Por Francisco Jaime Quesado (*)
Numa economia global complexa e com níveis acrescidos de concorrência internacional, a a qualidade da accountability acaba por ganhar uma nova dimensão estratégica. O modelo tradicional de criação de valor mudou por completo e nesta fase crítica da economia portuguesa a aposta tem que ser clara – apoiar novas empresas, de preferência de base tecnológica, assentes numa forte articulação com centros de competência e capazes de ganhar dimensão global. Ganhar o desafio de uma economia mais inovadora e competitiva passa em grande medida pelo papel que os gestores , enquanto orquestradores de uma agenda de criação e sustentação de valor, têm que saber ter neste processo.
O primeiro grande vetor desta afirmação da accountability passa pela ativação positiva de uma cultura de inteligência competitiva. Como muito bem destacou um conhecido gestor, “importa mais do que nunca saber procurar ter uma cultura de accountability rigorosa e participada que reflita a realidade da organização nas suas diferentes dimensões de gestão de risco e de organização da sua cadeia de valor”. O papel das pessoas na gestão operacional dos negócios passou a ser cada vez mais importante e nesse sentido importa definir uma agenda estratégica clara e facilmente percebida pela organização – uma recente sessão empresarial evidenciou este tópico com vários testemunhos e casos práticos que vale a pena ter em conta neste novo contexto de recomeço que a economia e a sociedade está a viver.
Uma accountability não se define por decreto. Assenta num contexto e conceito de capital estratégico que importa construir neste novo tempo. O exercício de maior seletividade nas apostas empresariais e na qualidade do financiamento e de maior atenção operativa a uma monitorização dos resultados conseguidos terá que ser acompanhado desta acção global de qualificação sustentada que se pretende para a gestão empresarial. Não se realizando por decreto, não restam dúvidas que esta acção de competence building das nossas estruturas empresariais será um exercício inteligente que passa por um compromisso entre o respeito pela tradição corporativa e o papel que a inovação terá que ter neste processo. O gestor terá que ser neste contexto um ator de inteligência competitiva partilhada em rede.
Cabe às empresas o papel central na criação de riqueza e promoção duma cultura sustentada de geração de valor, numa lógica de articulação permanente com universidades, centros I&D e outros actores relevantes. São por isso as empresas essenciais na tarefa de endogeneização de activos de capital empreendedor com efeito social estruturante e a leitura da sua prática operativa deverá constituir um exercício de profunda exigência em termos de análise. O gestor tem que ser um indutor de modernidade estratégica nas organizações, dotando-as de um sentido de aposta estrutural na procura do valor e da excelência como fatores centrais de uma nova competitividade para a nossa economia e sociedade. O gestor tem que ser um driver de mudança positiva para o futuro.
(*) Economista e Gestor – Especialista em Inovação e Competitividade
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