A ministra da Justiça defendeu hoje que a proposta de lei do Governo que regula o acesso a metadados para fins de investigação criminal é “um caminho seguro” e que permite pôr fim a “um impasse jurídico e operacional”.
No debate potestativo marcado pelo PSD no parlamento, Catarina Sarmento e Castro manifestou-se disponível para se chegar a um “amplo consenso”, salientando a “natureza urgente” do tema. “A proposta de lei do Governo é o resultado do trabalho conjunto do Ministério da Justiça, dos órgãos de polícia criminal e da Procuradoria-Geral da República e assume natureza urgente. Impõe-se, no mais curto prazo possível, que se definam regras que permitam investigação criminal ancorada em meios de provas indispensáveis, com respeito pelos direitos dos cidadãos”, afirmou.
A ministra defendeu que a solução do Governo, que assenta numa “mudança de paradigma”, é “um caminho seguro para a superação do impasse jurídico e do impasse operacional”. “Permite a realização da justiça e não compromete os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos (…) Que possamos contar com uma maioria alargada é aquilo que desejo”, afirmou.
Enquanto PSD, PCP e Chega procuram responder à declaração de inconstitucionalidade do Tribunal Constitucional alterando a lei sobre conservação de metadados, de 2008, o Governo optou por fazer um novo diploma, que regula o acesso a metadados referentes a Comunicações Eletrónicas para fins de investigação criminal.
A ministra da Justiça alertou que “o momento de encruzilhada não é exclusivamente português” e defendeu que “enquanto o direito da União Europeia não se encontrar num ponto de equilíbrio suficientemente firme é inevitável que se busquem novas soluções e paradigmas”.
“Esta é uma matéria da competência do parlamento, o Governo trouxe uma proposta de solução, pretende contribuir para a solução e apela a um amplo consenso nesta casa”, afirmou Catarina Sarmento e Castro.
Diplomas passam à discussão na especialidade por um mês sem votação
O parlamento aprovou hoje requerimentos para a baixa à especialidade, sem votação, dos projetos-lei do PSD, Chega e PCP que pretendem alterar a lei de acesso a metadados e da proposta de lei do Governo sobre o mesmo tema.
Os requerimentos, aprovados por unanimidade, preveem que essa discussão na especialidade decorra por 30 dias na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, período após o qual o tema voltará a plenário.
O PS há tinha anunciado à Lusa estar disponível para viabilizar a discussão na especialidade todos os diplomas.
Num acórdão de 19 de abril, o Tribunal Constitucional declarou inconstitucionais normas da lei dos metadados que determinam que os fornecedores de serviços telefónicos e de internet devem conservar os dados relativos às comunicações dos clientes – entre os quais origem, destino, data e hora, tipo de equipamento e localização – pelo período de um ano, para eventual utilização em investigação criminal.
Na sequência de um pedido de declaração de inconstitucionalidade com força obrigatória geral feito pela provedora de Justiça, Maria Lúcia Amaral, o tribunal considerou que as normas em causa violam princípios consagrados na Constituição como o direito à reserva da vida privada e familiar e a proibição de acesso a dados pessoais de terceiros, salvo em casos excecionais, assinalando que "o legislador não prescreveu a necessidade de o armazenamento dos dados ocorrer no território da União Europeia".
Entretanto, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já comunicou que vai solicitar ao Tribunal Constitucional a fiscalização preventiva da nova lei sobre os prazos e condições para armazenamento de metadados das comunicações.
O PSD foi o primeiro partido a entregar no parlamento um projeto-lei para modificar a lei dos metadados, propondo a proibição da circulação e transferência de dados para fora de Portugal e da União Europeia.
Em segundo lugar, o diploma do PSD prevê uma redução do prazo de conservação dos dados para 12 semanas “a contar da data da conclusão da comunicação”, quando atualmente a lei prevê um ano, salientando que na Alemanha este prazo é atualmente de dez semanas.
Já a proposta do Governo, apresentada publicamente no passado dia 26, não contém qualquer prazo específico para a conservação de dados, remetendo antes para a lei geral sobre tratamento de dados, que é de seis meses na atividade comercial.
A ministra da Justiça, Catarina Sarmento e Castro, defendeu a existência de uma “mudança de paradigma” com a nova proposta legislativa do executivo e referiu, em termos de princípio, que “os dados só serão guardados enquanto considerados pertinentes”.
O novo diploma do Governo visa regular o acesso a metadados referentes a comunicações eletrónicas para fins de investigação criminal.
No projeto do Chega propõe-se uma diminuição para seis meses em matéria de prazo de conservação, e pretende-se também proibir que dados relativos à localização sejam guardados “de forma generalizada”.
O PCP, por sua vez, quer encurtar para 90 dias o prazo de conservação dos metadados de tráfego e de localização das comunicações eletrónicas, permitindo a sua disponibilização às autoridades apenas durante esse período.
No projeto-lei do PCP não se faz alterações ao artigo da lei referente ao acesso aos metadados, mas acrescenta como condição a transmissão dos dados a autoridades de outros países apenas ser feita “de acordo com as regras de cooperação judiciária internacional estabelecidas na lei”.
Pergunta do Dia
Em destaque
-
Multimédia
20 anos de Halo 2 trazem mapas clássicos e a mítica Demo E3 de volta -
App do dia
Proteja a galáxia dos invasores com o Space shooter: Galaxy attack -
Site do dia
Google Earth reforça ferramenta Timelapse com imagens que remontam à Segunda Guerra Mundial -
How to TEK
Pesquisa no Google Fotos vai ficar mais fácil. É só usar linguagem “normal”
Comentários