A posição geográfica de Portugal dá vantagem competitiva ao país não apenas como “corredor digital” para África, mas como ecossistema completo - e que também pode ligar à América Latina.  Para isso a aposta tem de passar igualmente por um "quadro regulatório transparente e justo".

O balanço sobre as capacidades portuguesas no sector marcou o arranque do CC Submarine Summit Lisbon, um evento internacional que, entre hoje e amanhã, reúne especialistas da indústria de todo o mundo das áreas de cabos submarinos, satélites e data centres para debater as últimas tendências do mercado.

Cabo 2Africa já está ligado em Carcavelos. Maior cabo submarino liga 33 países
Cabo 2Africa já está ligado em Carcavelos. Maior cabo submarino liga 33 países
Ver artigo

Dando o mote para o painel “ Emerging Business Models and Investment Strategies for Meeting the Future Digital Demand in Cable Technology”, Jorge Andrade Santos, Head Of International Wholesale da Altice, sublinhou o facto de Portugal estar cada vez mais próximo de África, mas também da América do Sul.

“Embora tenhamos os fios ligados ao resto da Europa, agora Portugal e Espanha estão cada vez mais ligados ao hemisfério sul, nomeadamente aquele que está virado para o atlântico, em termos de conectividade e dos serviços que podem fornecer”, referiu o responsável.

Como grande diferença face ao mesmo evento do ano passado, Jorge Andrade Santos mencionou a ligação do Cabo 2Africa a Carcavelos, considerado o maior cabo submarino do mundo, com 45 mil quilómetros de extensão. No total vai ligar 33 países, dos quais cinco na Europa, 19 em África, sete no Médio Oriente e dois na Ásia.

Portugal é um dos pontos de amarração do cabo - também conhecido como “Cabo Facebook” -, tornando-se uma das portas de entrada na Europa e reforçando o seu papel como hub estratégico europeu de telecomunicações.

Clique nas imagens para mais detalhe

E se a nova ligação por cabo amplia a capacidade, respondendo às necessidades crescentes do continente africano, na parte dos datacenters “as coisas não poderiam estar melhores”, havendo todos os ingredientes para Portugal continuar a crescer, na opinião de Carlos Paulino, da Equinix.

“Um fator de extrema importância é sem dúvida trazer para Portugal os conteúdos todos e criar um ecossistema, e não apenas servir de corredor digital para África”, afirmou. “Estamos no bom caminho e o futuro não podia ser melhor”.

Destacando os “passos gigantes” dados em investimento e regulação, Carlos Paulino considera que ainda há caminho para percorrer no sentido de o país apresentar um “quadro regulatório transparente e justo” tanto para o desenvolvimento de cabos como para os data centres, e garantir “que somos tão rápidos quanto quaisquer outros”.