Portugal está apostado em “criar uma agenda industrial para a conceção, integração e operação de satélites” e passar a fazer parte do conjunto de países com indústria espacial, garantiu a ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
Como resultado desta agenda, Elvira Fortunato anunciou que está previsto o lançamento e a operacionalização de 30 satélites, em várias constelações, para novos serviços de monitorização do território, terrestre e marítima, e o desenvolvimento de política de dados nacionais de observação da Terra, tendo como objetivo o lançamento de novos serviços de observação da Terra.
O início dos voos suborbitais “deverá ser uma realidade ainda este ano”, estando a ser desenvolvidas as capacidades de retorno e acesso ao Espaço com a criação do centro tecnológico de Santa Maria, assim como novas estações de Terra para reforçar o teleporto e as alterações ao nível legislativo para permitir a instalação de infraestruturas de acesso ao Espaço.
Para a ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, “hoje não há desculpa possível”: existem infraestruturas, orçamento e todas as condições para mostrar aquilo que Portugal é capaz no sector espacial, referiu durante a sessão de abertura da conferência de comemoração dos 30 anos de lançamento do PoSAT-1, esta segunda-feira, em Lisboa.
Em 1993 “o contexto era difícil até por falta de massa crítica, mas hoje não nos podemos queixar”, concordou Ricardo Conde.
“Portugal tem hoje os recursos necessários para fazermos sonhar e os recursos financeiros para implementarmos este programa espacial, dando continuidade aquilo que começámos”, referiu o presidente da Portugal Space.
A adesão à Agência Espacial Europeia, em 2000, foi um marco incontornável, mas a história de Portugal no Espaço, iniciou-se muito antes. Segundo a Portugal Space, os primeiros passos do sector espacial português foram dados em 1972, com a Conferência das Nações Unidas sobre a “Utilização Pacífica do Espaço Exterior Atmosférico”, em Viena.
António Silva de Sousa, Diretor-Geral do Serviço Meteorológico Nacional, representou Portugal e a Comissão Permanente de Estudos do Espaço Exterior (CPEEE), que fora criada em janeiro de 1970 sob a égide da Presidência do Conselho de Ministros.
O primeiro resultado materializou-se a 25 de setembro de 1993, com o lançamento do PoSAT-1 no voo 59 de um foguetão Ariane 4, lançado a partir do Centro Espacial de Kourou, na Guiana Francesa.
A valores correntes, o projeto rondou os cinco milhões de euros, havendo uma parte financiada pelo então Programa Específico de Desenvolvimento da Indústria Portuguesa, mas também pelas empresas que constituíam o Consórcio PoSAT-1: INETI, EFACEC, Alcatel, Marconi, OGMA, UBI e CEDINTEC.
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Na noite do lançamento, "quando já todos os responsáveis políticos comemoravam com champanhe, num quarto de hotel, o lançamento do PoSAT-1", Fernando Carvalho Rodrigues, considerado o pai do satélite, só terá descansado quando recebeu um fax do Centro de Comando de Satélites em Alfouvar "a garantir ter recebido o sinal e ter começado a ‘falar’ com o satélite”, partilhou, entre outras histórias contadas durante a conferência, por quem também fez parte ou contribuiu para o projeto português, como o ex-ministro Mira Amaral, Deodato Cardoso, João Batalha ou José Rebordão.
O PoSAT-1 foi usado para telecomunicações em vários países, nomeadamente pelo exército português, em missões na Bósnia. Deixou de emitir sinal em 2006, depois de um período de 13 anos operacional, cerca do dobro do tempo de vida inicialmente estimado, que era de cinco a oito anos.
O “corpo celeste” metálico, com cerca de 50 quilos e meio metro de altura está atualmente, numa viagem silenciosa em órbita da Terra, prevendo-se que a sua morte física aconteça em 2043.
Embora seja o “porta-bandeira” da entrada de Portugal no grupo de países com um programa espacial, o PoSAT-1 permanece, até hoje, depois de 30 anos, como o único satélite lançado por Portugal. Mas este cenário deverá mudar em breve, havendo vários projetos em desenvolvimento.
O ISTSat-1 é um deles. O primeiro satélite construído pelo Instituto Superior Técnico e está completamente finalizado, depois de ter passado por exigentes testes técnicos em ambiente simulado de espaço.
Tendo como missão a demonstração de um sistema de deteção de aviões através de sinais ADS-B (automatic dependent surveillance - broadcast), a intenção é que o satélite cúbico com 10 centímetros de aresta siga no voo inaugural do novo foguetão europeu Ariane 6.
A Geosat é outra das empresas que promete colocar Portugal no “mapa espacial”, tendo anunciado o lançamento de 11 novos satélites de alta e muito alta resolução até 2025.
Os satélites AEROS, da Edisoft, o uPGRADE, da Spinworks e o Newsat, da Stratosphere, juntamente com as constelações VDES, da Lusospace, SAR, da idD e Magal, da Efacec, são igualmente projetos em curso.
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