Por Miguel Oliveira (*)
Começamos a testemunhar o aparecimento de uma nova fronteira na inteligência artificial (IA). Inicialmente, a IA trouxe-nos assistentes digitais capazes de realizar comandos simples e tarefas básicas. Hoje, observamos a manifestação de uma evolução significativa desta tecnologia. Imaginem programas de computador que não apenas seguem instruções, mas que também tomam decisões e operam de forma independente, sem precisar de orientação constante dos humanos. Estes sistemas avançados, conhecidos como agentes virtuais autónomos (agentes sintéticos), representam a nova fronteira da inteligência artificial, marcando a transição para uma era onde a autonomia tecnológica se vislumbra como uma realidade palpável.
Esta nova iteração da IA inclui capacidades como criar conteúdos, resolver problemas complexos e aprender com a interação, permitindo que os sistemas desenvolvam e executem planos sem intervenção externa. Os agentes sintéticos são, portanto, a personificação avançada dessa capacidade: eles não só geram respostas ou conteúdos, mas também têm a capacidade de iniciar e concluir projetos complexos de forma independente.
À medida que a tecnologia evolui, os agentes sintéticos estão a tornar-se cada vez mais autónomos. Esta autonomia é alimentada pelo conceito de 'agency', um termo emprestado da psicologia e das ciências sociais que refere a capacidade de agir de forma emancipada, tomando decisões baseadas em análises internas sem a necessidade de aprovação externa a cada passo. Em termos práticos, significa que um agente sintético pode, por exemplo, analisar o seu histórico de compras e, com base nas suas preferências e necessidades, organizar e reservar uma viagem inteira, escolhendo voos, hotéis e atividades sem que seja necessária a intervenção além do comando inicial. Existindo já no mercado alguns produtos que pretendem fazer esse tipo de tarefas como é o caso do Rabbit R1.
A crescente independência destes agentes reflete uma mudança significativa no papel da IA nas nossas vidas e negócios. Os progressos atuais indicam que, em breve, tarefas mais complexas e decisões críticas serão confiadas a estes sistemas, expandindo as possibilidades de como interagimos com a tecnologia e gerimos as nossas atividades diárias. Esta evolução não apenas potencializa a eficiência, mas também reconfigura o panorama da interação Homem-máquina, estabelecendo novos paradigmas para a cooperação entre inteligências artificiais e humanas.
Os agentes sintéticos representarão mais um avanço monumental na trajetória da IA. Não serão só uma ferramenta mais sofisticada, mas um novo horizonte de possibilidades onde a tecnologia atua não apenas como uma extensão da capacidade humana, mas também como uma entidade com a capacidade de agir de forma inteligente, deliberada e autónoma. Enquanto esse futuro não se generaliza, é crucial zelar para que o desenvolvimento e implementação desses avanços tecnológicos seja feito de forma ética e responsável, assegurando que ampliem e enriqueçam a experiência humana, mantendo sempre os princípios e valores humanos como base de todas as suas ações.
(*) membro da Direção Nacional da Ordem dos Psicólogos Portugueses
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