Mês de Abril regista novos recordes de temperatura e seca ameaça grande parte da Europa

8 mai 2025 06:53

O mês passado foi o segundo abril mais quente já registado, com uma temperatura média global de 14,96 graus Celsius (°C), 0,60°C acima da média entre 1991-2020, indicou hoje o programa europeu Copernicus.

Segundo o Serviço de Alterações Climáticas Copernicus, do Centro Europeu de Previsões Meteorológicas, "abril de 2025 foi 0,07°C mais frio do que o recorde de abril de 2024 e 0,07°C mais quente do que o terceiro mais quente em 2016".

Em comunicado, acrescenta que a temperatura registada no último abril foi 1,51°C acima da média estimada de 1850-1900 utilizada para definir o nível pré-industrial. Limitar o aumento da temperatura média global a 1,5°C acima do nível pré-industrial é um dos objetivos do pacto de Paris para reduzir ao mínimo o impacto das alterações climáticas.

Na Europa, a temperatura média foi de 9,38°C, 1,01°C acima da média do referido período, o que significa que foi "o sexto abril mais quente" deste território.

As temperaturas mais quentes registaram-se no leste da Europa, oeste da Rússia, Cazaquistão e Noruega, "enquanto as mais frias do que a média ocorreram na Turquia, partes orientais da Bulgária e Roménia, Península da Crimeia e norte da Fino-Escandinávia", que inclui as penínsulas escandinava e de Cola, a Carélia e a Finlândia.

Fora da Europa, registaram-se temperaturas superiores à média no Extremo Oriente russo e em grande parte do Centro-Oeste da Ásia, assim como na maior parte da América do Norte, parte da Austrália e em quase toda a Península Antártica, enquanto as "mais inferiores à média" foram sentidas no sul da América do Sul, no leste do Canadá, na região dos Grandes Lagos e na Baía de Hudson, no nordeste da Gronelândia e em Svalbard, no norte da Austrália e no leste da Antártida.

"A temperatura média da superfície do mar (TSM) para abril de 2025 (...) foi de 20,89°C, o segundo valor mais elevado registado para este mês, 0,15°C abaixo do recorde de abril de 2024", refere o comunicado do Copernicus.

A informação partilhada adianta que o clima foi predominantemente mais chuvoso do que a média na maior parte do sul da Europa, norte da Noruega, sul da Finlândia e partes do oeste da Rússia, precisando que a chuva forte na região dos Alpes causou inundações, deslizamentos de terras e avalanches.

Em sentido contrário, grande parte da Europa Central, a Grã-Bretanha, o sul da Fino-Escandinávia e parte da Europa de Leste registaram em abril condições mais secas do que a média.

O relatório partilhado mostra ainda que o clima no mês passado foi também mais seco do que a média "em grande parte do oeste da América do Norte, na Ásia central e oriental, bem como na maior parte do sul da Austrália, Madagáscar e partes da América do Sul".

Condições mais húmidas do que a média foram registadas em partes do Canadá e do Alasca, no Centro-Oeste dos Estados Unidos, em partes do extremo leste e centro da Rússia, no sul de África, no norte da Austrália e no centro da América do Sul.

Seca ameaça parte significativa da Europa

Segundo o Copernicus, os baixos níveis de pluviosidade, os solos secos e os rios em regressão estão a pressionar os ecossistemas europeus, afetando a agricultura e as rotas de transporte em toda a Europa e regiões vizinhas.

Dados partilhados recentemente mostram a redução do caudal dos rios e o agravamento da seca. Um clima mais quente do que a média e a menor precipitação em grande parte do continente europeu desde o início do ano contribuem para esta situação, como refere o relatório Seca na Europa , publicado no mês passado.

As previsões até junho revelam que a expectativa é de que as condições meteorológicas sejam mais secas do que a média no norte e oeste da Europa, pelo que há preocupações crescentes sobre o impacto na agricultura, nos transportes fluviais e nos ecossistemas.

O mês de Março foi o mais seco já registado para o mesmo período na Alemanha e o nível da água do rio Reno em Colónia baixou para os 1,54 metros, cerca de metade do habitual para esta época.

Em contraste, a maior parte de Portugal, Espanha, e as zonas oeste e centro de França tiveram um inverno chuvoso, enquanto o norte de Itália registou igualmente um início de primavera com mais chuva. Em algumas zonas, a precipitação intensa provocou mortes e danos em infraestruturas.

Este mapa mostra as zonas onde o solo está mais seco do que o normal, com a coloração mais escura, enquanto nas manchas em azul os níveis de água estão acima do habitual.