O mercado nacional de smartphones cresceu 8,1% durante 2021, destacando-se o segmento topo de gama, mas também os modelos de entrada, segundo dados da IDC. Francisco Jerónimo, vice-presidente associado para equipamentos da IDC EMEA, disse ao SAPO TEK que os modelos topo de gama foram os mais vendidos durante o ano passado.
“Venderam-se 902 mil smartphones 5G, correspondendo a um valor total de 516 milhões de euros”, referiu o analista. Este valor corresponde a 62% do total de vendas de smartphones no país, que foi de 830 milhões de euros. Acrescenta que o preço médio dos smartphones 5G foi de 572 euros em 2021, contrastando com os 185 euros do preço médio dos equipamentos 4G.
Questionado sobre a adesão dos portugueses aos smartphones 5G, Francisco Jerónimo diz que a procura já vinha a acontecer desde 2019, quando os primeiros modelos chegaram ao mercado, bem antes das redes e serviços 5G estarem disponíveis. “Contudo, a adoção destes telefones não está relacionada com o facto de serem 5G, mas por serem os topos de gama das fabricantes”. É explicado que quando um utilizador troca de telefone, a maioria dos que lhes são oferecidos neste momento são 5G, “por isso a escolha é óbvia”.
Nesse sentido, a escolha dos portugueses assenta na marca, no preço, sistema operativo e especificações dos smartphones, antes da decisão de serem ou não 5G. “É algo que é visto como valor acrescentado, uma vez que os clientes sabem que o 5G está a chegar, mas não o fator decisivo de compra”.
Francisco Jerónimo refere que com as campanhas promocionais e de marketing que os operadores de telecomunicações estão a fazer para impulsionar a transição para o 5G, isso vai fazer com que os equipamentos de quinta geração continuem a crescer. A IDC estima mesmo que durante 2022 a maioria dos smartphones vendidos sejam 5G. Assim, enquanto que em 2021 a adoção de modelos 5G foi de 35%, as previsões indicam que em 2022 cresça para os 54%.
Não existe uma corrida ao 5G. É o ciclo normal na troca de smartphones
O analista diz que a transição será fruto de um ciclo normal de substituição dos smartphones pelos utilizadores, não sendo propriamente uma “corrida” pela troca de equipamentos 4G por 5G. “A maioria dos utilizadores ainda pouco conhece do 5G para perceber os seus benefícios e daí não ser necessária a troca dos equipamentos de imediato”.
O aumento da procura de smartphones topo de gama em 2021 parece alinhado com os mais recentes dados da IDC, que apontou a Samsung como a fabricante que continua a vender mais equipamentos em Portugal no último trimestre do ano, com 304.294 unidades, representando um aumento de 14,3% face ao período homólogo do ano anterior. Além dos smartphones com ecrãs dobráveis, a fabricante tem a sua gama Galaxy S nas suas ofertas topo de gama e com oferta do 5G.
A fabricante tem 39% de quota do mercado, mais que as duas fabricantes seguintes somadas. A Xiaomi assume o segundo lugar e é a fabricante que mais tem crescido durante praticamente todos os trimestres de 2021. Só no quarto trimestre cresceu 259,1%, mas nos dois trimestres anteriores subiu igualmente acima dos 200%. No último período do ano vendeu 177.252 unidades e detém 22,7% da quota de mercado. A fechar o pódio está a Apple, que vendeu 135.458 smartphones no quarto trimestre de 2021, tendo registado uma quebra de 1,6% face ao ano anterior. A empresa da maçã tem uma quota de mercado de 17,4% neste período.
Ainda relativamente aos smartphones com ecrãs dobráveis, segundo dados da IDC, em 2021, o número de equipamentos dobráveis que chegaram às lojas atingiu um total de 7,1 milhões de unidades. A especialista indica que o valor representa um crescimento de 264,3% em comparação com o ano anterior, altura em que 1,9 milhões de unidades tinham chegado ao mercado. A consultora prevê que, até 2025, valor do mercado de smartphones dobráveis alcance os 29 mil milhões de dólares, com 27,6 milhões de unidades a serem enviadas para as lojas um pouco por todo o mundo.
A IDC indica que o crescimento registado em 2021 pode ser atribuído em grande parte à Samsung e à sua mais recente geração de dobráveis. Por um lado, o Galaxy Z Flip3 conseguiu despertar a atenção do público graças ao seu design e preço mais “em conta”. Por outro, o Galaxy Z Fold3 também viu uma série de melhorias em relação à geração anterior, embora ainda se afirme mais como um produto de nicho.
A Counterpoint também afirma que o interesse no 5G fez aumentar as vendas de smartphones de gama média e alta. Os equipamentos mais caros contribuíram por um aumento do valor das vendas em 7% em 2021. Da mesma forma que foram lançados mais equipamentos 5G no mercado. Ao longo do ano, 40% dos smartphones enviados pelos fabricantes para as lojas foram já dispositivos com conectividade 5G, quando em 2020 os equipamentos com essas características representaram menos de um quinto das vendas (18%).
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