Os veículos guiados de forma autónoma estão a ganhar terreno como alternativa a formas mais tradicionais de entregar comida, encomendas ou medicamentos. Entre drones e veículos terrestres este é um mercado que tende a crescer exponencialmente nos próximos anos e onde a inovação tem permitido criar soluções cada vez mais capazes de responder às necessidades, mesmo que muitos desafios ainda permaneçam por ultrapassar.

Uma análise da IDTechEX sobre este tema calcula que só as receitas associadas a carrinhas de entrega autónomas deverá crescer 250 vezes entre 2023 e 2044. A consultora sublinha como nos últimos anos este tipo de veículos saiu do seu campo tradicional de atuação, em armazéns de logística ou para apoiar o manuseamento de cargas, para responder cada vez mais a novas tarefas. A evolução das tecnologias de navegação e o surgimento de robots móveis autónomos explicam a evolução.

A IDTechEx calcula igualmente que entre 2015 e 2022 o investimento em veículos autónomos de entregas, como carrinhas, robots que circulam pelos passeios ou drones, tenha já aumentado 653 vezes.

Várias grandes empresas estão a investir no segmento, como a Walmark que começou a fazer entregas com drones em vários Estados norte-americanos recentemente. A Amazon tem realizado vários testes com a tecnologia. Diversas companhias que desenvolvem soluções nesta área têm comprovado o interesse neste mercado pela capacidade de captar investimento e até clientes, mesmo antes de terem produtos comerciais no mercado ou ainda quando estão em fases muito experimentais. É o caso da Serve Robotics, que recentemente dispersou capital em bolsa, depois de conseguir angariar investimentos de 30 milhões de dólares. A Serve Robotics nasceu de um spin-off de uma empresa detida pela Uber e os seus pequenos carros robots já fazem entregas para a marca em algumas cidades nos Estados Unidos.

A Serve Robotics é uma das empresas que desenvolve soluções autónomas para entregas de comida. Pode receber um Uber Eats assim em Hollywood

No entanto, questões de regulação, eficiência e segurança destas alternativas continuam a colocar-se e isso também marca o passo ao desenvolvimento do mercado. Como sublinha a IDTechEX, ainda no início de junho deste ano um teste com drones realizado pela Amazon terminou numa aterragem de emergência que levou à destruição do veículo. Noutro teste, a empresa reportou que os drones ignoraram as instruções do operador. No chão, há vários relatos de problemas com robots da Starship, seja na interpretação de semáforos, ou por ficarem presos no gelo ou noutros obstáculos que se revelam difíceis de gerir no percurso.

Ainda assim, a pesquisa da IDTechEX constata que os campos de atuação dos dois modelos seguidos para o desenvolvimentos destes veículos de condução autónoma estão já bem definidos. Os drones são sobretudo requisitados para entregas mais urgentes, de medicamentos ou outros produtos na área da saúde (60%). Estão também a ser usados para a entrega de encomendas e de compras, como mostra o gráfico. Os veículos autónomos terrestres em três quartos dos casos estão a ser usados para entregar comida ou compras de mercearia, mas também são já um recurso para fazer chegar ao destino outro tipo de encomendas.

IDTechEx - Veiculos autónomos de entregas
créditos: IDtechEX

Os use cases destes dois tipos de soluções estão associados a diferentes variáveis, que fazem deles a solução mais ou menos adequada para cada contexto. Por exemplo, os robots que circulam no passeio podem percorrer entre 5 a 10 km com uma única carga. As carrinhas de entregas podem circular cerca de 50 km nas mesmas condições e trabalhar 24 horas por dia. Por outro lado, ambos os veículos são condicionados pelas condições de trânsito e pela acessibilidade nas zonas de percursos, sendo por isso soluções difíceis de implementar em zonas rurais.

Os drones de entregas garantem hoje, em média, capacidade para cobrir um raio de 10 km. Recuperam carga enquanto esperam por novas entregas. Não estão condicionados pelas infraestruturas rodoviárias, mas enfrentam mais desafios em termos de regulação, não só por questões relacionadas com a segurança, mas também com a privacidade, como se destaca também no Mobile Robotics in Logistics, Warehousing and Delivery 2024-2044.