Metade dos consumidores estão a alterar objetivos de vida. Se a formação superior, ou casar, têm sido prioridades nas últimas gerações, um novo estudo da Accenture sobre tendências de vida diz que, cada vez mais, as prioridades são temas como a estabilidade no emprego e a reforma.
Estas novas mentalidades vão gerar perspetivas diferentes sobre produtos e serviços. “As organizações que se adaptarem de forma fluida, criarem experiências sem falhas que desafiem as normas e apoiem os percursos únicos das pessoas manter-se-ão relevantes para o consumidor em evolução”, defende a Accenture no 17º relatório anual Life Trends.
Esta mudança de mentalidade atribui-se, pelo menos em parte, ao rápido avanço da tecnologia e “está a alterar a sociedade e a criar um nível de incerteza e fragilidade para as empresas”, alerta a consultora, que elege um conjunto de tendências que daqui decorrem.
“O limite de pedidos humanos foi atingido: A relação das pessoas com a tecnologia está a atravessar um momento crítico”, diz a Accenture. Quase um terço dos consumidores inquiridos no estudo reconhece que “a tecnologia complicou as suas vidas, tanto quanto as simplificou”.
Mostra ainda preocupação crescente com a saúde e o bem-estar. A atestá-lo verifica-se que 31% dos inquiridos dizem que as notificações constantes controlam a sua utilização da tecnologia pessoal; 27% dizem que são os algoritmos, enquanto outros 27% dizem que é o apelo de estar sempre ligado.
Os inquéritos revelaram também que muitos consumidores “estão a apertar as rédeas à sua utilização da tecnologia”. Um terço está a remover as notificações, um em cada cinco dizem que estão a impor limites ao tempo de utilização do ecrã e um quarto estão a desligar-se completamente de aplicações e dispositivos.
O estudo aborda igualmente o impacto dos algoritmos nas tarefas criativas e nos produtos que chegam aos clientes, nem sempre positivo. Trinta e cinco por cento dos inquiridos consideram que os designs das aplicações são indistinguíveis entre as marcas, um sentimento que aumenta para quase 40% entre os jovens dos 18 aos 24 anos.A tecnologia pode ser uma oportunidade para melhorar ou piorar esta tendência, a inteligência das marcas ditará a forma como tiram partido desta evolução.
Verifica-se ainda que, a pressão económica tem levado a cortes e estratégias de contenção nas empresas, que limitam os recursos disponíveis para prestar serviços e conduzem a aumentos de preços. “Quase metade dos clientes sentem-se menos valorizados quando têm dificuldade em contactar um serviço de apoio”, sublinha a Accenture.
As reduções de qualidade ou de dimensão, os declínios no serviço, as deficiências no serviço ao cliente e as subscrições indesejadas fazem os clientes pensar que as marcas estão menos comprometidas com as suas promessas. Há “um problema crítico de perceção: as estratégias de sobrevivência das empresas são vistas, algumas delas, como estratégias de ganância por parte de alguns clientes”.
Outra grande tendência identificada pela Accenture está na mudança da interface. Cerca de 77% das pessoas estão familiarizadas com a IA de conversação, “uma tecnologia com consciência cultural de massas”, refere-se, “que está a atualizar a experiência das pessoas na Internet”, a passar de transacional a pessoal. O papel dos “grandes modelos linguísticos (LLM) utilizados para encenar conversas inteligentes e bidireccionais” é aqui destacado.
Verificou-se no estudo que quase metade (42%) dos consumidores já se sentiriam confortáveis em utilizar soluções de IA conversacional, como o ChatGPT, para recomendações de produtos, apoio a tarefas no trabalho (44%) ou receber aconselhamento sobre bem-estar e cuidados de saúde (33%).
A Accenture acredita por isso que a tecnologia acabará por mudar a maioria das interfaces que utilizamos e que as marcas tenderão a utilizar esse conhecimento para criar produtos, serviços e experiências hiper-relevantes. as que conseguirem fazê-lo melhor, alcançarão melhores resultados.
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