Depois do encerramento das escolas nacionais a 16 de março devido à pandemia de COVID-19, as aulas passaram para o mundo online. O terceiro período letivo já começou e, embora o Governo esteja a preparar uma nova Telescola disponível através da TDT para os estudantes que não têm acesso a computadores ou à Internet, as aulas à distância em plataformas digitais tornaram-se numa nova realidade para muitos alunos .
A Direção-Geral da Educação, em parceria com o SeguraNet, o Centro Nacional de Cibersegurança e a Comissão Nacional de Proteção de Dados disponibilizaram um conjunto de recomendações para ajudar a proteger os alunos e professores contra as crescentes ameaças em plataformas que permitem a comunicação em vídeo e áudio.
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O bê-a-bá da partilha de informação em segurança
- É verdade que algumas plataformas digitais têm opções que permitem utilizar encriptação ponta-a-ponta, no entanto, a proteção de informações sensíveis não deixa de ser importante. Os dados pessoais como a morada, contactos e fotografias não devem ser partilhados, pois podem ser facilmente encontrados por cibercriminosos e utilizados de forma maliciosa. Recorde-se que, recentemente, mais de 500 mil contas Zoom estão à venda em fóruns de hackers na Dark Web.
- Por vezes, as sessões nas plataformas digitais são gravadas e os utilizadores deixam de ter controlo sobre a privacidade dos seus dados, incluindo o som e a imagem que partilham através do microfone e da webcam. Os equipamentos devem ser utilizados apenas quando for estritamente necessário e, uma vez que podem ser acedidos remotamente por atacantes, devem também ser desligados após cada uso.
- O administrador da reunião pode configurar a plataforma de modo a reduzir o risco de as sessões serem gravadas por terceiros. No entanto, as entidades responsáveis pela iniciativa indicam que, mesmo nestes casos, o controlo total da privacidade não é garantido, pois existe a possibilidade de gravar o que se está a passar nas reuniões através de software externo.
- A funcionalidade de envio de ficheiros no serviço de mensagens deve ser desativada para evitar a partilha de conteúdo malicioso. As recomendações estendem-se também à partilha de ecrã. O anfitrião da reunião pode configurar as opções da plataforma para evitar que qualquer pessoa partilhe o que está a ver no seu ecrã. Além disso, a utilização de uma marca de água no conteúdo transmitido é uma forma de proteger a propriedade intelectual do utilizador que o criou.
Quem pode entrar?
- As plataformas disponibilizam diferentes formas de convidar participantes para as sessões. Embora a partilha do URL da chamada com contacto direto pareça mais prática, o envio de um identificador e de uma palavra-passe é uma opção mais segura. Para adicionar mais uma camada de segurança, é possível exigir que os utilizadores se autentiquem na plataforma através de um login antes de entrarem na sessão.
- Os anfitriões devem ainda “trancar” a porta das reuniões virtuais, de forma a evitar que estranhos que tenham conseguido aceder ao link de entrada ou à palavra-passe entrem na sessão.
- Algumas plataformas digitais oferecem a possibilidade de criar uma “sala de espera” virtual antes das sessões começarem. A funcionalidade pode ajudar os anfitriões a monitorizar os quem chega e escolher quem pode participar.
A ciber-higiene é essencial
- É também importante manter algumas regras de ciber-higiene na utilização das plataformas. Assim, é necessário manter o software atualizado e assegurar que as palavras-passe usadas são fortes, não esquecendo de alterá-las com frequência e de utilizar credenciais diferentes para cada plataforma. Além disso, é recomendável fazer backups regulares, assim como não clicar em endereços desconhecidos ou abrir anexos suspeitos e evitar trabalhar em redes WiFi públicas.
As plataformas digitais são um útil recurso para inúmeros alunos e professores, mas a sua configuração nem sempre é assim tão fácil. Além das recomendações, a Direção-Geral da Educação disponibiliza alguns manuais práticos para plataformas como a Zoom, a Moodle e a Microsoft Teams. Em breve, serão também disponibilizados materiais de apoio para a Google Classroom.
Recorde-se que a CNPD já tinha alertado anteriormente para os riscos de privacidade do ensino à distância. No mesmo dia em que as medidas excecionais para as escolas foram comunicadas pelo Governo, o organismo que tem como função controlar e fiscalizar o processamento de dados pessoais publicou um documento com orientações para os diferentes intervenientes nos tratamentos de dados pessoais efetuados na utilização de tecnologias de suporte ao ensino à distância.
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