mercado, que acabaram por absorver o impacto de um crescimento no preço médio de venda dos equipamentos, também registado no período em análise.

Segundo a Counterpoint, a margem de lucro dos fabricantes entre abril e junho aumentou 6% graças a este avanço nos preços, para um total de 13,1 mil milhões de dólares. A Apple continua líder destacada neste campeonato, muito longe da concorrente Samsung, que é a segunda nos lucros e nas receitas, embora seja a primeira em unidades vendidas.

Os dados da Counterpoint mostram que a Samsung conseguiu uma quota de vendas em unidades 5% melhor que a da Apple no trimestre, mas em compensação a dona do iPhone ultrapassou a empresa sul coreana em 24%, no que refere a receitas e em 66% quando a análise se faz aos lucros sobre essa receita.

A Apple, sozinha, ficou com 80% dos lucros gerados pela venda de telemóveis, segundo estas contas e na segunda metade do ano espera-se que o efeito da chegada do novo iPhone ajude a repetir a história. A Samsung consegue quase 20% e os concorrentes de ambas disputam o que sobra. Nas receitas, a Apple ficou com quase 40% do produto das vendas entre abril e junho e a Samsung com perto de 20%.

“Com marcas globais como a Samsung e a Apple a liderar o crescimento global do PMV (Preço Médio de Venda) e algumas marcas chinesas, como a Xiaomi, Lenovo, Honor, Huawei e Transsion Group, a trabalhar numa mudança para dispositivos com PMV mais elevados no último ano, o lucro operacional global registou um crescimento no segundo trimestre do ano”, sublinha o analista sénior Harmeet Singh Walia.

O mesmo responsável afirma, no entanto, a necessidade de contextualizar este crescimento. Embora as alterações em alta no intervalo de preços dos fabricantes de telemóveis tenham permitido a alguns aumentarem as margens de lucro, grande parte do crescimento reflete a comparação com um trimestre condicionado pelos feitos da Covid. Ou seja, no trimestre homólogo as empresas viram as suas vendas condicionadas por questões de volume, ainda relacionadas com a falta de componentes eletrónicos ou dificuldades nas cadeias logísticas.

Afastando-se deste efeito, a Counterpoint nota que, na comparação com o trimestre anterior, os lucros operacionais das empresas já diminuíram 29%.