Existem aventuras narrativas que permitem jogar com outro jogador, num formato cooperativo. Mas os jogos da Hazelight Studios são um requisito obrigatório, ou tem alguém para o jogar ou é preferível nem o comprar porque este não funciona. O estúdio vê-se na missão de recuperar os momentos divertidos em que dois irmãos, um casal ou amigos se sentavam no mesmo sofá a partilhar o ecrã no mesmo jogo, obrigando-os mesmo a cooperar para avançar.

O estúdio é liderado por Josef Fares, um realizador de cinema que decidiu trocar de indústria para os videojogos. O primeiro projeto foi ainda na Starbreeze Studios chamado Brothers: A Tale of Two Sons, uma experiência a solo, mas onde o jogador controlava simultaneamente duas personagens que tinham de unir forças para superar os obstáculos. Esta foi a semente para aquilo que seriam os três jogos seguintes já no seu próprio estúdio: A Way Out, It Takes Two e agora Split Fiction, para o catálogo da Elecronic Arts.

Veja na galeria imagens de Split Fiction:

Os três jogos têm diferentes coisas em comum. O primeiro, como referido é a obrigatoriedade de serem jogados a dois, cooperativamente. O segundo é o investimento numa narrativa cativante e personagens deliciosas e carismáticas. O primeiro jogo segue dois presidiários em fuga, já o segundo foca-se na história de um casal em vias de separação, mas que têm de unir forças para sobreviver ao jardim da própria casa quando são transformados em bonecos pela sua filha.

Já o novo título é protagonizado por duas mulheres, Mio e Zoe, autoras de livros, uma de fantasia fantástica, outra de ficção científica. Ambas participaram numa experiência científica numa empresa que tem uma máquina que dá vida às histórias. Uma anomalia une as duas escritoras, cruzando os diferentes mundos imaginados por cada uma. O objetivo é sair da máquina, mas para isso terão de ultrapassar todos os desafios e inimigos que as próprias escreveram nas suas histórias.

De notar que apesar do jogo obrigar a encontrar um amigo para jogar na mesma plataforma, também é possível jogar online. O melhor é que apenas um dos jogadores precisa de comprar o jogo e convidar outro a juntar-se. O chamado Friend Pass garante o acesso ao download do jogo completo, embora só possa jogar se for convidado por alguém que o tenha comprado. Só assim se conseguiriam emparelhar jogadores suficientes para experimentar a aventura. Uma fórmula adotada no anterior It Takes Two e repetida agora com o extra de crossplay, permitindo juntar jogadores de PC e diferentes consolas na mesma partida.

Veja o trailer:

Quem jogou o anterior It Takes Two vai estar bastante familiarizado com as mecânicas da aventura. O ecrã é dividido ao meio durante a ação, unindo-se de forma dinâmica nos pontos de interceção das personagens ou durante as sequências narrativas. Cada personagem tem a sua arma, um sabre de luz e um chicote de gravidade, utilizados nos combates, mas também para interagir com o cenário, manipular objetos e alavancas, etc.

Cada personagem tem ações próprias que devem ser combinadas com a outra. Por exemplo, uma destrói a proteção de um projétil, a outra arremessa-o contra os inimigos. Se uma pilotar uma nave, a outra está no canhão a disparar contra os inimigos. O mesmo é válido para alancas e outros dispositivos que alteram plataformas ou chamam elevados. Um faz uma ação e o outro jogador complementa. A ideia é abrir caminho com a ajuda mútua.

Mesmo as mecânicas de enfrentar bosses e alguns inimigos mais fortes obedece à regra da cooperação, pois cada um faz ações distintas, mas necessárias para causar dano nos mesmos. De notar que este jogo foi produzido para ser mais linear que as aventuras anteriores, ao mesmo tempo mais frenético e acessível.

Split Fiction
Split Fiction

O jogo alterna entre os dois universos da ficção científica e fantasia medieval, ajustando as ações, roupas e claro, cenários de cada um. Na fantasia há castelos, mas também trols gigantes que perseguem as jovens. Já na ficção, os combates espaciais e todo o ambiente parece ter saído de Blade Runner. E o estúdio garante referências de filmes, séries e outros jogos durante a aventura, muitos deles em formato de easter egg para os mais curiosos.

Apesar do jogo ser linear, na sua essência, contém aquilo que são as “missões secundárias”, umas bolhas que vai encontrar para visita facultativa. Mas estes são níveis bastante criativos, com mecânicas únicas, tais como as personagens serem transformados em porcos.

Split Fiction está a ser muito bem-recebido pelos fãs do estúdio e muitos meios já o aponta como um candidato antecipado a jogo do ano. De recordar que It Takes Two foi o jogo do ano de 2021 no The Game Awards e estúdio pode repetir a graça, isto, admitindo o próprio mentor do jogo, Josef Fares, que este ano não saia um jogo chamado Gran Theft Auto VI.

O jogo está disponível para o PC, PS5 e Xbox Series X|S.