Após mais de uma década de operações que revolucionaram a defesa planetária, a missão NEOWISE (Near-Earth Object Wide-field Infrared Survey Explorer) da NASA foi oficialmente desativada. O comando final para desligar o transmissor do telescópio espacial foi enviado esta quinta-feira, marcando o fim de uma jornada que não apenas alcançou, mas superou em muito, os objetivos inicialmente estabelecidos.
A decisão de desligar a nave decorre da órbita cada vez mais baixa em torno da Terra, causada pelo aumento da atividade solar, que aqueceu e expandiu a atmosfera superior. Sem um sistema de propulsão para corrigir essa órbita, o NEOWISE inevitavelmente cairá, com expectativa de reentrada segura na atmosfera terrestre no final de 2024.
O NEOWISE nasceu da missão WISE (Wide-field Infrared Survey Explorer), lançada em dezembro de 2009 com o objetivo de observar o céu em comprimentos de onda infravermelhos.
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Originalmente, foi projetado para uma missão de sete meses, período durante o qual completou com sucesso o mapeamento de todo o céu com uma sensibilidade sem precedentes. No entanto, em 2010, esgotou o seu suplemento de refrigerante, essencial para evitar que o calor da própria nave interferisse nas observações infravermelhas.
Apesar da perda do refrigerante, a NASA estendeu a missão até fevereiro de 2011, agora sob o nome de NEOWISE, focada na pesquisa de asteroides do cinturão principal. Os dados recolhidos durante esse período provaram que, embora o telescópio já não pudesse observar objetos infravermelhos fracos, ainda era capaz de detetar asteroides e cometas que emitem fortes sinais infravermelhos ao serem aquecidos pelo Sol.
Essa capacidade foi crucial para a missão NEOWISE, reativada em 2013 sob o Near-Earth Object Observations Program da NASA, um precursor do atual Planetary Defense Coordination Office. A missão agora concentrava-se em monitorizar objetos próximos à Terra (NEOs, na sigla em inglês), identificando potenciais ameaças ao planeta.
Conquistas da missão e futuras descobertas
Ao longo de sua operação, o NEOWISE ofereceu contribuições inestimáveis para a ciência e a segurança planetária. Observando repetidamente o céu a partir da sua órbita baixa, o telescópio produziu mapas detalhados de todo o céu, resultando em 1,45 milhão de medições infravermelhas de mais de 44.000 objetos do sistema solar. Entre esses, mais de 3.000 eram objetos próximos à Terra, dos quais 215 foram identificados pela primeira vez pelo NEOWISE.
A missão também descobriu 25 novos cometas, incluindo o cometa C/2020 F3 NEOWISE, que encantou observadores em todo o mundo durante o verão de 2020. Este cometa, em particular, tornou-se um dos mais brilhantes visíveis a olho nu nas últimas décadas, e seu nome homenageia a própria missão que o descobriu.
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Mas as contribuições do NEOWISE vão além da simples descoberta de novos objetos. A missão forneceu um conjunto de dados abrangente que continuará a ser uma fonte valiosa para pesquisas futuras.
"A missão NEOWISE forneceu um conjunto de dados único e de longa duração do céu infravermelho que será usado por cientistas nas próximas décadas", afirmou Amy Mainzer, investigadora principal do NEOWISE e do próximo telescópio NEO Surveyor.
O impacto do NEOWISE na ciência e na defesa planetária é imensurável. "A missão NEOWISE tem sido uma história de sucesso extraordinária, pois nos ajudou a entender melhor nosso lugar no universo rastreando asteroides e cometas que poderiam ser perigosos para nós na Terra", como destacou Nicola Fox, administradora associada da Diretoria de Missão Científica na sede da NASA,
O NEOWISE também desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento do NEO Surveyor, o primeiro telescópio espacial infravermelho da NASA projetado especificamente para detetar objetos próximos à Terra. Este novo telescópio buscará alguns dos objetos mais difíceis de encontrar, como asteroides escuros e cometas que não refletem muita luz visível, bem como objetos que se aproximam da Terra a partir da direção do Sol.
Com o fim da missão NEOWISE, a comunidade científica e de defesa planetária aguarda ansiosamente as futuras descobertas que o NEO Surveyor proporcionará. A construção do NEO Surveyor já está em andamento, com lançamento previsto para 2028.
"Embora estejamos tristes por ver esta valente missão chegar ao fim, estamos animados com as futuras descobertas científicas que ela abriu ao estabelecer a base para o telescópio de defesa planetária de próxima geração", afirmou Nicola Fox.
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