As infraestruturas são a área onde Portugal se apresenta já hoje melhor preparado para uma recuperação económica pós-COVID capaz de produzir crescimento a longo prazo e orientada para uma economia mais competitiva, mais digital, mais inclusiva e mais amiga do ambiente. As conclusões são do Fórum Económico Mundial e constam da edição 2020 do Global Competitiveness Report.
O estudo que anualmente compara o nível de competitividade das economias, a nível global e em diversos parâmetros, é este ano lançado numa edição especial, que deixa de lado o habitual ranking e se concentra na análise dos pontos fortes e fracos para a recuperação e transição digital de cada economia.
Nos 11 parâmetros analisados, que avaliam condições relacionadas com o ambiente para os negócios, capital humano, mercados financeiros e inovação, a área onde Portugal obtém melhor classificação é a das infraestruturas onde, em concreto, se avaliam os esforços na atualização de infraestruturas para acelerar a transição energética e alargar o acesso a eletricidade e TIC. Em 100 pontos possíveis, Portugal soma 87,8. A melhor classificação vai para a Estónia, que entre as 37 economias avaliadas, consegue 99,75 pontos.
No domínio do investimento em investigação, inovações e invenções que possam criar novos mercados no futuro, o país obteve 42,2 pontos, ficando a 15 dos EUA, que lideram neste indicador, e acima de países como Itália ou o Reino Unido.
A área onde Portugal se revela mais atrasado e com mais caminho para percorrer é a da saúde, seja no que se refere à prestação de cuidados básicos, como na aposta em inovação que resulte em benefícios para os cidadãos. Obtém aqui apenas 31,4 pontos, longe dos 75,87 pontos da Suécia e mais próxima dos 24,73 da Grécia, o país que menos progressos tem feito nesta área.
O estudo mostra também que Portugal está atrasado na atualização dos programas curriculares e no investimento em competências que sirvam o mercado de trabalho do futuro. Neste parâmetro somou apenas 49,8 pontos. O melhor resultado foi para a Finlândia, com 75,26 pontos.
Neste The Global Competitiveness Report Special Edition 2020: How Countries are Performing on the Road to Recovery também se conclui que os países que, já hoje, apresentam um nível de desenvolvimento mais elevado nos indicadores avaliados estão a conseguir lidar melhor com os impactos da pandemia, nas respetivas economias.
A digitalização, a qualidade dos serviços públicos e os investimentos verdes são apostas que se destacam em muitos deles, mas também estão a fazer a diferença na superação da crise provocada pela COVID-19 a abundância de competências digitais, a capacidade de apoio a quem não consegue trabalhar, a robustez das políticas sociais, fiscais e de saúde ou a experiência prévia na gestão de pandemias.
Os autores do estudo reconhecem também no entanto que, sendo o conceito de transformação da economia relativamente novo, os dados que permitem avaliar os progressos dos países nesse sentido são ainda escassos e que nenhum país está completamente preparado para esta mudança. Ainda assim, consegue-se já estimar que uma melhoria global de 10% na classificação dos países nos diversos indicadores resultaria num crescimento, também global, do PIB destes 37 países em 300 mil milhões de dólares.
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