Por Felix del Barrio (*)
Quando vejo o crescimento que o multi-cloud está a registar todos os anos, interrogo-me se isto acontece pelo design ou por acidente. Provavelmente, a origem da multi-cloud (uso de serviços de computação na nuvem de mais do que um fornecedor de serviços de cloud pública (CSP) para diferentes cargas de trabalho) em muitas organizações foi uma combinação destes dois fatores. No entanto, atualmente são muitas as organizações que fazem esta escolha conscientemente.
A explosão do multi-cloud está relacionada com as muitas oportunidades e benefícios que oferece - flexibilidade e independência CSP; desempenho e escalabilidade otimizados; resiliência e fiabilidade acrescidas; maior segurança e conformidade. Mas há também muitos desafios a compreender e gerir para se ser bem-sucedido.
Há décadas que temos vários fornecedores de TI como resultado de uma combinação de decisões estratégicas e táticas. Estamos habituados a gerir uma realidade "multi-fornecedor de TI", mantendo uma arquitetura empresarial consistente, utilizando diferentes soluções de integração de dados e aplicações, tendo uma gestão de identidade única, procedimentos e ferramentas de segurança comuns, continuidade de negócio, etc.
Contudo, para se poder decidir corretamente no contexto da Cloud há que ter adicionalmente em conta as cargas de trabalho que suportam o negócio na nuvem (cloud native; multi-cloud native; legadas e SaaS). É também recomendável que utilizadores finais e departamentos de TI trabalhem em conjunto para garantir que são feitos os ajustes funcionais e técnicos aos standards da organização, e que são analisadas as possíveis implicações ocultas nas decisões, considerando fatores como desempenho, integração, segurança e custo.
A implementação bem-sucedida de uma estratégia multi-cloud implica: a gestão eficaz da cloud, a interoperabilidade, a integração e a portabilidade, a governação e a segurança dos dados, a gestão dos fornecedores e a otimização de custos. Devem ser igualmente considerados os custos envolvidos na eventual rescisão com os cloud service providers (CSPs). É essencial considerar e avaliar este aspeto nas negociações com o fornecedor que tenha sido escolhido, desde logo porque os custos variam muito de fornecedor para fornecedor e, no limite podem colocar em risco uma estratégia multi-cloud, ou pelo menos condicioná-la.
Além disso, deve ser implementada uma prática de Cloud Financial Management (CFM), que vá além do FinOps. O CFM ajudará as empresas a controlarem os seus gastos na cloud, a reduzirem o desperdício e a garantirem a otimização de recursos e os investimentos. A prática de CFM envolve o orçamento, a otimização dos custos, a previsão e a gestão dos custos na cloud, e exige colaboração entre os vários departamentos, incluindo TI, financeiro e de operações.
Muitas empresas adotaram uma estratégia multi-cloud para otimizarem as suas operações na cloud e aproveitarem os pontos fortes de vários Cloud Service Providers, obtendo mais flexibilidade, independência, resiliência e níveis de desempenho mais elevados. No entanto, o sucesso da implementação depende grandemente da boa compreensão das implicações deste tipo de estratégia. Assegurar que a opção pelo multi-cloud não é um acidente na sua empresa, passa por: ter um plano realista, implementar práticas de gestão robustas das várias clouds, considerar a interoperabilidade, as latências, a importância dos dados, a segurança e a otimização dos custos. E last, but not least, ter um parceiro MSP (Managed Services Provider). Só assim será possível ter paz de espírito.
(*) Technology and Business Senior Advisor, Magic Beans
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