É conhecido como a Wikipedia dos mapas e através dele qualquer pessoa pode fornecer dados sobre informações relacionadas com estradas, restaurantes ou estações de comboio, por exemplo. O OpenStreetMap é um projeto de mapeamento colaborativo que, na prática, pode englobar todo o mundo, mas a verdade é que existem cerca de dois mil milhões de pessoas que não estão representadas neste mapa.
A garantia é dada por Ivan Gayton do projeto humanitário OpenStreetMap à BBC. "É vergonhoso que nós, enquanto cartógrafos do mundo, não tenhamos interesse suficiente para saber onde estas pessoas estão", considera, mostrando-se muito insatisfeito com esta realidade. "As pessoas estão a viver e a morrer sem aparecerem em nenhum banco de dados".
Para além de contar com dados de sites, qualquer pessoa pode adicionar informações na plataforma. Para isso, tem de criar uma conta que terá de ser autorizada pelos membros da equipa do OpenStreetMap. No entanto, a realidade é que o resultado final é, pelo menos agora, um trabalho com desigualdades: "um mapa mais atualizado em alguns lugares".
Para Ivan Gayton o projeto é o mapa mais completo e preciso para muitas regiões do mundo, sobretudo nas áreas rurais de África, onde a falta de investimento se traduz em páginas em branco onde milhões vivem. O cartógrafo dá o exemplo da República Democrática do Congo: "Não é como as pessoas não morassem lá, mas simplesmente não são gravadas".
Mapeamento e saúde pública são mais importantes do que o tratamento em casos de epidemias
O membro do projeto considera que esta realidade pode ser uma questão de vida ou de morte. "Se pensarmos num surto de doença como o coronavírus, o rastreamento de contactos é a forma de interromper as epidemias". "Não é o tratamento, é a saúde pública e os dados de mapas que tornam isso possível", garante.
O especialista trabalhou nos esforços de mapeamento durante o surto de ébola na África Ocidental entre 2014 e 2015. Como uma das conclusões, Ivan Gayton refere que a falta de dados causava problemas críticos na localização dos pontos críticos da doença. "Se entrar num estabelecimento de saúde em qualquer lugar do mundo com uma doença transmissível vão perguntar-lhe de onde é. Em regiões pobres, nem tem um sistema para descrever esse local".
Isso é algo que Liz Hughes, diretora executiva da Map Action, também é apaixonada. A organização ajuda a fornecer mapas para organizações humanitárias e governos, através de tecnologia e voluntários. A especialista dá o exemplo do caso das inundações, onde são necessários mapas atualizados com urgência. "Podemos descobrir onde está a necessidade mais crítica e, por isso, a ajuda pode ser mais bem direcionada num desastre natural ou numa situação de epidemia”.
Gayton reconhece que as empresas tecnológicas investiram grandes quantias nos seus esforços de mapeamento, mas considera que existe um "claro abismo" em termos de prioridade. "Não há muito incentivo comercial para o Google identificar a Starbucks mais próxima na República Democrática do Congo", afirma.
A contrariar esta tendência, em 2019 a OpenStreetMap juntou-se ao Facebook para tornar o mundo mais conectado, sobretudo os países subdesenvolvidos. Designada por Mapwith.ai, a iniciativa pretende a criação de um mapeamento a nível mundial, recorrendo a inteligência artificial.
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