Por Nuno Carvalho (*)
Com o fim de mais uma COP, o setor dos transportes tem uma oportunidade de se focar em acelerar a transição para a neutralidade carbónica. De olhos postos nos veículos elétricos e nas infraestruturas verdes, há um motor silencioso desta revolução operacional: o software. É este que está a transformar a mobilidade e a verdade é que as ferramentas digitais estão no centro desta transformação, ao facilitar o planeamento de rotas mais eficientes do ponto de vista energético, a gestão de carregamentos inteligentes, a análise pós-viagem, a gestão da vida útil das baterias e o planeamento estratégico da eletrificação da frota. O objetivo em comum? Otimizar operações, reduzir emissões e apoiar decisões baseadas em dados.
As soluções já existem e estão a fazer a diferença: sistemas de gestão de frotas, plataformas de telemetria (conjunto de tecnologias que permite recolher, transmitir e analisar dados à distância em tempo real) que monitorizam rotas, desempenho de condutores e consumo energético em tempo real, substituição de veículos a diesel por elétricos, relatórios detalhados de CO₂ e consumo energético, formação digital para promover condução eficiente e ferramentas que permitem identificar quando as baterias podem ser substituídas ou reutilizadas numa segunda vida. São estas as ferramentas que reduzem o desperdício de energia, minimizam o tempo de inatividade e melhoram o aproveitamento dos recursos, baixando, assim, as emissões e os custos operacionais. Cada quilómetro otimizado, cada carregamento ajustado ao perfil de consumo e cada bateria gerida com inteligência representam menos carbono na atmosfera.
Ainda assim, persistem desafios estruturais. Numa indústria que ainda não abraçou totalmente a digitalização, a resposta está na integração inteligente de sistemas digitais e na formação contínua de todos os stakeholders — condutores, gestores de frota e trabalhadores em armazéns — para assegurar a adoção eficaz destas soluções. A combinação entre telemetria, programas de formação e uma cultura de disciplina tecnológica transforma dados dispersos em decisões operacionais que aceleram a descarbonização.
No fundo, o futuro passa por encarar a tecnologia operacional como um parceiro estratégico, combinando-a com inteligência artificial, blockchain e sistemas integrados. A inteligência artificial permitirá prever o consumo de energia, otimizar o carregamento das baterias e melhorar a manutenção preditiva, evitando paragens não programadas que geram custos e emissões adicionais. A blockchain trará transparência e rastreabilidade à monitorização das emissões e aos mercados de carbono, garantindo que cada crédito é certificado e verificável. E os sistemas integrados coordenarão carregamento, saúde das baterias, rotas, condutores e emissões, criando uma operação mais eficiente e sustentável.
Estas tecnologias, em conjunto, criam um ecossistema digital poderoso que recompensa a eficiência e impulsiona a sustentabilidade, mostrando que o software é tão vital quanto os motores elétricos e as infraestruturas verdes. Assim, a transição carbónica exige uma visão clara com o software no centro da equação. A mobilidade do futuro não será movida apenas por veículos elétricos, mas por dados, algoritmos e decisões inteligentes.
O software é o novo combustível da mobilidade — ignorar o seu papel é travar o avanço de uma indústria que tem no digital a chave para um futuro verdadeiramente neutro em carbono.
(*) CTO na tb.lx
Em destaque
-
Multimédia
Osmo Action 6 é a primeira câmara de ação da DJI com abertura variável -
Site do dia
Como saber se tem cobertura de fibra, rede fixa e móvel na sua zona? -
App do dia
Quer recriar o charme da fotografia vintage? Experimente os filtros e efeitos da Vintify -
How to TEK
É mais fácil convidar amigos para um grupo do WhatsApp. Saiba como fazer
Comentários