A Qualcomm terá perdido o interesse na possibilidade de comprar todo o negócio da Intel. Os rumores de negociações entre as duas empresas têm vindo a ser avançados, bem como diferentes cenários para o que poderia estar em causa - a compra de toda a operação ou apenas de algumas áreas de negócio.

A Bloomberg cita fontes próximas ao processo, para avançar que a primeira opção perdeu força e dificilmente se virá a concretizar por causa da complexidade do negócio e das questões regulatórias que uma operação com essa escala teria de enfrentar.

Se avançasse, a compra da Intel pela Qualcomm seria um dos maiores negócios da história da tecnologia. Embora o valor das ações da histórica empresa de chips americana já tenha caído mais de 50% este ano, a Intel continua a valer mais de 107 mil milhões de dólares.

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Tem um know-how único no mercado, mas também uma dívida de mais de 50 mil milhões de dólares que complica a estratégia de investimento que a empresa continua a ter de assegurar, para não perder ainda mais a oportunidade de se posicionar no mercado de chips de nova geração, com capacidade para processar tarefas de inteligência artificial.

As dificuldades da Intel têm-se arrastado ao longo dos últimos dois anos. Na última apresentação de resultados a empresa voltou a confirmar as piores expectativas, reviu em baixa as perspectivas para o trimestre seguinte e anunciou que ia cortar mais 15% da força de trabalho para reestruturar operações.

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Pat Gelsinger, CEO da Intel, tem afirmado que prefere encontrar uma solução para o futuro da companhia que permita manter todas as partes do negócio e diz que tem o apoio dos acionistas nessa visão, que parece difícil de levar adiante. Desde setembro que se diz que a Qualcomm também tem interesse em partes do negócio, bem como outros interessados, onde se incluem fundos de investimento.

A Qualcomm, por seu lado, definiu como estratégico expandir o negócio para conseguir gerar mais 22 mil milhões de dólares por ano até 2029. Em entrevista à televisão da Bloomberg no fim-de-semana, o CEO da empresa, Cristiano Amon, indicou que até à data a companhia não prevê a necessidade de nenhuma grande aquisição para alcançar o objetivo.

O negócio com a Intel traria como principais vantagens para a empresa, a possibilidade de entrar no mercado de chips para áreas diferentes daquelas que têm sido as mais exploradas pela Qualcomm até agora, como a computação pessoal ou o sector automóvel.

7,68 mil milhões de dólares em subsídios a caminho dos cofres da Intel

Esta terça-feira ficou fechado o acordo com o Departamento de Comércio norte americano que vai permitir à Intel receber um subsídio de 7,68 mil milhões de dólares para instalar novas fábricas de chips em diferentes zonas dos Estados Unidos.

O subsídio é menor que o previsto, o valor inicialmente anunciado era de 8,5 mil milhões, mas vem em boa hora para ajudar a empresa a implementar um plano de investimentos ambiciosos e dar o seu contributo para o programa americano de reforço da capacidade produtora do país nesta área.

A Intel tem planos de investimento superiores a 90 mil milhões de dólares para a instalação de fábricas de chips no Arizona, Novo México, Ohio e Oregon. O plano do Governo federal para apoiar a indústria tem 52,7 mil milhões de dólares para gastar, a maior parte no apoio ao reforço da capacidade produtiva.

“Isto significa ter chips desenhados na América e serem fabricados e produtizados por trabalhadores americanos nos Estados Unidos e por uma empresa americana, algo que não acontecia há muito”, destacou Gina Raimondo, secretária do comércio no anúncio do acordo.

A informação divulgada à imprensa durante o anúncio também indica que a Intel vai receber já 1000 milhões de dólares antes do final do ano, pelos passos já cumpridos do acordo. Foi também assegurado que a redução do subsídio não é uma consequência da situação financeira difícil da empresa mas da renegociação de alguns compromissos, cita a Reuters.

Nota de redação [26/11/2024 11:53]: A notícia foi atualizada com informação sobre o subsídio público que a Intel vai receber.