A Boom Supersonic, empresa norte-americana conhecida pelo desenvolvimento do avião supersónico de passageiros Overture, anunciou uma mudança estratégica surpreendente, reutilizar a mesma tecnologia criada para impulsionar aeronaves a velocidades superiores a Mach 1.7 para alimentar centros de dados dedicados à Inteligência Artificial (IA).
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Para tal, a empresa apresentou a turbina Superpower, um sistema de geração de energia de 42 megawatts baseado no motor Symphony, originalmente concebido para aviação comercial supersónica. A decisão surge num momento crítico para a indústria da IA, que enfrenta uma escassez severa de energia eléctrica. Blake Scholl, fundador e CEO da Boom Supersonic, afirmou que "a tecnologia supersónica é um acelerador, claro que para voo mais rápido, mas agora também para a inteligência artificial".
A Crusoe, empresa especializada em infraestruturas de IA com foco em energia, tornou-se o primeiro cliente ao encomendar 29 turbinas, representando uma capacidade total de 1,21 gigawatts e um valor superior a 1,25 mil milhões de dólares em encomendas. A Superpower distingue-se das turbinas convencionais por ter sido desenvolvida para suportar cargas térmicas elevadas de forma contínua. A turbina mantém a sua potência máxima de 42 megawatts mesmo quando a temperatura ambiente ultrapassa os 43 graus Celsius, uma vantagem crucial para regiões como o Texas.
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As turbinas convencionais podem perder até 30% da capacidade em temperaturas elevadas, precisamente quando a procura é maior. Outra característica distintiva é a operação sem necessidade de água para arrefecimento, eliminando um factor de preocupação ambiental crescente no sector. A arquitectura da Superpower partilha cerca de 80% dos componentes com o motor Symphony destinado à aviação, mas com modificações essenciais para geração de energia.
Cada unidade cabe num contentor de dimensões padrão, permitindo reduzir o tempo de instalação para aproximadamente duas semanas, graças à implementação modular. A turbina funciona com gás natural e tem sistema de backup a diesel, para evitar interrupções. A empresa já obteve 300 milhões de dólares de vários investidores, sendo esse capital utilizado para o desenvolvimento do motor Symphony, enquanto as receitas da Superpower suportarão a certificação da aeronave Overture, que já conta com encomendas de 130 aeronaves por parte da United Airlines, American Airlines e Japan Airlines.
Esta estratégia permite à Boom abordar simultaneamente dois desafios, o de resolver a crise energética que afecta o setor das infraestruturas de IA e acelerar o caminho para a certificação do motor Symphony através da acumulação de milhares de horas de operação em condições reais. A primeira unidade Superpower deverá ser entregue à Crusoe em 2027, com as turbinas a serem construídas nos Estados Unidos.
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