No início do mês a Associação Nacional de Professores de Informática (ANPRI) tinha avisado que os problemas identificados no primeiro teste das provas de aferição em formato digital se mantêm, entre computadores avariados e falta de técnicos de informática. Os profissionais foram chamados a dar apoio técnico na reparação dos computadores atribuídos aos alunos e estão a considerar a possibilidade de greve.

Hoje a presidente da ANPRI vai reunir com a Fenprof, o sindicato de professores, para avaliar a possibilidade de uma greve, que não pode ser convocada pela associação. Em cima da mesa está a possibilidade de greve à Provas de Aferição do 5º e 8º ano, e aos Exames do 9º ano.

Faltam menos de três meses para o início das provas nacionais em formato digital e os professores de informática não querem ter de ser obrigados a dar apoio técnico na reparação dos computadores que foram atribuídos aos alunos durante as provas de aferição.

Pela primeira vez, também as provas do 9º ano, que começam a 12 de junho com as provas de Matemática,  vão ser realizadas com recurso aos computadores. Juntam-se às provas de Matemática e de Português dos alunos do 5º e 8º anos, a 3 de junho, que já obrigam a ter um computador.

“Querem que sejam os professores a ser os técnicos que vão desaparafusar aquilo, ver o que se passa e arranjar”, criticou o secretário-geral da Fenprof, na semana passada, sublinhando que esta não é uma função dos professores de informática que, “se quiserem e se souberem, até a podem fazer”, mas nunca poderão ser obrigados.

 “A sua função nas escolas não é serem técnicos daquilo que avaria. Mas estão a ser obrigados a fazê-lo e fora do seu horário”, criticou Mário Nogueira, garantindo que esta será também uma causa que a federação irá apoiar.

Mário Nogueira alerta que "há um grande número de computadores que se vão avariando, um pouco por todo o lado",  e lembra que o último concurso lançado pelo ministério da Educação para selecionar as empresas que iriam fazer a manutenção dos equipamentos tinha valores tão baixos que ficou deserto e, por isso, os diretores escolares têm pedido ajuda aos professores de informática.

Em declarações ao SAPO TEK, Fernanda Ledesma, presidente da direção da ANPRI, tinha sublinhado que a Associação não é contra a realização das provas de aferição em suporte digital. “Mas não concordamos com a sua realização sem condições que garantam alguma estabilidade ao processo”, afirma.

Na posição enviada às escolas, a ANPRI explica que as decisões de avançar com as provas em suporte digital exigem, na prática, que “a maioria dos professores de informática sejam diariamente convocados para prestar o mais diverso apoio técnico, desde a preparação de computadores, instalação de aplicações, correção de erros, anomalias ou avarias, acesso à internet, entre outras tarefas”.

A ANPRI defende que a responsabilidade da manutenção dos suportes e instrumentos informáticos assegurada por docentes de informática é uma “clara desconsideração da atividade profissional para a qual foram contratados”. 

A associação considera igualmente que a situação que está a ser imposta aos professores de informática “representa uma clara violação da Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas (LGTFP) e do Estatuto da Carreira dos Educadores de Infância e Professores dos Ensinos Básico e Secundário”.