O ano de 2025 vai ficar para a história como um dos mais vertiginosos em termos de valorização das empresas de tecnologia. A inteligência artificial trouxe um novo ritmo ao crescimento das empresas que estão no “olho do furacão” e a Nvidia continuou a ser a prova disso.

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Em julho, a tecnológica que alinhou primeiro a sua oferta de chips com a capacidade de processar tarefas de IA abriu a porta do valioso clube das empresas com uma capitalização bolsista acima dos 4 mil milhões de dólares.

Fundada em 1993 por Jensen Huang, Chris Malachowsky e Curtis Priem, a Nvidia passou a ser cotada na bolsa seis anos depois. Na altura, a tecnológica já estava a ganhar nome na área dos componentes para consolas de videojogos e, em 2001, ganhou um contrato para fornecer Unidades de Processamento Gráfico (GPU) para a primeira Xbox da Microsoft.

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Com mais de 30 anos de experiência, a Nvidia consolidou-se como um dos grandes players do mercado na área das GPUs, mas são os chips com capacidade de processar tarefas de IA que têm alimentado a subida vertiginosa do valor da empresa.

Em maio de 2023, a Nvidia entrou no “Trillion Dollar Club”, onde a Apple chegou em 2022 e onde a Microsoft também já estava, e continuou a crescer a um ritmo impressionante, até que acabou mesmo por ser a primeira a chegar aos 4 biliões.

A Microsoft alcançou a mesma marca semanas depois (por pouco tempo), também impulsionada pela aposta que tem vindo a fazer na inteligência artificial. Recorde-se que a dona do Windows fez a primeira grande parceria com a OpenAI, dona do ChatGPT, e graças a isso foi pioneira na integração de ferramentas e tecnologias de IA no seu software empresarial.

A parceria continua, mas este ano foi renegociada e uma das novidades é que a tecnológica deixou de estar presa a restrições ligadas ao desenvolvimento de tecnologia própria, nas áreas onde tem a parceria com a OpenAI.

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Passou a poder criar os seus próprios modelos de linguagem, que vão complementar ou mesmo competir com a tecnologia da OpenAI em alguns segmentos, se bem que por enquanto estes LLMs ainda estão longe da sofisticação dos modelos da OpenAI. Ainda assim, os primeiros resultados destes desenvolvimentos internos já foram lançados e representam um caminho de maior autonomia para a Microsoft, que é também um dos grandes hyperscalers globais.

A corrida dos hyperscalers

Os data centers são um elemento central para que a IA generativa continue a crescer, por causa da gigantesca capacidade de computação necessária para treinar modelos de IA. A Microsoft (Azure), a Google e a Amazon (AWS) competem nesta área, que se assumiu como um dos grandes drivers de crescimento de qualquer uma das empresas, precisamente por causa das necessidades que a IA e a migração para a cloud trouxeram.

Essa é uma das razões para se prever que a Alphabet, dona da Google, seja a próxima empresa a entrar no clube dos 4 biliões. A outra são as perspetivas de investimento que a tecnológica apresentou ao mercado nos últimos meses, que se vêm superando, assim como os resultados financeiros, que continuam a superar as expectativas de Wall Street.

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Por agora, a tecnológica vale perto de 3,8 biliões de dólares, ligeiramente mais do que a Microsoft, que entretanto foi desvalorizando e está agora nos 3,62 biliões.

A breve estadia da tecnológica liderada por Satya no clube dos 4 biliões de dólares aconteceu após uma apresentação de resultados da empresa que animou o mercado e depois das ações da tecnológica terem valorizado mais de 16% desde o início do ano.

A capitalização bolsista da Microsoft entretanto reajustou-se, mas se há coisa que o mercado de capitais tem mostrado nos últimos dois anos é que as subidas vertiginosas são possíveis e a empresa continua a investir em força para manter um lugar confortável na corrida da IA.

Quem não se tem saído tão bem na estratégia para a IA é a Apple, mas isso não significa que a dona do iPhone tenha perdido o jeito para criar valor e para se manter na linha da fente das empresas mais valiosas do mundo. A recolher os louros do lançamento da última versão do iPhone, a empresa cofundada por Steve Jobs também chegou em 2025 ao clube dos 4 biliões e lá continua.

