O casal, de 36 e 23 anos, foi detido pela Polícia Judiciária (PJ), através do Departamento de Investigação Criminal de Leiria, e é suspeito de crimes de branqueamento e burla qualificada, no âmbito da burla “Olá Pai/Olá Mãe”. As burlas "ascendem a largas dezenas de milhares de euros" neste caso, sendo que um cálculo de 2023 indica que os esquemas “Olá Pai/Olá Mãe” podem ter chegado a perdas de 5,3 milhões de euros.
Segundo dados partilhados pela PJ, o casal, "através de contas próprias e de terceiros, recebia fundos das vítimas, imediatamente dispersados por contas em países europeus e, depois, transferidos para um país sul-americano, para contas que o casal titulava".
O processo de investigação decorria há cerca de 10 meses e agrega já um total de 21 inquéritos que a PJ indica que estão espalhados pelo país. Durante a busca domiciliária, no concelho de Leiria, "foi apreendido relevante acervo de prova, bem como a apreensão de 45 munições de calibre de guerra".
Os dados partilhados revelam que os valores que foram obtidos com estas burlas ascendem a"largas dezenas de milhares de euros" e a Polícia Judiciária vai prosseguir com a investigação para quantificar valores e identificar as pessoas que oram vítimas deste esquema.
Os detidos serão presentes a Tribunal para a aplicação das adequadas medidas de coação.
Autoridades já identificaram e detiveram vários burlões
Nos últimos meses a PJ tem eito várias detenções relacionadas com estes esquema conhecido como "Olá pai, Olá mãe". No início de maio desmontou uma estrutura que criava milhares destas burlas informáticas e apreendeu 49 modem, que acoplavam 32 cartões SIM por aparelho, o que significava que operavam 1.568 cartões em simultâneo
O esquema consiste em enviar mensagens, normalmente via WhatsApp, para uma potencial vítima simulando o contacto de um filho/filha a precisar urgentemente de uma transferência de dinheiro para resolver um problema. Quem recebe o contacto pode nem ter filhos. Noutras vezes pode ter e acreditar no pedido, seguindo as indicações dadas na mensagem e avançando com a transferência pedida, sem sequer verificar se o contacto diferente que o dito filho ou filha está supostamente a usar para fazer o pedido é de facto seu, ou está mesmo a ser usado por ele.
Têm sido partilhadas recomendações que devem ser seguidas por quem recebe um contacto deste tipo. Desde logo, tentar fazer uma chamada para o número de onde são enviadas as mensagens, para perceber se quem está do outro lado é quem diz ser.
Normalmente, os burlões convencem as vítimas da autenticidade da comunicação explicando que o contacto não é feito do número habitual do filho ou filha porque o telemóvel se perdeu, ou há algum problema com o cartão, o que não deve bastar para confirmar a autenticidade das mensagens.
Outras estratégias que as potenciais vítimas podem usar, para perceber se estão em risco de cair numa burla, é ligar para o número habitual do filho ou filha e verificar se de facto esse contacto está ou não operacional. Outra opção ainda é aproveitar a troca de mensagens, que em alguns casos se prolonga durante horas, para fazer algumas perguntas ao suposto familiar, às quais só ele ou ela saibam responder, sobre datas de aniversário, ou detalhes da vida doméstica, por exemplo.
As burlas "olá mãe, olá pai" têm persistido, mesmo com todos os alertas das autoridades e com algumas detenções importantes e estão entre os esquemas que podem ser agravados com o contributo da inteligência artificial. A mesma tecnologia deepfake que serve para alterar imagens e pôr a circular na internet nudes da Taylor Swift, ou de uma colega de escola, também tem aplicações para modificação de voz, que já começou a ser usada para burlas.
Nota da Redação: A notícia foi atualizada com mais informação. Última atualização 10h54
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