A Microsoft está há 33 anos em Portugal e nos últimos anos registou um crescimento exponencial, sobretudo em número de colaboradores, onde já ultrapassou os 1.500, numa subida de 265% que resulta da localização do centro de Customer Experience & Success em 2017. Mas há outras métricas que mostram o peso do negócio da empresa, que foram hoje partilhadas no estudo do Impacto Económico e Social do Ecossistema Microsoft em Portugal, realizado pela consultora Ernest & Young (EY).
Os dados são do último ano fiscal e adiantam que o valor económico gerado pela Microsoft Portugal é de 4,9 mil milhões de euros, o equivalente a 2,4% do PIB português.
A rede de parceiros já soma 4.000 empresas e o estudo refere ainda que o ecossistema foi responsável por gerar cerca de 28 mil postos de trabalho.
Durante uma apresentação do estudo à imprensa, Andres Ortolá, Diretor Geral Microsoft Portugal, assume que os dados refletem o papel da Microsoft na economia portuguesa, mas destacou ainda o trabalho que a empresa tem feito em vários programas para a capacitação das pessoas e o desenvolvimento das parcerias. O responsável da empresa assumiu o cargo há mais de um ano e já tinha adiantado alguns dados destes dados ao SAPO TEK numa entrevista no Building the Future.
Dados assumidos como "conservadores"
O estudo detalhado por Hermano Rodrigues, Partner EY, recorreu às metodologias de análise da consultora, medindo o ecossistema da Microsoft Portugal e de produtividade da utilização de tecnologia. São estes dados que o partner da EY refere como "magníficos", admitindo que também surpreenderam a consultora, mas que sublinha que são conservadores.
Nos 4,9 mil milhões de euros de impacto estimado, a EY indica que estes se referem a 1,5 mil milhões de efeito direto e indireto, a que se somam 1,7 mil milhões de impacto das várias aplicações. O Microsoft Teams foi separado deste bolo, pelo peso que tem registado, e a consultora estima que tem também um impacto anual de 1,7 mil milhões de euros.
Hermano Rodrigues admite que alguns dos cálculos foram até conservadores, dando como exemplo o Teams e lembrando que o cálculo foi feito com base na poupança de tempo de 1,25 horas por semana, calculando o valor médio de produtividade, mas referindo que os utilizadores destas ferramentas "estão num extrato acima da média da economia ".
Questionado pelo SAPO TEK sobre o impacto que o desenvolvimento da Inteligência Artificial, e em especial o Copilot que a Microsoft já apresentou para várias áreas, entre as quais o Office 365, pode trazer a este estudo num futuro próximo, Manuel Dias sublinha que o primeiro impacto vai ser na produtividade.
"Não é futurologia, sabemos que vai ter impacto", afirma o diretor de tecnologia da Microsoft Portugal, referindo que acredita que vai ser muito maior do que o calculado para o Teams em 2 ou 3 anos. Para além da produtividade, o valor será maior "se a Inteligência Artificial for aliada aos serviços ao cidadão, com optimização de custos e processos", sublinha Manuel Dias.
"Gostava daqui a 2 ou 3 anos de repetir o estudo e passado o hype olharmos numa perspetiva económica e social [para o impacto da IA], embora a componente social seja mais dificil de quantificar é muito interessante", explica Manuel Dias.
O diretor da Microsoft sublinha também que as receitas do Customer Experience & Success que está localizado em Portugal não entraram nas contas da EY para o impacto económico da empresa. "O revenue não foi contabilizado, só o número de empregados para o impacto no emprego", explicou ao SAPO TEK, para além das remunerações. "O centro também dá apoio aos clientes nacionais mas o revenue entra noutras contas", detalha.
Em relação ao impacto do investimento, o estudo da EY indica que por cada euro investido em soluções Microsoft, os utilizadores e parceiros ganham cerca de 8,80 euros, admitindo que este valor varia por linha de negócio da Microsoft, mas sem detalhar quais são as áreas onde é gerado mais valor. A consultora refere que este retorno vem de várias fontes e que pode estar associado a ganhos de produtividade pela automatização de processos, redução dos riscos de segurança e dos custos de gestão e armazenamento, melhoria dos serviços prestados pela integração de soluções, entre outros. Em relação às aplicações e linhas de negócio, a base utilizada foi a dos dados da Forrester, que mede junto dos clientes e parceiros os impactos registados.
28 mil postos de trabalho gerados. Números são de 2022 e ainda não atualizados oficialmente
Nos números partilhados no estudo indica-se ainda que o ecossistema Microsoft em Portugal possui uma relevância significativa no setor TIC nacional, contribuindo para 7% do emprego e 8% do valor económico gerado. Para este cálculo a EY refere os 28 mil postos de trabalho gerados pelo ecossistema, calculando um efeito multiplicador em que por cada pessoa empregue pela Microsoft Portugal são gerados na economia 21 postos de trabalho.
A Microsoft Portugal contava, em 2022, com 1.529 colaboradores, destacando-se o centro de Customer Experience & Success, composto maioritariamente por Engenheiros de Suporte altamente especializados. A empresa está na lista das grandes tecnológicas que anunciaram despedimentos no início deste ano, calculando em mais de 10 mil pessoas que saem dos seus quadros, embora sem confirmar países ou áreas específicas. Na apresentação desta manhã foi referido que em Portugal não têm número de colaboradores atualizados porque estes variam com entradas e saídas frequentes.
Quanto ao futuro, Andres Ortolá mostra-se optimista, apesar dos tempos de incerteza que se vivem na economia atualmente. A aposta da empresa em Inteligência Artificial vem trazer novas oportunidades que podem ser exploradas pelas empresas e a sociedade em geral, não olhando só para os impactos que pode ter nos postos de trabalho mas na melhoria da produtividade dos profissionais das várias áreas e indústrias.
Nota da Redação: A notícia foi atualizada durante e após a apresentação do estudo. Última atualização 13h07
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