Por Alexandre Ruas (*)
Genericamente, fala-se na incapacidade de reinventar ou escalar modelos de negócio, na rotatividade elevada de clientes e na dificuldade em contratar e reter talento, o que afeta a cultura e os projetos de médio prazo das empresas tecnológicas. Fala-se ainda na (in)sustentabilidade das start-ups, fortemente alavancadas em financiamento e no risco do elevado índice Preço/Lucro por ação (P/E Ratio), quando comparado com o mercado mais tradicional.
Os analistas económicos auguram o efeito bolha, enquanto os mais generalistas referem o impacto de maior regulação como, por exemplo, na proteção dos dados do utilizador e nos impactos diretos e indiretos nas receitas de publicidade, havendo mesmo quem defenda o fim da era, uma espécie do que se viveu em 2000 com as dot-com (dot-com boom).
Ao mesmo tempo, e para contribuir ainda mais para o clima de incerteza e nervosismo em redor das tecnológicas, estima-se que o mercado das criptomoedas recuou na casa dos triliões de dólares. A mais conhecida criptomoeda, Bitcoin, perdeu 50% do seu valor na primeira metade de 2022 e navega na linha dos 20.000$.
A somar aos assuntos mais intrínsecos do sector tecnológico, acrescem fatores socias, políticos e macroeconómicos. Temas como inflação, guerra, a política “covid zero” imposta pela China, cibersegurança ou os semicondutores continuam na ordem do dia, com impacto transversal na estabilidade do nosso mundo.
Tendo este contexto por base, podemos perguntar: estão as tecnológicas démodé?
Podemos tentar responder à pergunta em três partes: Mercado, Indústria e tecnologia como Solução e Inovação.
Mercado
Fazendo uma análise objetiva do ranking global das maiores empresas por Market Cap, o famoso conglomerado GAFAM, mais a Tesla, ocupam seis das oito primeiras posições. Mais, se ajustarmos a nossa consulta sob a bitola de ganhos, 50% das maiores empresas presentes no TOP 10 são tecnológicas. Sai da lista a Tesla e a Amazon, mas entra a Samsung.
Assim, numa visão de mercado e de perspetiva de investidores, esta é uma possível mostra de resiliência, crença e otimismo no futuro, independentemente do momento atual.
Indústria
Se examinarmos sob o olhar tecnologia enquanto indústria, segundo a IDC, o gasto em Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) em 2023 será aproximadamente 6% superior ao de 2022, alavancado por tecnologias como Inteligência Artificial, Blockchain, Cibersegurança ou Internet of Things. Estes números reforçam a previsão partilhada pelo site statista.com, onde, pela primeira vez na história, em 2023, o valor da indústria TIC se irá aproximar dos seis triliões de dólares, representando 7% do PIB Mundial.
Solução e Inovação
Invariavelmente, a tecnologia, de mão dada com a inovação, tem sido uma das soluções para os grandes desafios da humanidade.
Como face visível temos, por exemplo, o crescimento da indústria tecnológica em 3% durante a pandemia, quando, em sentido oposto, o PIB Mundial caiu perto de 5%. A digitalização foi uma das grandes respostas das empresas e dos serviços públicos aos desafios impostos pela pandemia.
Por tudo isto podemos assumir que estamos a assistir a uma correção, ou ajuste de mercado, perante um momento muito particular em que vivemos, ou que estamos mesmo perante um momento de impasse. Longe, no entanto e na minha opinião, de uma implosão. Acredito não só que a tecnologia e as tecnológicas encontrarão respostas aos seus desafios momentâneos, mais ou menos estruturais, como continuarão a fazer parte das soluções futuras de um mundo que se quer mais sustentável em todas as áreas.
(*) Director Executivo da Claranet Portugal
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