A Ucrânia está a recrutar voluntários para constituir um exército que opera na área digital contra a Rússia. O desafio foi lançado pelo próprio ministro da transformação digital do país, Mykhailo Fedorov, que durante o fim-de-semana divulgou a iniciativa no Twitter.
Quase 30 mil já subscreveram o canal do Exército TI da Ucrânia, desde então e até às 15 horas desta segunda-feira. Só nas últimas horas, o canal do Telegram ganhou milhares de novas subscrições.
A ideia é recrutar voluntários com conhecimentos de informática, que possam lutar ao lado da Ucrânia na ciberguerra contra a Rússia, promovendo ataques informáticos contra o país e ajudando a Ucrânia a defender-se do mesmo tipo de ataques.
Na mensagem publicada na rede social, o responsável explicou que a ideia é criar um "exército TI" e também garantiu que “vai haver tarefas para todos”, porque a luta na frente digital continua. Segundo o The New York Times, que traduziu as publicações, o pedido aos voluntários é para usarem todo o tipo de ciber e DDoS ataques, sobre diferentes alvos russos.
Os ataques de negação de serviço (DoS) são uma forma comum de provocar a indisponibilidade de sites, inundando-os de pedidos a que os servidores acabam por não conseguir dar resposta. Na forma distribuída (DDoS) a lógica é idêntica, mas há uma máquina/computador a comandar o ataque que é lançado, onde participam várias outras máquinas ao seu serviço.
Numa mensagem complementar ficou também um pedido de ajuda para identificar e reportar canais de YouTube dedicados à propaganda russa, com o intuito de acabar por fazer com que sejam bloqueados.
Recorde-se que os gigantes de internet norte-americanos, já anunciaram várias medidas de sanção à Rússia, que vão desde a limitação na transmissão de conteúdos, à suspensão de receitas de publicidade.
Também o grupo de hacking Anonymous, na passada sexta-feira, declarou ciberguerra à Rússia. Nos últimos dias o coletivo reclamou a autoria de vários ataques informáticos a sites do Kremlin e do Ministério da Defesa e ameaçou Putin com ataques mais graves. Nas suas mensagens, os Anonymous asseguram também que têm o apoio de hackers do mundo inteiro.
Esta nova “campanha de recrutamento” da Ucrânia para a ciberguerra passa pela rede social de messaging Telegram. A opção já foi comentada por Moxie Marlinspike, fundador de outra plataforma de mensagens conhecida por garantir o anonimato de todas as mensagens trocadas, o Signal.
O responsável alerta que a opção pode não ser a mais segura e explica, numa série de posts no Twitter que, ao contrário do que acontece com o Signal, as mensagens trocadas no Telegram não são codificadas de ponta-a-ponta. Ou seja, o fabricante da app tem as chaves de descodificação e, na prática, a qualquer momento pode usá-la para tornar perceptível o conteúdo das comunicações.
A única forma de usar o Telegram com garantia de anonimato é ativando manualmente a opção chat secreto, uma possibilidade que o responsável vê como pouco prática, mas útil para garantir de facto privacidade. O Telegram é um serviço russo.
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