Portugal prepara-se para uma nova massa de ar quente, um fenómeno climatérico - entre outros - que começa a ser habitual à medida que são batidos recordes consecutivos da temperatura do ar em todo o mundo. Há novos máximos tanto para o ar como para a água dos oceanos e pertencem a março de 2024.
A temperatura média de março foi de 14,14°C, superando o recorde anterior de 2016, de acordo com dados do observatório Copernicus. O valor ficou 0,10 graus acima do que o março mais quente medido até ao momento, em 2016, e 0,73 graus acima da média para o período de referência de 1991 a 2020.
O programa de observação da Terra da União Europeia (UE) acrescentou ainda que março foi igualmente o décimo mês consecutivo de recorde de calor, mas não só. A temperatura média de março de 2024 foi 1,68°C superior à registada num mês de março típico durante o período pré-industrial (1850-1900), a base utilizada para as temperaturas antes de a queima de combustíveis fósseis ter começado a crescer rapidamente.
Os oceanos também não escapam ao calor excessivo. Depois do recorde de temperatura média da superfície da água em fevereiro, os oceanos atingiram novos máximos de 21,07ºC em março, exceto nas áreas próximas aos polos.
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Os oceanos cobrem 70% do planeta e mantêm a superfície da Terra habitável ao absorver 90% do excesso de calor produzido pela poluição das emissões de carbono procedentes da atividade humana desde o início da era industrial.
A subida da temperatura da água ameaça a vida marinha e significa mais humidade na atmosfera, o que provoca condições meteorológicas mais instáveis, como ventos violentos ou chuvas torrenciais, indica a organização.
"Quanto mais quente a atmosfera global, mais numerosos, graves e intensos serão os fenômenos extremos", afirmou a cientista, que citou a ameaça de "ondas de calor, secas, inundações e incêndios florestais", referiu Jennifer Francis, do Centro de Investigação Climática Woodwell.
O calor recorde registado durante este período não foi uma surpresa devido a um forte El Nino, condição climática que aquece a zona central do Pacífico e altera os padrões climáticos globais. "Mas a combinação deste com as ondas de calor marítimas não naturais fez com que estes recordes fossem de cortar a respiração", reagiu a cientista. Com a desaceleração do El Nino, as margens pelas quais as temperaturas médias globais são ultrapassadas todos os meses deverão diminuir, acrescentou.
Os cientistas do clima atribuíram a maior parte dos recordes de calor às alterações climáticas provocadas pelo homem, devido às emissões de dióxido de carbono e metano produzidas pela queima de carvão, petróleo e gás natural.
Enquanto isso, o gelo marinho continua a diminuir, tanto na parte superior como na parte inferior do planeta. Na região da Antártida registou em fevereiro mínimos quase históricos pelo terceiro ano consecutivo, indicando uma tendência preocupante de longo prazo. Atribuídas ao aquecimento global, essas perdas recorrentes têm implicações significativas para o clima e para a saúde do planeta.
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Enquanto isso, no outro extremo do planeta, a cobertura máxima de gelo no inverno no Oceano Ártico continua a baixar, refletindo um padrão de 46 anos de redução constante.
As imagens de satélite revelam que a área total coberta por gelo marinho estava nos 15,65 milhões de quilómetros quadrados a 14 de março. Isso representa menos 640.000 quilómetros quadrados de gelo do que a média entre 1981 e 2010. No geral, a cobertura máxima de gelo no inverno no Ártico diminuiu numa área equivalente ao tamanho do Alasca desde 1979, comparava a NASA.
Recorde-se que 2023 foi considerado o ano mais quente desde que há registos, com os números a ficarem 1,2 graus acima do normal.
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