Já começou o 32º Congresso da APDC, este ano dedicado ao tema da “Disruptions: The Great Digital Tech (R)Evolutions” e com um foco reconhecido nas áreas da economia, assim como nas novas tecnologias ligadas aos criptoativos, inteligência artificial e computação quântica. Logo na abertura a tecnologia foi posta à prova, quando Rogério Carapuça, presidente da APDC, começou o discurso de abertura com um texto que depois confessou ter sido feito num minuto pelo ChatGPT. E que teve aplausos.
"Este exemplo ilustra as disrupções de que estamos a falar [...] vão transformar de forma muito profunda a forma como trabalhamos e nos relacionamos uns com os outros", defende Rogério Carapuça que lembrou as mudanças significativas que aconteceram nos últimos anos.
Ainda na abertura, Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, admitiu que durante o discurso do presidente da APDC achou que faltava alguma coisa. "Faltava a tua alma", afirmou, admitindo que só depois do discurso pré-preparado no ChatGPT é que se sentiu a alma de Rogério Carapuça, e que é por isso que não devemos estar tão preocupados com a IA.
Para Carlos Moedas, há três características que são essenciais para a inovação e que podem ser encontradas em cidades inovadoras como Lisboa. Identidade, diversidade e tempo são apontados como elementos distintivos, e que podem ser encontrados na cidade. O tempo em especial foi referido pelos 11 unicórnios que a fábrica de unicórnios lançada por Carlos Moedas e que "permite fazer a digestão da mudança, o que tem efeito no talento, sublinha.
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O presidente do 32º congresso, Pedro Siza Vieira, trouxe um cunho mais económico à sessão de abertura e confessou estar muito entusiasmado por estar à frente do evento da APDC nesta altura de mudança acelerada, brusca, em que temos dificuldade de acompanhar o ritmo. Apesar de algumas das tecnologias que agora são massificadas, como o ChatGPT, já estarem conosco há algum tempo, "a ideia de que se materializa de repente é um sinal mais evidente desta mudança a estamos a assistir, com um ritmo muito rápido e uma reorganização da economia mundial".
Siza Vieira lembra que se a globalização trouxe um crescimento económico inédito e tirou milhões de pessoas da pobreza, permitindo a circulação de ideias, foi acumulando riscos, tensões e dependências estratégicas, que se sentiram com mais impacto na pandemia de COVID-19 e na Guerra na Ucrânia.
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"Ganhámos eficiência, mas houve ganhadores e perdedores", sublinha, defendendo que Portugal foi um dos principais perdedores. "O modelo económico de Portugal foi um dos perdedores da globalização, com a entrada da China que competia diretamente com as exportações tradicionais [...] levou a uma mudança muito grande o que produzimos face a 30 anos"
Numa nota mais positiva, o ex-ministro da Economia diz que as mudanças em curso estão a reproduzir-se em vantagens e potencial para Portugal, que já se sente nas exportações a crescer. "Aproveitámos estas duas décadas para melhorar, investir nas qualificações - estamos preparados para fazer coisas com mais valor e mais complexas - e não é por acaso que o maior crescimento está relacionado com as Tecnologias de Informação e exportação de alta e média alta tecnologia".
A sessão de abertura terminou com uma nota também positiva, mas de cautela, do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que num discurso pré-gravado lembrou que é preciso avançar sem deixar ninguém para trás.
"Temos de avançar sem deixar de ser colaborativos, olhar para as pessoas, reforçar a disponibilidade num mundo cada vez mais digital e mais exigente, onde os mais novos começam muito cedo a questionar a herança dos mais velhos", sublinhou.
Uma mudança inevitável no mundo do trabalho
A disrupção digital estende-se também à forma como trabalhamos e lideramos as empresas, e esse foi o tema de um dos painéis de debate durante a manhã. David Rimmer, Research Advisor da DXC Leading Edge, defendeu que as organizações continuam a olhar para o mundo "com os óculos do sec XXI" e lembrou que mudita coisa mudou na gestão e na componente industrial, e que há transformações obrigatórias.
Também Luisa Ribeiro Lopes olha para as mudanças com entusiasmo. "Estamos a assistir na primeira pessoa a um mundo alterado e isso é fascinante porque recentra o mundo nas pessoas", afirma.
"Passámos uma fase de deslumbramento com a tecnologia em que as pessoas ficaram para trás, eram números, e agora estão no centro, definem onde querem trabalhar, e com que empresas querem trabalhar, e os valores que querem seguir", explica a presidente do .PT.
Só com esses valores é possível criar valor, admite, lembrando que "o lucro é importante mas há outros valores que importam nas empresas".
Na mesma linha, Manuel Maria Correia, General Manager Portugal, DXC Technology, acredita que as empresas já perceberam que, quem já tem nos seus valores a prática do ESG, começa a ser mais rentável. Mas ainda há um caminho a percorrer "ainda não sabemos onde vamos estar, estamos a meio da ponte"
E fica o alerta de Luisa Ribeiro Lopes: "precisamos de pessoas com talento para os ativos que estão a dominar o mercado", por isso é preciso apostar nas pessoas.
O impulso das tecnologias, e das organizações da nova economia, deve também de ser alargado a outras áreas, porque "estamos todos no mesmo barco e temos de fazer uma transição digital que aproveite a todos".
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Nota da redação: A notícia foi atualizada com mais informação de um painel de debate. Última atualização 13h42
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