Um estudo da Stanford University revela que os sistemas de reconhecimento de voz da Amazon, Apple, Google, IBM e Microsoft não estão preparados para identificar corretamente o que indivíduos de diferentes raças dizem. Os investigadores descobriram que os sistemas reconhecem com muito menos precisão as palavras ditas por utilizadores que não são caucasianos.
Para perceber a forma como os sistemas reconhecem diferentes vozes, os investigadores decidiram colocá-los a transcrever quase 20 horas de entrevistas com 73 participantes de origem africana e 42 participantes brancos. O estudo publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences dá a conhecer que a percentagem de erros dados pelos sistemas ao ouvir pessoas com pele de tom negra situa-se nos 35%, sendo que 20% do áudio ouvido é considerado “ilegível”. Já no que toca aos utilizadores brancos, o valor ronda os 19%, sendo que não conseguem compreender apenas 2% das amostras de áudio recolhidas.
Os investigadores da Stanford University concluem que o preconceito racial existente nos sistemas é fruto da forma como são treinados. De acordo com John Rickford, um dos autores do estudo, em entrevista ao The New York Times, as cinco gigantes tecnológicas estão todas a “cometer o mesmo tipo de erro”. “Seria expectável que todos os grupos étnicos estivessem bem representados por estas empresas, mas não estão”, afirmou o investigador.
Em resposta ao estudo, Justin Burr, um porta-voz da Google indicou que a empresa está empenhada na melhoria da precisão do seu sistema de reconhecimento de voz. “Ao longo dos anos, temos vindo a tentar encontrar uma solução para o desafio de reconhecer de forma exata as diferentes variações a nível de fala e vamos continuar a fazê-lo”.
Já um porta-voz da IBM afirmou que a empresa continua a desenvolver e a melhorar as capacidades de processamento de voz do seu sistema. Até à data, ainda nenhuma das outras gigantes tecnológicas mencionadas no estudo comentou acerca do sucedido.
O estudo volta a trazer a público a questão do preconceito ou ainda da discriminação nos sistemas de inteligência artificial. Anteriormente, um estudo do MIT revelou que a tecnologia de reconhecimento facial da Amazon dava muito mais erros ao tentar identificar mulheres e pessoas negras. Recorde-se também o exemplo do chatbot da Microsoft, o qual a Internet conseguiu ensinar a ser racista.
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