A indústria do gaming continua a expandir-se e há cada vez mais jogadores interessados neste hobby, seja nos computadores, consolas ou smartphones, há sempre um jogo para cada um. Mas ao mesmo tempo a oferta de jogos tem sofrido transformações e há cada vez mais incidência no digital. São títulos vendidos nas lojas digitais ou serviços de subscrição como o Game Pass que abrem portas a catálogos de títulos onde se inclui novidades.

Hoje assinala-se o Dia Mundial do Gamer, o dia que une jogadores, independentemente da plataforma ou formato que se joga. E este tem sido um ano bastante sensível para a indústria, onde muitas das principais editoras têm despedido milhares de funcionários, muitos estúdios fecham portas, tendo impacto na qualidade dos jogos e no calendário de lançamentos.

Eventos como o Summer Games Fest ou a Gamescom que se realizou na semana passada dão conta das novidades a chegar a todas as plataformas, mas ainda assim longe da emoção dos anos anteriores. As mazelas da pandemia começam agora a refletir-se na diminuição de propostas que fazem os fãs vibrarem e este foi o ano em que a E3 fechou portas em definitivo por “falta de interesse” das empresas. Prova disso é a ausência da Sony PlayStation e da Nintendo na Gamescom, por falta de novidades que justificassem, dando mais espaço para a Xbox brilhar.

O regresso do retro gaming às lojas de retalho

O certo é que o retro gaming continua a ter espaço para crescer. O negócio da nostalgia é cada vez mais apetecível, não apenas pelas editoras que lançam versões remaster, remakes e reboots de muitos clássicos, como são as próprias consolas antigas que ressuscitam.

A GameStop é uma das maiores e mais antigas cadeias de videojogos nos Estados Unidos, que tem mostrado resistência à transformação do digital. E que em 2021 protagonizou um caso caricato em Wall Street. Para tentar manter-se relevante, a GameStop anunciou uma aposta no retro gaming e em lojas selecionadas nos Estados Unidos foram transformadas em GameStop Retro.

O objetivo é ter à disposição dos clientes diversas consolas clássicas e claro, jogos em formato físico para as mesmas, tanto em forma de discos como cartuchos. Tratam-se de consolas da Nintendo, PlayStation, Xbox e SEGA. A empresa abriu um website dedicado com as localizações das lojas (a pelo menos um raio de 160 kms), mas também com um catálogo online dos seus produtos.

Ao todo, são 18 consolas clássicas listadas nas suas lojas Retro, desde a clássica NES, Game Boy, SEGA Megadrive (Genesis) e Saturn, as consolas PlayStation, outras portáteis da Nintendo como o a DS, até às plataformas mais “recentes”, como a Wii U e a PS Vita. Certamente que será um local importante para muitos colecionadores de videojogos.

Atari ressuscita consolas clássicas em formato mini

E como se não bastasse a recuperação direta de consolas antigas, existem planos para continuar a lançar versões atuais das clássicas. A “nova” Atari é assumidamente uma empresa de negócio do retro, que procura explorar o seu catálogo clássico de consolas e jogos. Só este ano anunciou duas novas versões “mini” das suas consolas: a Atari 400 Mini, com metade do tamanho da original e capacidade de emular diretamente os jogos de origem e do modelo 800.

Há poucos dias revelou também a Atari 7800 dentro da mesma estratégia, com a possibilidade de utilizar os cartuchos do modelo original. E para quem não os tem pode sempre adquirir as novas versões especiais, com o anúncio de 10 títulos vendidos por 29,99 dólares, cada. Há também o Joystick e Gamepad recuperados para os tempos modernos. O Atari 7800+, como muitas das propostas mini da atualidade, liga-se aos televisores modernos via HDMI.

A Atari também não quis passar ao lado do fenómeno atual das consolas portáteis e revelou a Atari Gamestation Portable, produzida em parceria com a My Arcade. Vão ser recuperado 200 clássicos das plataformas Atari compatíveis com a portátil. Jogos como o Centipede e Missile Command certamente não vão faltar, usando o TrackBall incluindo na consola.

The Spectrum é uma máquina do tempo que chega em novembro

Se existe uma plataforma de jogos com fortes ligações a Portugal é o ZX Spectrum, que foi a primeira para muitos gamers dos anos 1980. A fábrica da Timex na margem sul, com o modelo 2048, ajudou a impulsionar o interesse pelos videojogos no país. E Portugal tem mesmo um museu dedicado ao computador criado pelo Sir Clive Sinclair em Cantanhede.

Apesar de ter havido esforços para ressuscitar a plataforma em formato mini, em breve vai ser lançado o The Spectrum. Um projeto criado em parceria entre a Plaion, uma editora do grupo Embrancer e a Retro Games Ltd., empresa especialista na construção de plataformas re-imaginadas, responsável pela Atari 400 Mini, Amiga 500 Mini e o Commodore 64 Mini. A data de chegada na europa está marcada para o dia 22 de novembro, estando já disponível para reserva a um preço de 99,99 euros e garantida a distribuição em Portugal pela Ecoplay.

Veja o vídeo do The Spectrum:

A Retro Games construiu uma réplica fiel ao ZX Spectrum original e fazendo jus ao nome 48K, a nova versão inclui 48 jogos pré-instalados. Pode ligar a um televisor via HDMI e jogar os jogos numa resolução de 720p. Tem ainda quatro portas USB para ligar comandos ou joysticks. E o teclado, com a famosa cobertura de borracha, tem teclas totalmente funcionais, tal como a original de 1982.

A lista de jogos é extensa, mas os fãs da velha guarda vão encontrar clássicos como Army Moves, Exolon, Football Manager 2, Freddy Hardest, The Great Escape, Head Over Heels, Horace Goes Skiing, Jack the Nipper, Skool Daze, Target Renegade ou The Way of the Exploding Fist, para referir alguns. A lista completa pode ser consultada no website oficial.

A vantagem desta consola é que não precisa de carregar as cassetes e estar largos minutos à espera dos jogos. E o The Spectrum ainda oferece outros recursos, tais como ser possível recuar o jogo até 40 segundos para ajudar a superar partes mais difíceis. Pode ainda gravar o progresso dos jogos que está a jogar num dos quatro espaços alocados. Os filtros permitem adicionar uma camada retro aos televisores a lembrar os ecrãs CRT.

Veja na galeria imagens do The Spectrum e dos jogos:

Como referido, o teclado do computador é funcional e com isso, a Retro Games aproveitou para incorporar a programação BASIC. Ainda se lembra dos Pokes e Dicas? Vai poder introduzir linhas de código e criar jogos, tal como se fazia na era dourada dos anos 1980. AS funções, descritas com palavras nas teclas, são funcionais. Nostalgia a dobrar, a jogar e a programar, é aquilo que o estúdio propõe aos fãs da velha guarda.

Todos os jogos que acompanham o The Spectrum foram oficialmente licenciados, mas a consola não é estática e aceita emulação, sendo compatíveis com os jogos que não estejam no bundle através de uma pendrive. Ainda guarda o clássico jogo português Paradise Café? É possível que ainda corra nesta plataforma. O computador emula todos os modelos do ZX Spectrum desde os 16K a 128K. Além disso pode utilizar comandos e joysticks clássicos ou novos.

São bons momentos para os jogadores que preferem jogar os clássicos da infância do que as novas megaproduções. A indústria de gaming é vasta e com ofertas para todos os jogadores. Já sabe qual é o jogo que vai jogar hoje, nesta data especial para os gamers?