O CEO da Nvidia confirmou aquilo que a empresa já tinha adiantado numa publicação esta segunda-feira. A fabricante de chips vai ter o aval dos Estados Unidos para vender os seus chips avançados H20 no mercado chinês.

“Hoje, estou a anunciar que o governo dos EUA aprovou licenças para começarmos a enviar os H20”, disse Huang à imprensa durante a visita que está a fazer à China, cita a Associated Press. A declaração vem em linha com o que já adiantava a publicação oficial, onde a empresa escrevia que “o governo dos EUA garantiu à Nvidia que as licenças serão concedidas, e a Nvidia espera começar as entregas em breve”.

Nas mesmas declarações na China, o CEO da Nvidia sublinhou que metade dos investigadores da área da inteligência artificial estão na China. “A China é um mercado tão inovador e dinâmico nesta área que é realmente importante que as empresas americanas sejam capazes de competir e servir o mercado chinês”, acrescentou.

O anúncio acontece depois de Jensen Huang ter já feito várias críticas à política fechada dos Estados Unidos nesta área e de um encontro recente com Donald Trump. Esta semana, o fundador da tecnológica que ultrapassou recentemente a barreira dos 4 mil milhões de dólares em capitalização bolsista, está de visita à China, onde participa numa conferência e numa feira e onde terá vários encontros oficiais.

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Os Estados Unidos têm mantido uma política altamente restritiva de exportação de tecnologia para a China, sobretudo no que se refere a tecnologias avançadas que suportem o desenvolvimento de inteligência artificial. Alegam que os chineses vão usar essa tecnologia para fins militares e transformá-la numa ameaça à segurança americana.

Todos os controlos em vigor não têm ainda assim impedido que a região seja uma das mais avançadas do mundo nos desenvolvimentos em torno da IA e o lançamento do chatbot DeepSeek no final do ano passado é um dos exemplos disso.

Sobre isso, vale a pena lembrar que o DeepSeek R1, o modelo na base da primeira versão do chatbot chinês, foi treinado com recurso a processadores A100 da Nvidia, que a startup terá comprado antes dos bloqueios às exportações terem entrado em vigor, em setembro de 2022. Além disso, a empresa terá usado também versões limitadas dos processadores H800. Vários outros casos têm revelado o mesmo tipo de malabarismos e cadeias de distribuição complexas para fazer chegar tecnologia avançada à China, capaz de processar tarefas de IA e grandes avanços nos desenvolvimentos locais.

Em abril as vendas dos chips H20, desenvolvido precisamente para contornar as exigências do bloqueio em vigor, e dos processadores MI308 da AMD foram incluídas nas restrições às respetivas fabricantes, uma decisão que o patrão da Nvidia tem criticado por considerar que bloquear a inovação não vai beneficiar o crescimento económico dos Estados Unidos, nem promover a liderança tecnológica do país.

O CEO tem alertado para o efeito perverso do bloqueio que, na sua opinião, abre espaço a empresas e tecnologias desenvolvidas noutros países para se irem afirmando como dominantes nesta área, deixando as tecnologias americanas para segundo plano.

Além de altruísta, a opinião tem em conta as perdas que a própria Nvidia tem tido por não conseguir vender a sua tecnologia na China livremente. A empresa já revelou que as restrições mais apertadas, em vigor desde abril, vão custar à companhia 5,5 mil milhões de dólares.