As intenções de contratação dos empregadores do sector tecnológico em Portugal voltaram a crescer, depois de um trimestre de queda. Para os últimos três meses do ano, as estimativas indicam que a Criação Líquida de Emprego vai crescer 22%, com 36% dos empregadores do sector tecnológico a planear aumentar as suas equipas.

Os dados apurados pelo Experis Tech Talent Outlook revelam ainda que outros 15% antecipam uma redução da força de trabalho nesta reta final do ano e 49% dos empregadores esperam manter o número atual de colaboradores, sem alterações.

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A justificar o aumento do emprego na área tecnológica em Portugal está principalmente o crescimento das empresas e a consequente necessidade de novos postos de trabalho (37%). A compensação de vagas em aberto por saídas recentes, por sua vez, justifica 33% das intenções de contratação e quase na mesma proporção (30%) pesa a necessidade de contratar competências atualizadas para manter a competitividade.

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O lançamento de projetos específicos ou iniciativas temporárias, que precisam de perfis dedicados e a diversificação para novas áreas também estão a influenciar a necessidade de contratar novos recursos, como indicaram 22% e 19% dos empregadores.

As empresas com expectativa de redução no nível de contratações explicam que estas são necessárias para alinhar as equipas com a procura atual do mercado (45%), para otimizar processos e aumentar a eficiência que leva à consolidação de funções (36%), ou no âmbito de processos de reorganização ou downsizing (27%). Em 18% das empresas alterações ao nível das competências, com redução da necessidade de algumas funções, também são apontadas como motivo para reduzir o número de colaboradores.

Na comparação com o trimestre anterior, os números apurados para Portugal apontam para um aumento de 3 pontos percentuais nas intenções de criação de emprego. No terceiro trimestre do ano, as empresas entrevistadas previam contratações com um impacto positivo de 19% no emprego de Tecnologias de Informação.

“Apesar de o sector tecnológico em Portugal mostrar sinais de recuperação no próximo trimestre, o contexto global continua marcado pela prudência, reflexo de um clima económico e político de incerteza”, sublinha Nuno Ferro, brand leader da Experis.

Esse ambiente tem levado as empresas a “adiar ou reduzir projetos que não são críticos para o negócio”, complementa o responsável. Ainda assim, o investimento em áreas fundamentais, como modernização tecnológica, cloud, segurança ou data, tem continuado a crescer e a dar resposta ao crescimento da inteligência artificial nas empresas.

IA reduziu a necessidade de funções mais básicas de programação

Estas novas tendências que têm animado o mercado de emprego são simultaneamente uma oportunidade e um desafio para as empresas que precisam de assegurar o talento certo para acelerar a sua preparação digital, ao mesmo tempo que enfrentam uma transformação no perfil de competências procuradas. A Experis sublinha que a IA reduziu a necessidade de funções mais básicas de programação e veio aumentar a procura por especialistas em áreas de maior valor.

“Em Portugal, tal como a nível global, o equilíbrio entre cautela e investimento estratégico vai ditar a evolução do mercado de talento tecnológico nos próximos meses”, nota Nuno Ferro.

Para já, Portugal segue 14 pontos percentuais abaixo da média global. A nível global, o sector tecnológico continua a ser aquele que apresenta perspetivas de contratação mais robustas, com uma Projeção para a Criação Líquida de Emprego de +36%, embora o valor traduza uma diminuição de 2 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior.

Os países onde estas projeções são mais elevadas são a Bélgica (+52%), a Índia (+48%) e o Canadá (+47%). As intenções menos otimistas estão na Eslováquia (-8%), no Panamá e em Taiwan, ambos com +3%.

Na região em que Portugal se integra, a EMEA (Europa Médio Oriente e África, a projeção situa-se nos +30%, à semelhança do trimestre passado e do mesmo período em 2024, em que se encontrava nos +31% e +30%, respetivamente.

A nível global, os empregadores de TI identificam os mesmos fatores que em Portugal para reforçar equipas. As que contam reduzir equipas destacam, como principal razão os desafios económicos aos quais estão sujeitas (34%). Referem também que a automação tem reduzido a necessidade de certas funções (29%), assim como outras mudanças no mercado.

O estudo da Experis entrevistou 6.533 empresas tecnológicas em 42 países e territórios.