O Wi-Fi 7 (IEEE 802.11be na sua designação standard técnica) está planeado para ser massificado em 2024-25, com a adoção da versão final das especificações, mas são várias as marcas que prometem oferecer produtos com a nova tecnologia de conexão durante este ano.
A nova tecnologia de rede sem fios (wireless), direcionada para utilização nos interiores e exteriores, funciona nas frequências de bandas de 2,4, 5 e 6 GHz. No papel, as ligações podem chegar ao máximo de 30 Gbps.
A antecipação da tecnologia prende-se em parte pelo lançamento do novo SoC da Qualcomm, o Snapdragon 8 Gen 2 que suporta conexão Wi-fi 7 e os primeiros smartphones já estão a utilizar os chips, ainda que não estejam a publicitar a velocidade das ligações. A TP-Link também já revelou o seu alinhamento de produtos que incluem routers com a nova tecnologia de conetividade. A empresa garante que o seu novo router Archer BE900 consegue oferecer velocidades em casa de 24 Gbps, mas mais importante demonstrou que a tecnologia está madura e não há interferências de frequências com os outros equipamentos.
No roadmap da Intel, os primeiros computadores com a sua arquitetura chegam ao mercado a partir de 2024, alinhado com o calendário da certificação previsto pela Wi-Fi Alliance. E o potencial para as fabricantes de equipamentos é enorme, uma vez que vai permitir não só transferir dados a uma velocidade muito mais rápida, como facilitar as experiências de streaming de vídeo a 8K, a massificação da realidade virtual e aumentada sem fios, o cloud gaming e outras.
A Media Tek fez uma demonstração do Wi-Fi 7 durante a CES 2022, demonstrando na prática o potencial da nova tecnologia de conetividade e a sua importância sobretudo no espaço empresarial, escritórios, mas também nas redes domésticas, aspecto cada vez mais importante no contexto atual de teletrabalho e trabalho híbrido. Mas a Qualcomm também já apresentou a sua plataforma Wi-fi 7, prometendo uma velocidade até 33 Gbps wireless, oferecendo ligações seguras e escaláveis do simples utilizador a uma cobertura a grande escala de um espetáculo.
E para além do entretenimento, os eletrodomésticos e equipamentos IoT, o IoT Industrial, a telecirurgia eIndústria 4.0. Na prática, as transferências de ficheiros que demoram minutos passam a segundos, numa experiência geral de performance muito próxima das ligações por fio.
Qual a principal diferença do Wi-fi 7 para Wi-fi 6?
O Wi-fi 6 acabou por servir como um “upgrade” ao Wi-fi 5, criado sobretudo para dar resposta ao número crescente de equipamentos sem fios disponíveis em todo o mundo. Já o Wi-fi 7 pretende fornecer velocidades mais elevadas para cada equipamento, mas com maior eficiência. Visa sobretudo diminuir o congestionamento das linhas, os bufferings e atrasos na transferência de dados nas redes sem fios.
O aumento da largura de banda e operações Multi-Link permitem obter velocidades 4,8 vezes mais rápidas que o Wi-Fi 6 e 13 vezes mais que o Wi-Fi 5. Promete ainda uma latência 100 vezes menor que a geração anterior.
Qual o potencial da rede com uma largura de banda a uma frequência de 6 GHz?
O Wi-Fi 6E está restringida às frequências de 2,4 Ghz e 5 GHz, significando larguras de banda de 20, 40, 80 e até ao máximo de 160 MHz. Ao introduzir a frequência de 6 GHz, consegue-se obter o dobro da largura de banda, ou seja, até 320 MHz.
Outro salto técnico é a passagem de 1K QAM (Modulação de amplitude em quadratura) para 4K QAM, permitindo que cada sinal carregue mais quantidade de dados. Imagine a tecnologia como se fossem transportadores profissionais que otimizaram o espaço dos seus camiões para carregarem mais caixas.
O que é a tecnologia Multi-Link Operation?
Os equipamentos com tecnologia de conexão Wi-Fi 7 vão poder estar ligados simultaneamente a duas bandas de (de 5 e 6 GHz). Isso permite maiores velocidades através da agregação. Por outro lado, ambas as bandas podem ser utilizadas de forma paralela, para que partilhem a redundância e melhorem a ligação. Isso faz com que as latências sejam reduzidas drasticamente, prometendo ser ultrabaixas.
Para entender melhor, voltando à analogia dos camiões, é como se estes utilizassem duas autoestradas para levar mais caixas ao destino de forma mais rápida. Mas mais importante, é transportar caixas idênticas, arrumadas em diferentes camiões, em cada autoestrada, garantindo que pelo menos um chega ao seu destino. Além disso, este camião vai escolher sempre a autoestrada mais rápida. Dessa forma, os dados são entregues numa performance otimizada, mesmo em áreas mais congestionadas.
Até agora, um smartphone, por exemplo, apenas consegue ligar-se a uma frequência, de 2,4 GHz ou 5 GHz a cada momento. Quando os equipamentos que suportam Wi-fi 7 chegarem ao mercado vai ser possível utilizar múltiplas conexões ao ponto de acesso através do Multi-Link Operation, através de todas as bandas de frequência. Esta tecnologia vai permitir ter performances wireless semelhantes às que estão ligadas por fio.
Qual a importância do Automated Frequency Coordination (AFC) no Wi-Fi 7?
A tecnologia de conexão sem fios apresenta agora uma nova banda com uma frequência de 6 Ghz, sendo uma das novidades da nova geração. Mas o problema é que esta frequência já era utilizada e não será exclusiva para as conexões Wi-Fi. A própria NASA utiliza a frequência, assim como outras agências federais dos Estados Unidos. Isso significa que poderá haver interferências indesejadas e é aqui que entra a tecnologia AFC.
O AFC é um sistema que coordena a utilização do espectro na frequência de 6 GHz que foi imposto pela FTC (Federal Communications Commission dos Estados Unidos) e foi criado num esforço conjunto entre diferentes entidades, incluindo a Wireless Broadband Aliance para ajudar na adoção global do Wi-fi 7 nesta nova frequência, assinada por várias dezenas de países.
Esta tecnologia permite aos equipamentos gerais operar também no exterior, aumentando a capacidade nos interiores, mas garantindo que não interferem com os serviços existentes na frequência de 6 GHz, como explica a RCR Wireless.
A tecnologia analisa os sinais existentes na frequência e os padrões na antena para criar uma base de dados partilhada que pode ser consultada e utilizada para evitar interferências. O Wi-fi utiliza pontos de acesso com baixa energia nos interiores e unidades standard dos exteriores, que neste caso são mais passiveis de interferência. O AFC cria algoritmos para ajudar o Wi-fi 7 a escalar para mais energia, evitando a interferência indesejada.
Ainda é cedo para experimentar o potencial das ligações através do Wi-Fi 7, mas se a geração anterior já tinha sido um salto enorme face ao anterior, não será difícil imaginar como poderá ser a conetividade do futuro. Sobretudo quando há mais smartphones, computadores e até eletrodomésticos inteligentes nas nossas casas. Será certamente mais fácil e rápido colocar todos os equipamentos a falar na mesma língua.
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