A posição da assembleia foi adotada com a aprovação de um relatório elaborado pela eurodeputada portuguesa Maria da Graça Carvalho (PSD), no qual a antiga ministra da Ciência, Inovação e Ensino Superior apresenta diversas propostas para ultrapassar as atuais assimetrias de género no setor digital, que justifica por razões sobretudo culturais.
De acordo com Graça Carvalho, que é membro da Comissão dos Direitos das Mulheres e da Igualdade dos Géneros do PE, esta é “uma questão de justiça social” para as mulheres.
“A desigualdade no digital aumenta o fosso salarial, com consequências negativas também nas reformas, sendo que um dos grandes problemas dos nossos dias são os baixos rendimentos das mulheres aposentadas”, apontou a eurodeputada social-democrata, no debate que antecedeu a votação do relatório, aprovado por larga maioria.
Maria da Graça Carvalho também sublinhou que “está em causa a competitividade da economia europeia, cuja principal barreira é a falta de profissionais nas novas tecnologias, em particular nas tecnologias digitais”.
“Uma enorme bolsa de talento, criatividade, competência e capacidade de inovação está a ser desperdiçada”, apontou a eurodeputada, para quem a fraca participação das mulheres nos setores digitais é “em larga medida” influenciada por “estereótipos que levam a que muitas mulheres se sintam ainda deslocadas no meio das TIC”.
Desse modo, o relatório propõe desde logo que sejam “adotadas medidas de natureza pedagógica, a começar nos primeiros anos de escolaridade, através do desenvolvimento de conteúdos mais apelativos para as raparigas e a apresentação de casos de sucesso de mulheres no setor, e prosseguindo em incentivos para que os media e o setor cultural repensem a representação que é feita da relação das mulheres com o digital”.
São igualmente defendidas medidas concretas para promover a maior inclusão e valorização das mulheres no setor, advogando a assembleia que a Comissão Europeia e os Estados-membros devem mobilizar-se para criar “programas de empreendedorismo e financiamento para projetos no setor das TIC dirigidos às mulheres”.
O Parlamento Europeu defende “que a diversidade de género seja tida em conta no financiamento de ações apoiadas pelo quadro financeiro plurianual e pelo plano de recuperação” e propõe ainda que sejam dados incentivos às empresas e outras instituições na área das TIC para “criarem condições para melhorar a progressão na carreira das suas profissionais”.
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