Um novo estudo revela que a Península Ibérica aumentou a sua capacidade de banda larga em 25% ao longo dos últimos cinco anos. O relatório “The Interconnection Map of Southern Europe” analisa o impacto da expansão de data centers e a crescente presença de fornecedores cloud, assim como como a importância dos novos cabos submarinos e pontos de intercâmbio para a transformação da Península Ibérica num ecossistema estratégico de interligação.

Os dados dão a conhecer que, desde 2016, a largura de banda no Sul da Europa registou um crescimento anual de 30%, multiplicando a sua capacidade por quase 2,75 neste período, atingindo os 150 Tbps de capacidade entre todos os territórios. Um dos crescimentos mais significativos foi em Barcelona, que aumentou a sua largura de banda em 35% durante o período em análise, atingindo agora os 5 Tbps.

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O estudo, solicitado pela DE-CIX, EllaLink e Interxion à TeleGeography, detalha que os data centres se afirmam como um bom exemplo do investimento significativo no sector da conectividade nos últimos cinco anos no sul da Europa. O número de data centers nas principais áreas metropolitanas no sul da Europa registou um crescimento de 19% desde 2016, ultrapassando os 56 até 2020.

Madrid apresenta-se como um exemplo deste crescimento, registando um elevado nível de atividade e tornando-se uma região chave que acumula 25% deste tipo de infraestruturas em relação a todas as cidades em análise e 98.000 metros quadrados de espaço de colocação em data centers em 2020.

De acordo com Raquel Figueruelo, Diretora de Marketing da Interxion, Madrid “está a atrair cada vez mais investimentos consideráveis para a implementação de data centres” devido “à sua localização geográfica, capacidade e conectividade com o resto do continente”.

Olhando para as Internet Exchanges, vistas como o tecido base dos ecossistemas de interconexão e como pilares essenciais para a construção da própria Internet, o estudo dá a conhecer que o peering na Europa tem vindo a alterar-se drasticamente nos últimos cinco anos, com o número de trocas locais a aumentar 47% desde 2016 no Sul da Europa.

Os dados mostram também um aumento pela procura de ecossistemas de redes baseados na cloud, que permitem potenciar a conetividade com os mercados do sul da Europa. Em 2016 nenhum dos grandes fornecedores de cloud tinha implementado no sul do continente europeu as chamadas regiões cloud. Em 2020 já existiam dois, e nos próximos dois anos prevê-se que existam pelo menos oito.

Os cabos submarinos são a infraestrutura que alimenta os data centers e os pontos de internet exchanges do continente, com ligações à América, África, Médio Oriente e Ásia. O estudo indic que, atualmente, o Sul da Europa conta com ligações através de 45 cabos submarinos, 10 dos quais ligados a Espanha e 9 a Portugal: um número que pode vir a aumentar com os seis cabos em vias de serem implementados. Metade dos quais chegarão à Península Ibérica: Grace Hopper, o cabo submarino anunciado pelo Google no ano passado, para Bilbau, 2Africa para Barcelona e Lisboa, e Equiano para Lisboa.

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Entre as recentes implementações de cabos submarinos, o destaque vai para o cabo da EllaLink que permitirá ligar a América Latina à Europa, sendo o primeiro cabo a ligar diretamente ambos os continentes.

“A construção de cabos submarinos é uma das prioridades para melhorar a interligação em longas distâncias, especialmente para ligar territórios através do oceano”, afirma Diego Matas, COO da EllaLink.

“Com a implementação em curso da EllaLink seremos capazes de reduzir drasticamente a latência entre a América Latina e a Europa, encurtando mais do que nunca a distância entre ambos os continentes. Sabemos que as aplicações são muito sensíveis à latência e dependentes desta, as novas latências irão alterar, sem dúvida, a entrega de TI das empresas entre os continentes”, enfatiza o responsável.

Já Ivo Ivanov, CEO de DE-CIX International indica que a “Península Ibérica está pronta para responder à crescente procura de interligação e tornar-se um hub essencial para o tráfego de dados proveniente da América, África, Médio Oriente e Ásia”.

O estudo sublinha que os projetos em curso vão permitir reforçar e potenciar as rotas existentes na Península Ibérica, além de abrirem novas rotas e oportunidades para estabelecer uma interconexão cada vez mais diversificada e de baixa latência. Os futuros projetos permitirão também solidificar a crescente influência das redes de conteúdos e o investimento internacional em cloud na região.