Rebenta ou não rebenta a bolha?

Voltando à IA, muitas vozes continuam a lembrar que a seguir a uma subida há-de vir a descida e que podemos estar na iminência de chegar a uma fase de descidas vertiginosas. Os receios de que a bolha à volta da IA exploda em breve têm pairado ao longo do ano e devem seguir para 2026. São aliás estes receios que explicam que, a mesma Nvidia que ainda em julho passou a valer mais de 4 biliões, quatro meses depois, em novembro, quase tenha chegado aos 5 biliões. E que pouco mais de um mês depois já esteja novamente no limiar dos 4 biliões. Abriu esta última semana do ano, a valer 4,63 biliões de dólares. Já valorizou quase 38% desde o início do ano.

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receios sobre uma possível sobrevalorização das empresas que alimentam esta escalada e de que as expectativas de crescimento da procura, que sustentam os planos de hyperscalers como a Microsoft e de fabricantes como a Nvidia, não se confirmem com a dimensão esperada.

Na reta final do ano foram anunciados vários contratos milionários, que por enquanto podem chegar para adiar para mais tarde do que cedo o inevitável fim da bolha. A OpenAI protagonizou alguns, que basicamente asseguram capacidade de computação, seja pelo acesso a tecnologia (acordo com Nvidia), ou à capacidade de processamento que essa tecnologia vai assegurar (os acordos com Oracle ou Amazon, por exemplo).

Os números são impressionantes e ganharam ainda mais pujança depois de o programa americano para transformar o país numa potência da inteligência artificial, com data centers espalhados por vários Estados, ter começado a chegar ao terreno. O projeto Stargate arrancou em 2025 e vai sem dúvida pôr o mercado a mexer e gerar milhares de milhões de dólares em investimentos. Os próximos anos mostrarão, a que preço.

2026 a todo o gás

O ano que se aproxima promete ser tão vertiginoso como o que passou, ou ainda mais. As dúvidas sobre a consistência das estratégias em torno da IA vão continuar e adensam-se sempre que outros fatores fazem os investidores valorizar ativos seguros.

Ao mesmo tempo, se as big tech continuarem a tranquilizar o mercado com resultados financeiros recheados de receitas, lucros e boas perspetivas de encomendas, o mais certo é que a reta final do próximo ano seja imprópria para cardíacos.

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rumores de que dois IPOs de peso possam acontecer. Aquele que parece mais certo é o da SpaceX. Os rumores falam numa decisão já tomada e num processo em marcha, para contratar serviços de assessoria e preparar a operação. O outro IPO não confirmado é do OpenAI, dona do ChatGPT. Ambos são apontados para o final do ano, se as condições do mercado forem favoráveis.

Ambos são uma via para acelerar a capitalização de duas empresas que precisam de quantidades avassaladoras de capital para poderem escalar os respetivos negócios, valores que começam a ser difíceis de assegurar mesmo pelos bolsos fundos de quem tem apoiado cada um dos projetos até agora.

No caso da SpaceX, as fontes da Bloomberg indicam que a dispersão do capital da empresa em bolsa vai permitir angariar 30 mil milhões de dólares. Se o número for atingido será um recorde para um IPO.

No caso da OpenAI, os planos para ir para a bolsa parecem estar numa fase mais embrionária, mas as fontes que os antecipam dizem que o objetivo seria angariar 60 mil milhões de dólares e na estreia ter a empresa a valer 1 bilião de dólares ou até mais. Por enquanto, a valorização da OpenAI estará um pouco acima dos 500 mil milhões de dólares, a avaliar pelos números divulgados (não oficialmente) na altura da última ronda de capital.

Ainda na área da IA generativa, há igualmente rumores de que também a Anthropic se prepara para dispersar capital em bolsa. A dona do chatbot Claude já terá contratado serviços de assessoria para o processo, avançou há dias o Financial Times. Nesta fase de preparação do processo, cabe um esforço adicional junto de investidores para chegar ao IPO com a empresa mais robusta em termos em valor. Fala-se em 300 mil milhões.

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