A plataforma da Binance é uma das maiores bolsas de criptomoedas do mundo, permitindo aos utilizadores uma escolha alargada que vai além das moedas mais famosas, como a Bitcoin ou a Ethereum, e diversos serviços para quem quer investir. Em março abriu a versão em português de Portugal, no site e na app, embora já tivesse a a versão em português do Brasil desde 2020.

Em entrevista ao SAPO TEK, Luis Vaello, o diretor regional da Binance, explica os objetivos da plataforma, mas traça também o perfil dos utilizadores, dizendo que não há grande diferença entre a Europa e o resto do mundo.

"O perfil típico do utilizador Binance não é diferente do de qualquer outro investidor “médio” em criptomoeda. Ou seja, na maioria são homens (muito embora o número de mulheres esteja a aumentar todos os dias), empregados por conta de outrem ou por conta própria, com idade compreendida entre os 22 e os 39 anos, rendimento da ordem dos 25 mil dólares por ano e com educação acima do Secundário (“undergraduate degree”)", detalha.

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A Binance tem feito estudos que indicam também que "existe entre os utilizadores uma quase total confiança nas criptomoedas (97%), com mais de metade (52%) a não considerarem os investimentos em cripto como um hobby, mas sim como um meio de rendimento". O responsável pela plataforma destaca ainda que "para 15% dos utilizadores, a criptomoeda é a sua fonte de rendimento principal".

Segundo Luis Vaello, "as três principais razões pelas quais os utilizadores investem em criptomoeda são, em primeiro lugar, como parte de uma estratégia de investimento a longo prazo (55%); em segundo lugar, devido a uma falta de confiança no atual sistema financeiro (38%); e, finalmente, como uma oportunidade de trading de curto prazo (31%)".

Investir para guardar mas também para usar como "dinheiro"

O interesse em moedas digitais está a crescer e a visibilidade dos investimentos de empresas também, sendo o caso de Elon Musk e da Tesla um dos mais mediáticos e isso está a fazer com que o valor aumente, mas também a especulação. A empresa do milionário usou 8% das suas reservas e dinheiro para comprar Bitcoin, num investimento de 1,5 mil milhões de dólares e fez soar algumas campainhas de alarme.

A informação e a segurança são porém apontadas como uma preocupação da Binance que tem uma academia gratuita e  um “Secure Asset Fund for Users”) destinado a cobrir quaisquer perdas caso a plataforma seja eventualmente alvo de um ciberataque.

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Com a entrada de novos utilizadores nos mercados todos os dias, Luis Vaello admite que há sempre dúvidas sobre a segurança dos investimentos, mas a tendência da maioria dos clientes da Binance não é de curto prazo e está a assumir cada vez mais uma função de "dinheiro". "Muito embora a maioria das criptomoedas seja detida (39%), os utilizadores também usam os seus ativos digitais para apostas e empréstimos (22%) e como meio de pagamento (11%). E, apesar da utilização das criptomoedas como meio de troca não seja ainda visto como o cenário de utilização mais importante (21%), a utilização prática (38%) sugere que a criptomoeda está a assumir a função de “dinheiro” mais do que os utilizadores anteciparam", refere.

Ao mesmo temo as chamadas "stablecoins", ou moedas estáveis, estão a ganhar relevância. "Penso que iremos assistir ao lançamento de criptomoedas nacionais por parte de Bancos Centrais e Governos. Mas, com a livre circulação de “stablecoins” geridas por empresas privadas e independentes de decisões governamentais, os utilizadores terão a possibilidade de escolher qual a criptomoeda que pretendem apoiar e, aparentemente, até agora, as moedas tradicionais parecem ser as preferidas", defende Luis Vaello. "Perante tudo isto, os Governos vêm uma necessidade imperativa de regular este tipo de criptomoeda, de forma a obter maior controlo sobre a sua operação".

Nota da Redação: Foi feita uma correção no cargo do Luis Vaello, que é Diretor Regional da Binance. Última atualização 3/4/2021 às 18h30