No dia em que a iServices volta a apresentar novos produtos e gadgets da sua marca própria iS, o SAPO TEK entrevistou o CEO de empresa Bruno Borges para um balanço sobre a expansão internacional da marca. “Foi um ano atarefado, temos conseguido cumprir os objetivos, mas o ano ainda não acabou”. A empresa teve como objetivo para este ano abrir 50 lojas, fizeram até à data 30 aberturas, destacando o bom ritmo que tem sido feito e garante que a meta vai ser alcançada.

De recordar que a iServices tinha alcançado o marco das 50 lojas em 2023 pelo país, mas a expansão internacional teve início em maio de 2022 com a sua sucursal em Tenerife, nas Canárias em Espanha. Quando o SAPO TEK entrevistou Bruno Borges no ano passado, a empresa tinha começado o plano de expansão pela Bélgica e França, com planos para inaugurar quatro lojas em Bruxelas e duas em Paris.

Continuada expansão internacional e objetivo de abrir 200 lojas até ao fim de 2025

Até à data, foram abertas 12 lojas na Bélgica e seis em Paris, mas a França será o mercado com a maior evolução da marca nesta parte final do ano, uma vez que pretende sair fora da capital. Bruno Borges aponta a burocracia como principal entrave a uma expansão mais rápida. “A evolução foi diferente, mas muito importante nas duas geografias”.

“Nós sabemos do impacto que a nossa marca tem em Portugal e estamos habituados à nossa realidade e quando partimos para uma nova geografia ficamos sempre com muitas dúvidas, de qual a aceitação da nossa marca própria, a aceitação e necessidade deste tipo de serviço de reparação na hora que temos em Portugal há tantos anos e a aceitação no mercado dos recondicionados, que são as nossas três principais áreas de negócio”.
Lojas da iServices em Tenerife
Lojas da iServices em Tenerife créditos: iServices

Com uma presença de nove meses na Bélgica, a iServices já é considerada a empresa que eventualmente faz mais reparações no país, aponta Bruno Borges, sendo a que tem mais lojas neste mercado. “Era difícil ter corrido melhor do que correu”. Na última sexta-feira inaugurou mais uma loja no país e afirma que a cada nova abertura nota o reconhecimento da marca. Destaca que se trata de um país pequeno, mais ou menos do tamanho do Alentejo, mas com uma densidade populacional semelhante a Portugal. “As pessoas já nos conhecem bem, já falam da nossa marca, já chegam às nossas lojas referenciadas por amigos ou de outras lojas da cadeia, sendo uma experiência que correu muito bem”.

A França, sendo um país maior em termos geográficos e de população, Bruno Borges aponta que não tem “nem de perto” o mesmo reconhecimento que tem na Bélgica, mas que esse trabalho está a ser feito. A empresa sente que acertou nas localizações, que está nos melhores locais de cada país, nas principais ruas e centros comerciais.

Bruno Borges prevê um ano de 2025 desafiante, com um ritmo mais acelerado na abertura de lojas. Uma certeza é que a Bélgica e a França são duas geografias onde a empresa pretende continuar a apostar. No próximo ano a iServices vai chegar a mais dois países, pelo menos, embora não possa ainda divulgar quais. “O ritmo de aberturas vai novamente duplicar. Fizemos o desafio de passar das 50 para as 100 lojas e é isso que estamos agora em fase de conclusão”. Bruno Borges aponta que no próximo ano gostariam novamente de duplicar o número de lojas, confirmando a abertura de 200 até ao final de 2025. A maioria será no estrangeiro, mas também em Portugal.

Lojas da iServices em Tenerife
Lojas da iServices em Tenerife créditos: iServices

No mercado nacional, a iServices ainda não está em todos os concelhos do país onde gostaria de estar, nem em todos os distritos e esse é um dos objetivos. “Temos um lema que gostamos de estar no máximo a 25 minutos de distância de cada português e se olharmos para esse desafio ainda estamos distantes de alguns e vamos continuar a abrir lojas em Portugal”.

Foi ainda destacado que a iServices conseguiu encontrar equipas que estão ao nível da empresa. Conta atualmente com 400 funcionários a nível global, sendo que 350 estão em Portugal. Bruno Borges diz que a rotação é muito pequena e que a taxa de retenção dos funcionários é bastante elevada. As reparações têm médias de pontuação 4,8 em 5 em mais de 50 mil análises dos clientes.

Apesar de Portugal abastecer as lojas no estrangeiro, em breve a Bélgica vai ter uma estrutura própria de recursos humanos, e mais tarde também a França. O objetivo é que cada mercado seja autónomo, apesar de responderem à estrutura central em Portugal. Ficam os elogios à estrutura da Bélgica, referida como ter totalmente absorvido a cultura de Portugal.

Marca iS continua a crescer e a escolha de produtos é mais rigorosa

A iS, a marca própria da iServices, comemorou no ano passado os 10 anos de existência, tendo sendo comemorado com um evento especial. A marca surgiu depois dos serviços de reparação, mas que foi preponderante ter uma marca própria, ter algo que possam dizer aos seus clientes que só existe com eles. Nesse evento foi feito uma retrospetiva da marca, tendo não apenas os produtos de 2023, mas de anos anteriores.

