Este sábado, dia 24 de fevereiro, assinalam-se dois anos desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, dando início a uma guerra que ainda não tem fim à vista. O certo é que o país invadido parece dar sinais de perder o fôlego das ofensivas russas, que continuam a reivindicar novas conquistas territoriais, sobretudo no leste da Ucrânia. Nesta quinta-feira, a Rússia anunciou a conquista de Pobeda, uma localidade a cinco quilómetros a oeste de Donetsk.
Para o “aniversário” da guerra, o governo de Volodymyr Zelensky mantém o pedido aos aliados mais armas e munições, que continuam a escassear. No sul da Ucrânia, uma terra aberta de campos agrícolas, a Rússia preparou as defesas, construindo trincheiras, obstáculos antitanque e barreiras de bunkers com quilómetros de profundidade. As forças ucranianas têm tentado quebrar essas defesas, sem grande sucesso.
Com a falta de meios e munições, a Ucrânia continua a utilizar drones, sejam para destruir alvos específicos, como os veículos blindados da Rússia, como lançar granadas nas posições do exército russo, diminuindo a moral dos soldados escondidos nas trincheiras. Como destaca a agência Aljazeera, a Ucrânia tem planos para a produção em série de drones. Estes aparelhos têm uma capacidade para se deslocar e atingir alvos até 1.000 quilómetros, teoricamente colocando Moscovo e São Petersburgo na mira.
Segundo Mykhailo Fedorov, ministro da transformação digital da Ucrânia, durante 2023, a produção doméstica de drones foi de 300 mil unidades, sem contabilizar as doações dos aliados.
Dos ciberataques à invasão no terreno
Dias antes de iniciar a invasão em fevereiro de 2022, a Rússia procedeu a ciberataques, tendo como alvo as redes informáticas da Ucrânia. Os movimentos informáticos, detetados pela Microsoft, desde cedo alertavam para os danos colaterais, naquela que poderia ser uma escalada a nível global. Mas a invasão à Ucrânia mobilizou a comunidade internacional, levando a Europa a limitar o acesso da Rússia a tecnologias-chave. E até grupos de hackers, como o Anonymous, declarou guerra informática contra o governo de Putin e chegou mesmo a fazer ataques diretos à televisão do país.
Empresas como a Meta, Google e Twitter também tomaram medidas para limitar a propaganda russa, ao mesmo tempo que bloquearam a monetização de conteúdos da guerra. A própria indústria tecnológica e das telecomunicações demonstraram apoio à Ucrânia, cortando o acesso à Rússia. As empresas foram cancelando as operações e a venda de produtos na Rússia, como foi o caso da Microsoft ou Electronic Arts, assim como a Sony e a Nintendo. A Apple e Google também tomaram medidas para bloquear sistema de pagamentos na Rússia.
A Ucrânia pediu que a Rússia fosse “desligada” da Internet, mas a ICANN, o organismo que gere a rede mundial negou, alegando que a Internet é um sistema descentralizado e que nenhum ator tem a capacidade de a controlar ou encerrar.
Dois anos de destruição testemunhados pelos “olhos” dos satélites
A invasão da Rússia à Ucrânia, na guerra no terreno, rapidamente começou a dar os primeiros sinais de destruição no país. Os satélites da Maxar Tecnologies têm acompanhado a evolução da guerra, desde as primeiras imagens com os veículos blindados do exército russo a circular ou mesmo os automóveis dos civis a tentarem passar a fronteira para fugir do país. Duas semanas depois, os satélites já registavam os veículos militares russos a serem colocados em vilas a norte de Kiev e perto do aeroporto Antonov e outras localidades a cerca de 50 quilómetros da capital ucraniana. As colunas de veículos militares da Rússia chegaram mesmo aos 200 nos arredores de Kharkiv e a caminho de Izium, esperando-se maior controlo do Donbass.
Os satélites foram testemunhando o rastro de destruição por causa dos bombardeamentos às cidades, onde os apartamentos não foram poupados, deixando os habitantes desalojados. A estratégia da Rússia passou por apontar as baterias às infraestruturas de comunicações da Ucrânia, levando os engenheiros e os técnicos dos centros de dados a correrem contra o tempo para manter o país conectado ao resto do mundo.
Algumas das imagens mais aterradoras mostraram que nada escapa aos ataques: teatros, estádios, aeroportos, entre outros locais públicos que foram destruídos em Mariupol, uma das cidades mais fustigadas pela guerra. Um pouco mais tarde, também o porto de Berdyansk foi destruído. Nos meses seguintes a Rússia foi reforçando a sua posição em Mariupol, causando destruição e incêndios por onde passou. E a fábrica de aço Azovstal foi um dos locais mais bombardeados pela Rússia.
Além da destruição, os satélites captaram algumas atrocidades, como foi o caso da vala comum escavada na cidade de Bucha. Estima-se que tenham sido sepultadas cerca de 150 vítimas dos confrontos.
Foram dois anos de bombardeamentos, destruição de edifícios e pontos estratégicos, de avanços e recuos de ambos os lados, invasões e reconquistas de cidades. Algumas das mais recentes imagens mostram o bombardeamento a Kherson, mas sobretudo o aumento da capacidade de armamento russo.
A guerra na Ucrânia vai entrar no seu terceiro ano e o mais recente relatório das Nações Unidas para os Direitos Humanos, citado pelo Aljazeera, destaca que desde 24 de fevereiro de 2022 foram registadas 30.457 vítimas verificadas, sendo que 10.582 foram mortas e 19.875 ficaram feridas. No entanto, este número deverá ser bem superior. Estima-se que mais de 14 milhões de ucranianos foram forçados a fugir das suas casas nestes dois anos e que ainda 6,5 milhões de pessoas ainda mantêm estatuto de refugiados em outros países e 3,7 milhões estão sem habitação.
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