Lançado em maio de 2019, o AskBlue Technology Center está distribuído por três localizações distintas – Lisboa, Instituto Pedro Nunes em Coimbra e Terceira, nos Açores. É apresentado como um centro de suporte focado na manutenção evolutiva e corretiva, bem como de suporte, de aplicações, maioritariamente em tecnologias OutSystems e/ou .NET/SQL.
Existe para “apoiar os clientes da AskBlue na evolução aplicacional das suas soluções tecnológicas, libertando-os para se concentrarem no negócio”, destacou Miguel Freire, partner da Askblue, em entrevista ao SAPO TEK.
Por princípio remoto, este centro de suporte tem vindo a ganhar clientes, pelos procedimentos e metodologias desenvolvidos que preveem uma gestão e acompanhamento à distância numa altura em que se evita o contacto presencial, mas também beneficiado pela localização geográfica de Portugal, que “pode facilmente prestar serviços a qualquer país na Europa, com pequenas diferenças horárias e maior facilidade de gestão das (pequenas) diferenças horárias”.
Também há a “excelência das competências técnicas”, mas aí nem tudo são rosas, uma vez que a escassez de recursos se antevê como um problema, dificultando a capacidade de atrair e reter talento. Miguel Freire aponta alguns conselhos neste capítulo e antevê desafios noutros, sem deixar de pensar em soluções.
SAPO TEK: A que metas se propuseram quando criaram o AskBlue Technology Center? Estão a ser cumpridas?
Miguel Freire: O ATC encontra-se integrado na unidade de Operações, que é uma aposta estratégica da empresa e que integra duas áreas distintas – Application Management (recursos dedicados num Cliente) e o AskBlue Technology Center (ATC), com recursos partilhados entre vários clientes. As características distintivas desta unidade são, para além do foco nas tecnologias mais utilizadas pelos clientes, a metodologia específica desenvolvida para a apropriação do desenvolvimento efetuado por outras organizações para os clientes, e da tecnologia subjacente, para assegurar a manutenção evolutiva e corretiva dos sistemas implementados, o que permite assegurar a operação e estender o prazo de vida útil das aplicações, reduzindo a necessidade de investimentos significativos na sua substituição. O ATC apoia ainda no reforço de capacidade, liderado por um dos seus Team Leaders.
O objetivo subjacente à criação do ATC está a ser inteiramente cumprido, com o foco na plataforma low-code da OutSystems e em tecnologias .NET/SQL. A prestação de serviços de nearshore tem continuado a registar uma procura assinalável, que levou ao alargamento desta operação para a Ilha Terceira, nos Açores. No total, o ATC já emprega quinze profissionais altamente especializados que servem clientes em diferentes geografias, e prevemos que venha a aumentar o seu peso no total da operação da empresa ao longo de 2021, à medida que mais empresas venham a necessitar de atualizar o seu parque aplicacional para responder aos desafios da transformação digital.
SAPO TEK: A pandemia trouxe mudanças ao que tinham planeado? Houve alterações de estratégia e/ou funcionais?
Miguel Freire: O modelo nearshore adotado para este centro de excelência é o ideal para uma situação como a que atualmente atravessamos, dado que todos os procedimentos e metodologias desenvolvidos preveem uma gestão e acompanhamento remotos, para a prestação de um serviço de excelência na manutenção e evolução aplicacionais.
“Algumas das consequências da situação atual, e que irão perdurar, vão beneficiar empresas como a AskBlue, que criaram procedimentos e metodologias híbridas presenciais/remotas de gestão e acompanhamento da manutenção aplicacional”
SAPO TEK: Uma vez que têm um modelo de prestação de serviço remoto, trouxe mais clientes? Ou trouxe mais concorrência?
Miguel Freire: Neste momento, o ATC tem vindo a crescer em resposta a pedidos de mais clientes das mais diversas geografias. O facto de Portugal ter vindo a conseguir atrair cada vez mais talento e prestígio com projetos e empresas tecnológicas de referência nas mais diversas áreas tem permitido colocar o país de forma crescente no mapa para empresas de todo o mundo que procurem serviços de excelência para as suas plataformas tecnológicas.
A AskBlue é também reconhecida da sua capacidade de implementação de projetos nas tecnologias no âmbito do ATC, bem como na gestão dedicada da aplicações (AM), pelo que os desafios e solicitações têm crescido, numa sinergia de oportunidades de colaboração.
