Por Paulo Santos (*) 

Sara está há cinco anos a trabalhar numa empresa de IT e tornou-se uma especialista na transformação inteligente das organizações.

Hoje tem um dia atarefado. Vai estar em reunião, durante a manhã, com o cliente, para perceber como é que se resolve um desafio complexo: deteção de fraude nos abastecimentos de uma grande cadeia de distribuição.

Sara liga a sua interface cerebral à rede e entra numa sessão de presença virtual. O cliente chegou, cumprimentam-se, começam a reunião.

Sara não está sozinha nesta sessão. Há um conjunto de bots que estão a trabalhar em equipa com ela.

O LRD-BOT, Listen, Register and Document, regista toda a conversa, convertendo-a para texto. Durante a reunião vai processar a informação, focando-se no essencial: o desafio de negócio. No final da reunião escreve um resumo e envia-o a Sara para esta validar.

Ao mesmo tempo que Sara vai falando com o cliente, outro bot, o ReDi-BOT, Research and Discover, vai procurando conteúdos sobre combate à fraude, e vai disponibilizando informações relevantes para alimentar a conversa de Sara.

São duas horas muito intensas, mas, ao mesmo tempo, imensamente produtivas. Sara fecha a reunião com uma perspetiva de solução esboçada. Agora é tempo de fazer trabalho de casa.

Depois de dar ok ao LRD-BOT para enviar o resumo e controlar o seu fluxo de aprovação, Sara revê o material que o ReDi-BOT entretanto sumarizou. Há aqui ideias muito interessantes, Sara vê pontos de ligação e descobre a forma de resolver o desafio do cliente com sucesso.

Começa então uma conversação com o DePro-BOT, Design and Prototype. Sara vai fornecendo especificações, DePro-BOT faz perguntas, Sara responde e, no final do dia, DePro-BOT escreveu a especificação da solução e desenvolveu um protótipo. Sara deu ok para DePro-BOT enviar tudo ao cliente e controlar o feedback e fluxo de aprovação.

O dia de trabalho terminou! 4 horas intensas! Sara desliga a interface cerebral. Agora vai ser tempo de se divertir e jantar com uns amigos.

Amanhã será dia de colocar um dos seus bots preferidos a funcionar! O seu pequeno engenheiro, é como lhe chama carinhosamente. Este é o DTD-BOT, Develop, Test and Deploy. Tem a tarefa mais complicada de todas, transformar um conjunto de intenções numa aplicação de negócio.

Sara e os seus bots formam uma das melhores equipas da organização!

Do Sonho à Realidade

Não sei se a história de Sara é um retrato preciso do futuro, nem sei qual o mix certo entre pessoas e máquinas. Nesta história deixei Sara sozinha, com vários bots, para reforçar a ideia do potencial de ampliação que se pode vir a ter num novo mundo que se aproxima!

No entanto uma coisa sei com certeza, o negócio dos serviços profissionais de IT vai mudar, e as profissões que lhe estão associadas vão ser diferentes no futuro.

Vamos atingir o nível de automação próximo daquele que acabámos de ler?

A resposta é: não sei…

Mas, neste momento, podemos ver várias peças do puzzle a serem construídas e a tornarem-se mais sofisticadas de dia para dia. E essas peças ser-nos-ão úteis.

Vejamos três exemplos não exaustivos.

Primeiro exemplo, o speech-to-text: é uma realidade cada vez mais avançada, estando muito perto da perfeição. Esta é uma tecnologia que podemos observar nos nossos telemóveis, no YouTube e em conferências. É algo que está ao nosso alcance, o LRD-BOT pode ser uma realidade no curto prazo.

Segundo exemplo, smart search: através de NLP e modelos de machine learning é possível ajudar os utilizadores a encontrar o conteúdo relevante que pretendem. Nada nos impede de aplicar esta tecnologia materializando a ideia do ReDi-BOT.

Terceiro exemplo, machine programming: conseguir transformar uma intenção numa aplicação informática é o objetivo da Intel. A IBM e Microsoft também estão na corrida. Não sabemos quando, mas vai acontecer! O DTD-BOT pode vir a ser uma realidade em breve.

Estes são apenas três exemplos. Existem muitos outros que nos ajudam a sonhar com um cenário como o de Sara.

No futuro não vamos trabalhar só com outras pessoas. Vamos ter as máquinas e a inteligência artificial a colaborar connosco e a alterar significativamente o horizonte desta indústria.

O futuro vem aí e é fundamental começar a inventar esse futuro agora!

(*) Innovation Lead na Axians Portugal

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