“Uma jornada ao infinito” é o mote da PICO, uma empresa da família da Byte Dance, a dona do TikTok, dedicada à construção de headsets de realidade virtual, que foi fundada em 2015. A empresa pretende explorar a sua plataforma XR integrada, prometendo experiências tanto a nível empresarial, educativo como também entretenimento, focado no gaming. E a empresa tem uma linha de headsets de VR autónomos e com algumas características que competem diretamente com o Meta Quest e mais recentemente com o PS VR2.
O SAPO TEK encontrou o stand da PICO na área reservada às startups no 4YFN do Mobile World Congress, que estava dividida em duas partes. De um lado com soluções empresariais e do outro, bem mais concorrido, para experimentar alguns videojogos. O espaço empresarial estava a ser promovido pela Invelon, uma startup dedicada a criar simuladores em realidade virtual para treino, seja para melhorar as aptidões de estudantes como empregados de uma fábrica.
A empresa diz que o VR pode substituir muitos conceitos e etapas dos treinos, sem os perigos inerentes de um formato real. Os treinos podem ser guiados por inteligência artificial, ligar pessoas de forma remota, além de registar e arrumar os dados das prestações dos utilizadores. O SAPO TEK teve oportunidade de conhecer uma solução empresarial médica, nomeadamente um alinhamento de exercícios de fisioterapia em que o utilizador tinha de apanhar maçãs, executando articulações dos braços na realidade.
Veja na galeria imagens do Pico Enterprise 2:
Parece algo “básico” para um utilizador comum, mas é preciso ver o contexto de uma pessoa com um problema muscular ou óssea que esteja em reabilitação e os seus movimentos podem ser mais difíceis e dolorosos. O sistema de IA deteta essa performance, dando dicas como um fisioterapeuta real, ajustando progressivamente o esforço requerido para executar os exercícios.
Para tal, a startup está a utilizar o Pico 4 Enterprise, que tem um preço de 899 euros. A sua ergonomia destaca-se, pela facilidade de colocar na cabeça e ajusta-se rapidamente. O modelo tem algumas tecnologias de destaque que foram introduzidas no PS VR2, nomeadamente o Eye Tracking, assim como Face Tracking, que utilizados no contexto empresarial podem ter utilizações com muito potencial, tais como a navegação pelos menus apenas com o olhar. Além disso, também conta com o sistema de pass-through através da câmara frontal, para que seja utilizado apenas como um headset de realidade aumentada ou realidade mista.
A startup criou uma solução de treino para a Nestlé através de realidade virtual. E desenvolve soluções à medida para sectores como fábricas, educação, cultura, turismo, logística, arquitetura, saúde, retalho e outros. Áreas que tiram partido da tecnologia HyperSense, um sistema háptico nos comandos que tenta oferecer experiências mais realísticas para as simulações, sobretudo na manipulação de objetos e liberdade de movimentos.
As múltiplas câmaras garantem ao headset maior liberdade de movimentos em 360, até porque não tem fios, sendo o seu processamento autónomo. O sistema é alimentado pelo processador Snapdragon XR2 da Qualcomm, com 256 GB de armazenamento interno e 8 GB de RAM DDR5. Tem uma bateria de 5.300 mAh, prometendo uma autonomia de cerca de duas horas. O headset tem um campo de visão de 105º, num sistema de lentes em “panqueca”.
Do outro lado, do stand, o PICO era demonstrado num ambiente de gaming. O jogo que testámos, Pistol Whip, coloca nas mãos dos jogadores um par de pistolas e chicote e tem como objetivo eliminar todos os inimigos. É uma espécie de “tiro ao alvo”, com a particularidade de se poder esquivar das balas, tal como se fosse uma sequência dos filmes Matrix. O sistema beneficia do catálogo de jogos com títulos conhecidos de outros sistemas, tais como o Meta Quest ou PS VR2.
De um modo geral, a experiência com o headset Pico foi agradável por ser leve e pouco intrusiva na cabeça. No entanto, para efeitos de higiene, os headsets expostos não tinham a proteção de borracha do nariz e face, significando que ficaram entradas de luz que atrapalharam um pouco a experiência. Certamente que não deverá competir com o PS VR2, por ser totalmente focado no gaming, mas a questão da autonomia poderá ser uma alternativa ao Meta Quest 2, embora um pouco mais caro.
A equipa do SAPO TEK acompanhou o MWC23 e as principais novidades apresentadas. Siga todas as notícias aqui e veja as imagens da feira de Barcelona.
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