Os últimos dois meses do Twitter foram conturbados e aparentemente também movimentados em entradas e saídas de utilizadores. Entradas, porque já se sabe que muitas contas banidas por não respeitarem a política de utilização da rede social foram reativadas, como se verificou com a conta de Donald Trump. Saídas, que serão um misto de novas contas bloqueadas e encerramentos de conta voluntários. Não há números oficiais sobre este indicador mas há quem faça contas, que agora com a ajuda do CEO da Mastodon podem ficar mais claras.
Eugen Rochko, fundador e CEO da rede social que tem sido apontada como uma das principais alternativas ao Twitter, assina uma declaração onde se divulga que a plataforma cresceu de 300 mil para 2,5 milhões de utilizadores, entre outubro e novembro. O início do intervalo coincide com a mudança de mãos do Twitter, que foi adquirido por Elon Musk no final de outubro e logo a seguir começou a introduzir um conjunto de alterações, que terão motivado uma onda de saídas da rede social.
As polémicas com a rede social do pássaro azul têm continuado e uma das mais recentes foi o bloqueio de várias contas por diferentes razões. A mais citada é a divulgação de informação pessoal, nomeadamente de Elon Musk, por diferentes utilizadores, vários deles jornalistas. A medida foi amplamente criticada e acabou por ser revogada para vários utilizadores, mas à boleia do caso, a publicação do fundador da Mastodon aproveita para marcar diferenças e sublinhar os valores daquela rede social.
"Isto faz-nos recordar como as plataformas centralizadas podem impor limites arbitrários e injustos àquilo que podemos e não podemos dizer", refere. "No Mastodon, acreditamos que não tem de haver um intermediário entre si e o seu público e que, sobretudo os jornalistas e as instituições governamentais, não deveriam ter que depender de uma plataforma privada para chegar ao público".
Recorde-se que a Mastodon foi uma das redes sociais visadas por mais uma medida polémica do Twitter, anunciada nos últimos dias: a proibição de partilhar links, em publicações ou nas informações de perfil, para contas noutras redes sociais. A medida foi entretanto suspensa, mas a polémica ficou. Aliás, o tema da publicação Eugen Rochko é precisamente o facto de a conta @joinmastodon ter sido bloqueada pelo Twitter, depois de lá ter sido publicado que, outra conta bloqueada pela rede social liderada por Musk, @Elonjet (que segue os movimentos do jato privado do multimilionário), estava agora disponível na Mastodon.
Enquanto se queixa, a Mastodon celebra o crescimento do número de utilizadores e destaca que, entre eles, há cada vez mais jornalistas e figuras públicas ou atores, que trocaram o Twitter pela sua plataforma, prometendo respeitar a liberdade de imprensa e criar condições para acomodar o crescimento na base de utilizadores.
Se boa parte do crescimento da Mastodon se deve aos acontecimentos dos últimos meses no Twitter, como a própria plataforma confirma, ainda assim não é possível avaliar rigorosamente o impacto dessas saídas, olhando apenas para os números desta rede social. Há outras alternativas escolhidas por quem decidiu deixar o Twitter, como a Hive, a Post, a WT.Social, a Plurk, ou mesmo outras plataformas mais antigas como o Tumblr, o Reddit ou o Discord.
Elon Musk, por seu lado, tem garantido que o Twitter está mais dinâmico e tem continuado a ganhar utilizadores e é um facto que as interações na plataforma continua em alta, como mostrou aliás a adesão à última votação proposta pelo multimilionário. Elon Musk perguntou se devia deixar a liderança do Twitter e mais de 17 milhões de utilizadores votaram. A maioria defende que Musk deve deixar de ser CEO da rede social.
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