SAPO TEK: Que argumentos pode ter uma empresa em Portugal face à restante oferta global de serviços do mesmo género?
Miguel Freire: Há várias vantagens que as empresas nacionais podem ter face aos tradicionais prestadores de serviços globais. Primeiro, o fator proximidade é importante, Portugal pode facilmente prestar serviços a qualquer país na Europa, com pequenas diferenças horárias e maior facilidade de gestão das (pequenas) diferenças horárias. Em segundo lugar, a excelência das competências técnicas, seja da AskBlue que é Elite Partner da Outsystems e gere aplicações críticas e de dimensão em .NET (e, por exemplo, JAVA), mas também de outros players nacionais de referência, e que é reconhecida já em mercados Internacionais. Depois, temos um excelente nível de Inglês nos nossos profissionais da área, os quais podem facilmente integrar-se em quaisquer projetos, uma vez que o Inglês é seguramente o idioma de eleição nesta área. E também existe um fator de competitividade via preço/qualidade em Portugal, que não sendo o principal, constitui ainda um fator relevante na escolha.
SAPO TEK: Sentem que a “resistência” que se fazia sentir por parte de algumas empresas relativamente à contratação de prestação remota de serviços diminuiu com a pandemia? Poderá ser algo temporário, face às contingências, ou é um “sentimento” que veio para ficar?
Miguel Freire: As mudanças vieram para ficar, não tenhamos ilusões.
“As plataformas vão tornar-se mais eficazes, as interações online irão banalizar-se, e os procedimentos e metodologias criados para assegurar o workflow dos projetos num modelo remoto irão ficar e mostrar-se mais eficientes”
Não irão substituir toda a interação física, que naturalmente ainda é a preferencial, mas podemos reservar essas interações para situações específicas que assim o exijam, a exemplo do que já acontece com diferentes serviços, em que reservamos o contacto presencial sempre que se justifique e quando a situação atual o voltar a permitir.
SAPO TEK: Como olham para a questão da falta de recursos com competências tecnológicas? Preocupa-vos? O que anteveem? Há solução? Como pode ficar Portugal?
Miguel Freire: Esse é claramente um problema que antevemos, e que irá dificultar o crescimento do setor no nosso país. A requalificação de profissionais de outras áreas, a aprendizagem ao longo da vida para quem já está no setor, e mostrar aos jovens as oportunidades de trabalho que existem para quem quiser desenvolver uma carreira em tecnologias de informação, são algumas das iniciativas que podem ser feitas para mitigar esta lacuna, que não irá desaparecer facilmente. A AskBlue investe bastante na formação, nomeadamente inicial, o que permite uma evolução rápida e sustentada dos seus colaboradores e, portanto, prestar serviços com recursos internos. Seremos tão competitivos quanto a nossa capacidade de atrair e reter talento de excelência em Portugal.
SAPO TEK: Que outros desafios enfrenta o vosso setor neste momento?
Miguel Freire: A área de consultoria tecnológica tem principalmente o desafio de assegurar a sua capacidade de trazer os melhores profissionais para servir os seus clientes e de criar as necessárias competências nas mais recentes tecnologias e soluções, como é o low-code, a analítica, Service Design/UX/UI, voto eletrónico, entre outras que irão ganhar predominância no futuro próximo.
SAPO TEK: Que balanço fazem da vossa atividade nesta altura?
Miguel Freire: Estamos profundamente satisfeitos com os resultados que temos conseguido. Esperamos terminar o ano dentro das previsões, que já eram de um crescimento ambicioso. A nossa capacidade de transformar os desafios de negócio em avançadas soluções tecnológicas tem sido reconhecida pelos clientes, que depositam a sua confiança nos nossos serviços e profissionais.
SAPO TEK: Como acham que vai evoluir? O que anteveem para o próximo ano?
Miguel Freire: Acreditamos que o próximo ano será um ano desafiante, e estamos a preparar as nossas equipas para responderem de forma célere e sustentada aos desafios apresentados pelos nossos clientes. As empresas que o possam fazer irão acelerar os processos de transformação digital, existirá uma maior concorrência no espaço digital, e as empresas que consigam criar experiências de utilização mais sofisticadas e interativas para os seus clientes irão sair beneficiadas. Na AskBlue acreditamos que temos as competências e conhecimentos para ter um papel determinante em criar essas soluções da forma mais adequada para cada Cliente.
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