A quinta nova geração de comunicações móveis esteve em destaque no mais recente MeetOn promovido pela APDSI: desde os avanços que a tecnologia proporciona ao nível da velocidade de transmissão de dados e de resposta de rede e da capacidade para ligação simultânea de dispositivos, mas também os eventuais impactos da sua implementação no ambiente e na saúde da população.
É verdade que o 5G traz consigo todo um conjunto de promessas em matéria de inovação, mas José Pedro Nascimento, diretor de Engenharia e Operações na Altice Portugal, indicou que existem ainda muitas limitações, sejam tecnológicas ou financeiras.
A implementação não dará um acesso imediato aos benefícios do 5G e o responsável sublinhou que não é num espaço de três anos que se conseguirão cumprir todas as suas promessas. Só numa fase muito posterior, já de massificação, é que se começarão a colher os benefícios em múltiplas áreas, incluindo casos de utilização vertical, como na medicina ou na indústria.
Em que se traduzem as potencialidades do 5G para os utilizadores? De acordo com Luís Correia, professor no INESC-ID (Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Investigação e Desenvolvimento) e no Instituto Superior Técnico (IST), a tecnologia poderá fazer a diferença no que toca à aplicação em realidade virtual e aumentada, podendo trazer uma nova dimensão nas comunicações.
Além de aplicações inovadoras no ecossistema IoT, a tecnologia poderá alterar a forma como usamos equipamentos como smartphones, computadores, tablets e smartwatches em conjunto, permitindo melhores ligações entre si.
As aplicações na área da saúde e bem-estar da população são várias e Ricardo Mexia, presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, exemplificou os usos no âmbito da telemedicina, mas também na utilização da tecnologia em casos de emergências pré-hospitalares, melhorando os tempos de resposta e a comunicação com zonas mais remotas.
Num contexto de pandemia como o que vivemos atualmente, o 5G pode ajudar a determinar– padrões de disseminação de uma doença. Por exemplo, a STAYCOVID, a aplicação de rastreamento de contactos portuguesa, está suportada em Bluetooth, mas uma tecnologia como o 5G poderia multiplicar a possibilidade de identificar redes de transmissão e ajudar os profissionais de saúde a melhorar a capacidade de resposta.
O responsável indicou ainda que, embora o 5G possa potenciar a inovação, é necessário ter em conta as questões que são levantadas a nível da segurança e privacidade dos utilizadores. É verdade que falamos de radiações eletromagnéticas e é por esse motivo que estão a ser realizados estudos para avaliar as consequências da tecnologia no corpo humano e no ambiente que o rodeia.
Em relação à desinformação em torno do impacto do 5G na saúde da população, Luís Correia afirma que a situação se trata de “um problema mal posto”, sublinhando a falta de informação de quem apoia teorias da conspiração que não são comprovadas pela ciência e dando ênfase ao número de investigações feitas na área por entidades competentes, como a International Commission on Non-Ionizing Radiation Protection (ICNIRP), uma entidade reconhecida pela Organização Mundial de Saúde.
Em matéria do impacto para o ecossistema nacional das telecomunicações, José Pedro Nascimento indicou que a entrada de um novo player no já pequeno mercado português, algo que está nas condições do leilão do 5G, seria algo arriscado e apenas o mercado deria se a estratégia resultaria, de facto. O responsável afirmou que a entrada não poderá ser uma imposição ou uma estratégia definida e não concorda que se dê condições preferenciais a um quatro participante no leilão.
Poderá o 5G “canibalizar” o mercado da fibra ótica?
José Pedro Nascimento explicou que o 5G é sempre um meio partilhado, ao contrário da fibra óptica e considera que seria difícil haver algum tipo de “canibalização”. Aliás, o que é mais provável de suceder é uma complementação entre as duas tecnologias, com o 5G a ajudar as regiões remotas onde a fibra possa ter dificuldades em chegar.
Para lá do 5G, há quem já afirme que o 6G vai chegar nos próximos anos. Quais são os limites da tecnologia? Para os membros do painel, à medida que a sociedade e os meios tecnológicos evoluem, haverá uma necessidade cada vez maior de aumentar a capacidade das redes.
“Tecnologia multiplica tecnologia”, afirmou José Pedro Nascimento. Para Luís Correia, a tecnologia de comunicações “irá seguramente evoluir de modo muito natural” e de forma quase ilimitada, considerando que até os próprios meios de que dispomos atualmente estão a ser reconvertidos para aplicações diferentes para propósitos para os quais não foram inicialmente concebidos.
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