“O relatório de temperatura global da NASA e NOAA confirma o que milhares de milhões de pessoas em todo o mundo experimentaram no ano passado; estamos a enfrentar uma crise climática”, afirmou o administrador da NASA, Bill Nelson, citado em comunicado. Para o responsável, o calor extremo, os incêndios florestais e ao aumento do nível do mar são algumas das provas de como a Terra está a mudar, com riscos climáticos aumentados.
O mês de Julho já tinha sido registado como o mais quente de sempre, mas agora os cientistas validam que o aumento de temperatura abrange todo o ano, embora entre julho e dezembro tenha sido mais extremo.
Na semana passada os cientistas europeus tinham partilhado a sua avaliação e a NASA marcou para hoje a comunicação do seu estudo, com os dados recolhidos pelos satélites da agência espacial norte americana e do NOAA.
O Serviço de Alterações Climáticas Copernicus (C3S) da União Europeia referem que 2023 foi o ano mais quente nos registos de temperatura global desde 1850 e adiantaram mesmo que "muito provavelmente" este foi o ano mais quente dos últimos 100.000 anos, usando comparação com dados paleoclimáticos de fontes como anéis de árvores e bolhas de ar em glaciares.
O mapa publicado hoje pela NASA mostra anomalias na temperatura da superfície global, indicando as variações de temperatura nas várias regiões do planeta, assinalando se foi mais quente ou mais fria em comparação com a média de 1951 a 1980. As temperaturas normais são mostradas a branco, as temperaturas acima do normal a vermelho e laranja, enquanto as temperaturas abaixo do normal estão a azul.
Em média, os cientistas do Goddard Institute for Space Studies (GISS), da NASA, indicam que as temperaturas globais estiveram cerca de 1,2 graus Celsius (2,1 graus Fahrenheit) acima da média do período de referência da agência, que se refere a 1951-1980. Mas a informação partilhada revela também que, no geral, a Terra estava cerca de 2,5 graus Fahrenheit (ou cerca de 1,4 graus Celsius) mais quente em 2023 do que a média registada no final do século XIX, quando começaram os registos modernos.
Uma animação permite avaliar a evolução das temperaturas ao longo dos vários anos
“O aquecimento excepcional que estamos a experimentar não é algo que tenhamos visto antes na história da humanidade”, defende Gavin Schmidt, diretor do GISS. “É impulsionado principalmente pelas nossas emissões de combustíveis fósseis, e estamos a ver os impactos em ondas de calor, chuvas intensas e inundações costeiras”
Para além dos efeitos da atividade humana, os cientistas analisaram também outras fenómenos que têm impacto na temperatura, como o El Niño, os aerossóis e a poluição, e ainda as erupções vulcânicas.
No caso do padrão climático oceânico El Niño e El Niña, causado pela alternância das temperaturas da superfície do mar ao longo do equador entre temperaturas mais altas, médias e mais frias, nos anos de 2020 a 2022 o Oceano Pacífico assistiu a três eventos consecutivos de La Niña, que tendem a arrefecer as temperaturas globais. Em maio de 2023, o oceano Pacífico passou de La Niña para El Niño, o que muitas vezes coincide com os anos mais quentes já registados.
Os satélites do programa Copernicus e da NASA, assim como drones, garantiram algumas das imagens mais impressionantes de 2023, entre sismos, vulcões em erupção e ondas de calor – assim como de outras catástrofes como os ataques na Ucrânia e na Faixa de Gaza. Foi o caso do impacto do calor que se sentiu em vários países europeus.
Veja as imagens de registo de temperatura à superfície em várias cidades europeias
O impacto da erupção do vulcão submarino Hunga Tonga-Hunga Ha’apai, em janeiro de 2022, que lançou vapor de água e partículas finas, ou aerossóis, na estratosfera, foi também analisado pelos cientistas. Um estudo recente revelou que os aerossóis vulcânicos permitiram um ligeiro arrefecimento global de menos de 0,2 graus Fahrenheit (ou cerca de 0,1 graus Celsius) no Hemisfério Sul após a erupção dado que reflectem a luz solar para longe da superfície da Terra.
Na altura as imagens foram captadas por satélites
Para os dados agora partilhados com temperatura do ar e da superfície, a NASA usa dezenas de milhares de estações meteorológicas, assim como dados de temperatura da superfície do mar fornecidos por instrumentos baseados em navios e bóia. A agência indica que os dados são analisados utilizando métodos que têm em conta o espaçamento variado das estações de temperatura em todo o mundo e os efeitos do aquecimento urbano que podem distorcer os cálculos.
Os dados são disponibilizados de forma aberta com um dataset de temperaturas da superfície e também dados sobre como os cientistas fizeram as análises, que são disponibilizados pelo GISS.
Nota da Redação: A notícia foi atualizada com mais informação. Última atualização 18h05
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