A agência espacial russa garantiu esta segunda-feira que a tripulação da Estação Espacial Internacional (EEI) não está em perigo, apesar de uma nova fuga de líquido refrigerante, o terceiro incidente do género em menos de um ano.

“O módulo Nauka do segmento russo da EEI sofreu uma fuga de líquido refrigerante do circuito externo [de emergência] do radiador, que foi instalado na estação em 2012”, referiu a Roscosmos através da rede social Telegram.

Segundo a agência russa, não existem ameaças para a “tripulação e estação”.

“O circuito principal de controlo térmico do módulo funciona normalmente e garante condições de conforto na área de convivência do módulo”, garantiu.

Atualmente, sete pessoas estão a bordo da EEI: três russos, dois norte-americanos, um dinamarquês e um japonês.

As transmissões com a EEI são parcialmente transmitidas ao vivo pela Internet e, no final do dia, um operador do centro de controlo na Terra pediu que parte da tripulação fosse até à cúpula de observação que permite aos astronautas ver o exterior.

“Há uma fuga oriunda do radiador do MLM” [Módulo de Laboratório Multiuso, outro nome para o segmento Nauka], referiu, mais tarde, a astronauta Jasmin Moghbeli.

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A NASA não fez imediatamente uma declaração oficial sobre o incidente, que se têm registado com frequência recentemente.

Em dezembro, a cápsula espacial Soyuz MS-22 acoplada à EEI sofreu uma fuga de refrigerante devido ao impacto de um micrometeorito, segundo Moscovo, que decidiu enviar a MS-22 como substituta.

Este incidente forçou dois cosmonautas russos e um astronauta norte-americano a permanecerem mais tempo do que o previsto a bordo da EEI. Estes regressaram finalmente à Terra, em segurança, no final de setembro.

Uma fuga semelhante ao incidente de dezembro também afetou outra infraestrutura russa em meados de fevereiro, o cargueiro Progress MS-21, atracado na EEI, mas que não se destinava ao transporte de passageiros.

Com três fugas de refrigerante, há uma característica comum: Um não é nada, dois é coincidência, três é algo sistémico”, sublinhou Jonathan McDowell, astrónomo e analista espacial, à agência France-Presse (AFP) em Washington. Para McDowell estes incidentes mostram “a degradação da confiabilidade dos sistemas espaciais russos”.

O setor espacial russo, que historicamente tem sido o orgulho do país, enfrenta dificuldades há anos, entre a falta de financiamento, falhas e escândalos de corrupção.

A EEI constitui uma das poucas áreas de cooperação ainda em curso entre Moscovo e Washington desde o início da ofensiva russa na Ucrânia e das sanções internacionais que se seguiram.