Este ano, vão ser apenas apresentados novos produtos, que chegam ao mercado ao longo dos próximos meses até à Primavera de 2025. Aponta que são mais de 20 ilhas de produtos diferentes, destaca que as embalagens são melhores e uma seleção de produtos mais cuidadas. Passaram de quatro para cinco línguas diferentes, introduzindo agora o holandês.

Veja na galeria imagens de produtos da marca iS:

O CEO da iServices aponta que este evento serve, não apenas para mostrar aos seus clientes mais frequentes e fornecedores os novos produtos, como também é uma forma de motivar as pessoas que trabalham na iServices e valorizarem cada vez mais esta marca que tem sido criada. Segundo Bruno Borges, a marca iS vende cerca de 50 mil produtos por mês, registando um crescimento de 30 a 40% por ano. Tem uma cadência de produtos novos a chegarem à loja todas as semanas.

A marca iS divide-se essencialmente em duas áreas: os acessórios para smartphones, assim como gadgets curiosos que também vendem bem. O líder da empresa destaca produtos como vaporizadores de aromas controlados à distância, microfones de lapela apontados como tendo uma qualidade/preço capazes de combater os produtos DJI Mic e a Rhode. Tem vasos tecnológicos de hidroponia para ajudar a cultivar plantas em casa. As garrafas de água inteligentes com alarmes de aviso para beber a cada duas horas. Tratam-se de produtos, segundo Bruno Borges, que saem um pouco fora do seu negócio principal, mas que são relevantes para a marca.

Todos os produtos que são introduzidos no catálogo da iS obedecem a uma seleção cuidada, onde são testados mais de 100 produtos e fábricas até se escolher um equipamento para lançar.

Lojas da iServices em Tenerife
Lojas da iServices em Tenerife créditos: iServices

Questionado sobre a possibilidade da iS lançar um smartphone de linha própria, Bruno Borges afirma que não está no horizonte e não está pensado. Salienta que existe muita tendência de marcas grandes estabelecidas entrarem neste mercado e abandonarem. A LG foi uma das marcas que saiu deste mercado. A empresa não tem a dimensão para entrar no mercado dos smartphones de marca própria, além de que não pretende associar-se a uma única marca.

O CEO da empresa diz que sempre fugiram a convites de associações a empresas de reparação de apenas uma marca. A empresa começou com a Apple, depois a Samsung, mas, entretanto, outros marcas que surgiram e desapareceram do mercado. Por isso, Bruno Borges não faz ideia de que marcas vai estar a reparar daqui a 10 anos. Por outro lado, a iS tenta estar à parte das marcas, focando-se em produtos multimarca, que todos possam comprar.

iPhone 16 representa uma evolução na reparação, mas não para todos

Com o recém-lançamento do iPhone 16, a empresa ainda nota pouco movimento ao nível das retomas. Por norma, nas primeiras semanas após o lançamento de um novo iPhone é sempre fraco, apenas em novembro e dezembro começa a acelerar. Mas nesta fase, a empresa procura estar sempre preparada para a chegada dos grandes smartphones, disponibilizando acessórios, nomeadamente capas. Antes do iPhone 16 chegar às lojas já disponibilizava as capas e outros acessórios. Bruno Borges afirma mesmo que muitos clientes já compraram as capas uma semana antes do lançamento do iPhone 16.

Recentemente a iFixit abriu o iPhone 16 e deu uma boa nota na reparação do smartphone, indicando o bom caminho, sobretudo na remoção e substituição da bateria. Bruno Borges diz que teve a oportunidade de ver o respetivo “teardown” do equipamento e aponta que a Apple continua a não ser o maior exemplo do caminho que tem de ser feito relativo ao direito à reparação. “Os preços dos acessórios e a forma como estes estão bloqueados na sua compra ainda não está a cumprir a regulamentação europeia, mas acredito que no futuro tenhamos acesso a componentes a um preço competitivo e justo. Que tenhamos equipamentos que tenham preços acessíveis para o cliente final, para que o possa reparar, se for o caso, e sem mensagens de erro”.

Bruno Borges - iServices
Bruno Borges - iServices Bruno Borges, CEO da iServices.

Ainda assim, encontrou algumas alterações interessantes, nomeadamente a bateria que é mais fácil de retirar. A dimensão dos produtos, no caso do iPhone 16 a logic board é mais compacta que o modelo anterior, abrindo espaço para a bateria e a câmara que é maior. “A reparação parece estar um pouco mais simples, ainda assim, qualquer pessoa que queira reparar, facilmente vai encontrar diversas dificuldades e por isso desaconselho totalmente alguém a querer reparar o smartphone”. Bruno Borges diz que a taxa de sucesso da reparação em casa é de menos de 1% e a probabilidade de partir o smartphone é elevada, sendo preciso acessórios específicos.

Ainda assim, diz que se está a caminhar nesse sentido de facilitar as reparações. É importante que as marcas cumpram aquilo que está estabelecido, pelo menos na União Europeia, a disponibilização de peças a um preço encorajador de reparar. “Não é aceitável pedirem 300 ou 400 euros para reparar um iPhone X e pedirem o mesmo valor para reparar um iPhone 16. A estratégia competitiva das marcas de permitir reparar smartphones não é nenhuma. O que as marcas querem é que todos os anos os clientes comprem um novo equipamento, mas sabemos que isso não é sustentável, além de não se justificar o salto tecnológico”. Com isso, pede que as marcas disponibilizem peças para que os clientes tenham acesso a equipamentos recondicionados nas melhores condições possíveis.