Por Marco Opazo Basáez e Juan Carlos Monroy-Osorio (*)

Num cenário de produção inteligente em constante evolução, as empresas estão progressivamente focadas na incorporação de práticas sustentáveis, ao mesmo tempo que impulsionam o desempenho empresarial. Esta abordagem dupla é motivada pela necessidade de cumprir regulamentos ambientais rigorosos e de responder à crescente procura de produtos ecológicos pelos consumidores.

Ao adotar modelos empresariais baseados em serviços, os fabricantes estão a transformar as abordagens puramente centradas no produto em operações mais sustentáveis e eficientes. Esta transição implica alavancar tecnologias digitais para otimizar a utilização dos recursos, reduzir o desperdício e melhorar a eficiência operacional global. No âmbito destes esforços, muitas empresas estão a recorrer à Inteligência Artificial (IA) para obter informações mais aprofundadas sobre os seus processos e tomar decisões baseadas em dados que apoiem os seus objetivos de sustentabilidade e desempenho.

As iniciativas de sustentabilidade na produção inteligente incluem frequentemente a utilização de sensores de Internet of Things (IoT), a análise de dados em tempo real e sistemas de automação avançados (Opazo-Basáez, et al. 2024). Estas tecnologias ajudam as empresas a monitorizar e gerir o seu consumo de energia, a minimizar as emissões e a otimizar as suas cadeias de abastecimento. A IA pode, por exemplo, analisar dados de linhas de produção para identificar ineficiências e sugerir otimizações, levando a poupanças de energia e a um menor impacto ambiental. Estas melhorias contribuem também para um melhor desempenho empresarial, diminuindo os custos operacionais e aumentando a produtividade (Vendrell-Herrero, et al. 2022). As empresas que integram eficazmente estas tecnologias conseguem alcançar os seus objetivos de sustentabilidade, mantendo simultaneamente uma vantagem competitiva no mercado ao oferecer produtos ecológicos e de elevada qualidade.

Um estudo recente intitulado ‘Assessing the Impact of Digital Service Innovation (DSI) on Business Performance: The Mediating Effect of Artificial Intelligence (AI)’, publicado no Journal of Enterprise Information Management, apresenta uma nova perspetiva sobre esta questão: ao utilizar e integrar a IA com os dados dos subprodutos, as empresas podem otimizar o seu desempenho. Esta abordagem alavanca a IA para processar e analisar dados gerados como um subproduto das operações de rotina, tais como padrões de utilização e feedback dos clientes. A investigação indica que os conhecimentos baseados na IA podem transformar estes dados em informações estratégicas valiosas, permitindo às empresas aperfeiçoar as suas ofertas de serviços e responder melhor às necessidades do mercado. Os resultados revelam que a inovação dos serviços digitais (DSI - Digital Service Innovation) tem um impacto positivo no desempenho empresarial. Acima de tudo, a IA desempenha um papel fundamental ao reforçar a eficácia do DSI. Ao processar os dados contextuais das interações com os clientes e das atividades operacionais, a IA consegue descobrir padrões e tendências que os métodos tradicionais podem não detetar. Esta capacidade permite às empresas tomar decisões mais informadas, otimizar as suas operações e adaptar-se melhor às necessidades dos clientes. A integração da IA com o DSI apoia uma utilização estratégica dos serviços na produção, contribuindo para a sustentabilidade e a eficiência operacional.

As implicações da integração da IA com o DSI são significativas para os líderes do setor produtivo. A análise de dados baseada em IA permite às empresas aperfeiçoar os seus modelos de serviço, melhorar a satisfação do cliente e aumentar a eficiência operacional global. O estudo salienta que, ao tirar partido de dados contextuais de elevada qualidade, as empresas podem tomar decisões informadas que promovem o crescimento estratégico. Esta abordagem ajuda as empresas a responder melhor às mudanças do mercado, a prever as necessidades dos clientes e a otimizar a atribuição de recursos. A investigação destaca a necessidade de as empresas transformadoras adotarem a IA como uma ferramenta estratégica para melhorar o desempenho empresarial e manter a competitividade.

Atualmente, esta tendência de integração da IA na produção inteligente está relacionada com a utilização estratégica de dados para impulsionar o desempenho empresarial. Ao combinar a IA com dados importantes, os fabricantes podem transformar os seus modelos de serviço, otimizar as operações e obter vantagens contínuas. As conclusões do estudo destacam o papel da IA no processamento e interpretação de dados contextuais de interações B2B e B2C. Esta capacidade permite às empresas adaptar os seus serviços às necessidades específicas dos clientes, melhorando a sua satisfação e fidelização. À medida que a economia digital continua a evoluir, a adoção de inovações de serviços baseados em IA será fundamental para manter a competitividade e alcançar o sucesso a longo prazo.

Enquanto preparámos a 11th International Conference on Business Servitization (ICBS), que teve lugar na Nova SBE, nos dias 7 e 8 de novembro, tornou-se evidente que o modelo de servitização está a redefinir o futuro da produção. Vários especialistas juntaram-se a nós para explorar em profundidade estas tendências transformadoras e descobrir como a servitização continua a impulsionar a inovação e a redefinir indústrias.

(*) Marco Opazo Basáez, Deusto Business School e Juan Carlos Monroy-Osorio, EAFIT (Colômbia)