Com a pandemia de COVID-19 a tornar os hábitos ainda mais digitais, o número de cibercrimes aumentou, em particular os casos de crimes relacionados com o uso fraudulento de cartões de crédito: uma realidade que tem sido reportada por vários utilizadores ao Portal da Queixa.

Ao todo, o Portal da Queixa recebeu 943 reclamações dos consumidores relacionadas com cartões de crédito e pagamentos. Entre 1 de janeiro e 15 de julho deste ano, foi possível verificar um crescimento de 130%, face ao período homólogo, altura em que foram registadas apenas 404 reclamações.

De acordo com o Portal da Queixa, um dos principais motivos que fez disparar as reclamações dos consumidores prende-se com ataques de phishing e, aqui, a WiZink é a marca mais visada por estes esquemas de fraude.

O aumento e gravidade dos casos reportados originaram mesmo a criação por parte dos consumidores de um grupo online intitulado “Lesados WiZink”, que já conta com 25 pessoas que, alegadamente, entre abril e maio, perderam 130 mil euros nos cartões de crédito WiZink.

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O Banco de Portugal já estará a investigar o caso e pede aos lesados para apresentarem queixa, adiantando que a matéria criminal será remetida às autoridades policiais e que a WiZink deve demonstrar que a operação foi autenticada.

De acordo com dados do Centro Nacional de Cibersegurança, no ano passado, foram registados 1418 casos de cibercrime. Deste universo, 649 referem-se a fraudes, com destaque para os esquemas por phishing, que dispararam de 236 para 613.

O Relatório Anual de Segurança Interna 2020 (RASI) aponta também que as práticas de fraude têm sido facilitadas pela "crescente facilidade e normalidade do recurso ao comércio eletrónico, frequentemente sem as necessárias e adequadas regras de segurança”.

De acordo com Pedro Lourenço, CEO e Founder do Portal da Queixa, “o grande problema da sociedade” ao longo dos próximos anos “será certamente a insegurança dos dados pessoais e financeiros dos consumidores”, dado ao “natural crescimento na utilização de equipamentos tecnológicos e digitais”.

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“Grandes mudanças, trazem igualmente grandes riscos para todos, e para os combater nada melhor que o conhecimento, que infelizmente tem faltado a grande parte dos novos consumidores digitais, que começam a sentir, cada vez mais, a necessidade de utilizarem mecanismos tecnológicos que não dominam, por forma a não se sentirem infoexcluídos”, indica o responsável.

Pedro Lourenço sublinha também que “é urgente que os responsáveis governamentais ajam em prol dos interesses dos consumidores, com vista a garantir-lhes um acesso seguro, capaz e com a equidade necessária”.